QUANDO P.Q.P…E CAR…À GRANEL NÃO É O SUFICIENTE…

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Estava credenciado pela FIBA para reportar a competição, mas um mal estar já contornado me fez ausente em Barueri, mas bem presente na Fox Sports à cores e com generoso som stereo, o suficiente para testemunhar (talvez no ginásio não o faria…) um dos festivais de descompasso diretivo mais instigante que assisti em muitos anos de quadra, e que foi, para mim, o responsável pela débâcle pinheirense, ante um Olympiacos pouco treinado e ainda entrosando suas novas contratações para a temporada européia que se avizinha.

A equipe do Pinheiros, face aos bons valores que possui, falha cruelmente na proposta de um sistema de jogo incapaz de fazer frente a uma razoável defesa européia, que contesta arremessos externos, e se situa com relativa precisão na colocação dos rebotes (foram 40 contra 26 dos paulistas), teimando exatamente na artilharia de fora (10/33 de três e 15/38 de dois, com 19/12 nos lances livres) esquecendo de jogar com seus pivôs, exatamente ao contrário da equipe grega, que premiou seu vistoso e eficiente jogo interior com 27/38 arremessos de dois pontos, suficientes e não exagerados 7/18 nos três e 6/11 nos lances livres, somente falhando nos 22 erros cometidos (os paulistas erraram 11), principalmente nas seguidas tentativas de curtos passes entre seus pivôs ainda desentrosados, o que demonstra uma tendência técnica que ensaia fortemente se utilizar nas exigentes competições de seu continente, caracterizando a positiva proposta e influência de seu técnico nesse estilo eficiente de atuar.

Do lado paulista, muita vontade e luta, e nada mais, pois nota-se com clareza a ausência de uma sólida proposta técnico tática, onde a “filosofia do vamo que vamo” impera absoluta, na qual se esbaldam o Paulo e o Shamell, e quando não funciona, exatamente por ser óbvia e previsível, encontra nos pedidos de tempo o fator que leva a todos para baixo da auto estima coletiva, forçada pelos coercitivos argumentos dos p.q.p’s, car… e congêneres, numa constrangedora afronta aos jogadores e aos ouvintes telespectadores, num horário noturno, e fico imaginando o impacto junto aos jovens quando da segunda partida no domingo às 11hs da manhã…

Sem dúvida alguma estamos assistindo o apogeu do reinado das bolinhas, a pouca importância no correto ensino dos fundamentos, e a perda de uma geração de altos jogadores, entregues à faina exaustiva e insana de coletores de sobras dos pseudos especialistas daquele insidioso reinado, e para quem duvidar da continuidade do mesmo, basta dar uma olhada em alguns  números da LDB, onde encontramos equipes, como a de Limeira que nas duas últimas rodadas contabilizou 26/80 arremessos de três (num deles perpetrou um espantoso 16/45 de três contra  9/25 de dois, ou seja, arremessou 20 bolas a mais de três pontos do que de dois!!) e 21/48 de dois pontos, e sob o integral apoio de seu técnico, merecedor de uma reportagem no blog da LNB, fora outros resultados semelhantes de outras equipes da nova geração que alimentará a liga de elite daqui a um pouco.

Logo, o que temos testemunhado nas grandes competições, como essa Copa Intercontinental, nada mais representa do que e da forma como praticamos o grande jogo, sob a ótica distorcida de um sistema unificado e soberano, onde os fundamentos são propositalmente negligenciados em nome de uma condução extra quadra formatada e padronizada, na maioria das vezes de maneira coercitiva e até ofensiva, como o exemplo maior que tem sido oferecido com frequência ao país, de impropérios de baixo calão em rede nacional, “justificados” pelos narradores e comentaristas, como uma enérgica e necessária intervenção técnica, como se tal ação se justificasse por si mesma, o que é uma enorme e injustificável falácia, escorada e fundamentada que se encontra a uma realidade que tentamos de muito esconder, a de que estamos muito longe de ostentar a grandeza de outrora, onde tínhamos técnicos de verdade, sistemas de verdade, jogadores de verdade, resultados de verdade, e não essa mentira disfarçada, mal copiada e envolta nos véus do escracho e do desrespeito publico, publico este que deixou vazia a metade do belo ginásio de Barueri, e com entrada franqueada. Quem sabe domingo…

Amém.

Fotos – Reproduções legendadas da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.



10 comentários

  1. Henrique Lima 05.10.2013

    Se ao invés de palavrões (imagino nos treinos) o time tivesse plano de jogo inteligente, treinado certo, quem sabe não aproveitasse do time grego em marcha lenta.

    A diferença de nível é escandalosa !

    Um abraço Professor !

  2. Basquete Brasil 05.10.2013

    Não só escandalosa, constrangedora para nossos tão badalados estrategistas, que poderão ver o vídeo desse jogo mil vezes e sequer entenderão o por quê de tantas e profundas diferenças, técnicas, táticas, estratégicas, já que pertencem a uma confraria avessa a esses conceitos, prezado Henrique.
    Um abraço, Paulo.

  3. Josue Lima Guerra Filho 05.10.2013

    Prezados

    Boa noite!

    Estive presente nesse grande evento (em minha cidade Barueri), onde presenciei uma AULA! Sim AULA! Eu não estive lá como um espectador, eu estive la como um aluno sedento por conhecimento e aprendizado, onde na pratica, tive talvez uma das maiores AULAS que nenhuma universidade no mundo por melhor que seja ensinará:

    Eu tive onde uma AULA DE POSTURA, DISCIPLINA E ORGANIZAÇÃO!

    Sim! Postura!

    Ontem a vitória de Olympiacos iniciou-se fora da quadra. Quão era inspirador ver a postura de todo corpo da equipe Grega, cada qual fazendo sua parte, participando ativamente do processo, atletas que sabiam o que fazer, como fazer e quando fazer preparando-se para o jogo com muita concentraçao.

    O Head Coach, concentrava-se em conduzir sua equipe, e mostrava um posicionamento exemplar em quadra. Enquanto de um lado, Pinheiros aquecia de forma midiatica com Enterradas (no aquecimento foram várias, no jogo…), um aquecimento parece que ensaiado só para essa partida, enquanto Olympiacos, aquecia como deveria ser executando os movimentos de jogo, sem enfeites, todos focados e ai começa o jogo e entra o melhor de tudo, o ápice da aula:

    A conduta dos atletas e a sinergia com seu treinador em quadra. De um lado, talvez um dos melhores treinadores da história do Basquete Brasileiro, Claudio Mortari, que a sua maneira, tentou conduzir seu time da melhor maneira possível (esbravejou, cobrou, gritou, falou palavrão e etc) e perdeu o jogo pela unica coisa que ele não fez: LIDERAR sua equipe.

    Era notável que quem era o Líder do Pinheiros em quadra, era Shammell, que tomou para si o jogo, pelo bem e pelo mal e a sua maneira, conduziu um jogo onde ao contrário do NBB e da FPB, a equipe adversária tinha comando, tinha conjunto, tinha postura, disciplina e organização e isso fez toda diferença principalmente na defesa onde ao se apoderar do garrafão deixando os grandões Morro, Toyloy e o Moderno Pivo Mineiro (jogou nada!) longe do aro, deu ao Pinheiros a sua principal arma o Arremesso dos 6,25.

    Era uma festa! Jonathan Tavernari pesado, sem mobilidade, chutava a vontade e de tudo quanto é jeito, Shammell um pouco mais móvel, ainda conseguiu as raras jogadas de 1×1, porém chutou como se não houvesse amanha, mesmo caindo os arremessos, Paulinho Boracini o mais lúcido, fez sua parte e deu uma certa organização a equipe de SP, Smith, atuou bem mas também muito lento para sua posição, arriscou muitos arremessos de fora ai vem Mineiro, Toyloy e Morro e mais uma vez outra grande diferença, fator preponderante para a vitória: As substituições.

    Olympiacos substituiu e manteve o ritmo de jogo, todos os que entraram, fizeram sua parte e jogaram de forma simples, praticamente todos os jogadores da equipe grega entrou em quadra. Do outro lado, 3 trocas somente, trocas obvias, onde eram substituídos 6 por meia duzia, sem muito efeito, nada que a continua pressão grega numa defesa forte e equilibrada não resolvesse.

    Bruno Caboclo, Lucas Dias e Humberto, marcaram sua presença dando enterradas no aquecimento e nada mais, na minha opinião, Mortari deveria coloca-los em quadra e dar a eles a responsabilidade e a vivencia de um jogo como esse, talvez, eles pudessem contribuir de alguma forma.

    O que nosso querido professor apontou acima é o mais do mesmo. Aqueles que estavam a minha volta no ginásio ilustraram com uma visao de senso comum muito engraçada a diferença latente de postura:

    O tecnico do Olympiacos parece pastor com aquela roupa! Nunca vi isso!

    De fato! O Grego realmente parecia um pastor e seus jogadores pareciam suas ovelhas tamanho a educaçao e postura. O máximo de repreenda que vi, foi uma face fechada e braços abertos numa interjeiçao repreensiva e nada mais!

    A educaçao gera resultados.

    Olympiacos e seus trabalhadores. Obrigado pela Aula!

    Josue Filho

  4. Basquete Brasil 06.10.2013

    Prezado Josué, seu preciso relato comprova o enorme abismo existente entre o que praticamos, e que praticam as equipes europeias de alto nível, onde o grande jogo realmente é levado à sério por quem joga, e mais ainda pelos que dirigem e orientam jogadores desde a base até a elite, como o Olympiacos que você presenciou ai na sua Barueri. Quando atingiremos esse patamar? Honestamente confesso que ainda demoraremos muito para consegui-lo, pelo menos enquanto durar o corporativismo técnico delimitador de todo o processo de soerguimento da modalidade. Até lá, muitos palavrões serão ouvidos nos pedidos de tempo, assim como permanecerá incólume o reinado das bolinhas e o desleixo para com os fundamentos, infelizmente.
    Um abraço Josué. Paulo Murilo.

  5. Reny Simão 06.10.2013

    Caro professor
    Meu comportamento sempre foi de procurar achar pontos positivos nas pessoas e nos fatos, fazer críticas positivas e de ser a favor de alguma coisa, raramente ser contra.
    Mas acho fantástica esta tática “vamo que vamo” (o Senhor definiu muito bem) que o armador do Pinheiros sempre se utiliza. O que acho pior de tudo é que alguns comentaristas ainda elogiam.
    Outro fato estranho para mim é a presença no time do “jogador” (peço licença para colocar as aspas) Bruno Mortari Jr. Acho um absurdo! O pior para mim é que não vejo ninguém criticar.
    Talvez esteja com falta de paciência neste meu pós-operatório. Acabo de colocar prótese total em mais um joelho.
    Um abraço

  6. Basquete Brasil 07.10.2013

    Concordo com sua critica aos comentaristas, sempre afeitos ao pirotecnismo, assim como a mais completa ausência de menções ao determinado jogador, que é o maior critico de si mesmo, pois pouco atua, principalmente nos jogos mais acirrados.
    Pelo que deduzo, já são dois os joelhos operados e renovados, e que devem levar algum tempo e paciência para se tornarem operativos (redundância?). Mas sei que logo,logo, você recobrará a movimentação normal para o dia dia. Saúde Reny, e um abraço, Paulo.

  7. Rodolpho 08.10.2013

    Já comentei várias vezes nesse blog sobre o Bruno Enrico Mortari, filho do técnico. Parei a pedidos do Prof. Paulo.

    Não posso deixar passar em branco dessa vez, mas não emitirei opinião dessa vez, apenas colocarei fatos do último NBB aqui.

    33 anos. 16 jogos. 10 minutos por jogo.

    20 tentativas dos 3 pontos (8 acertos, ou 40%)

    8 tentativas dos 2 pontos (2 acertos, ou 25%)

    9 rebotes (5 num jogo só)

    7 Assistências

    4 recuperações de bola. Nenhum toco

    Dos 35 pontos anotados no torneio inteiro somente 9 contra times que foram às finais.

    Já nas finais a leitura dos números é mais fácil: Não atuou.

    O número que não achei no site da liga é o peso do atleta, mas deve ser bem acima de um atleta profissional.

    Um grande abraço, professor. E parabéns pela análise sem corporativismo, como de costume. Espero que sua saúde esteja melhor do que os joelhos do Reny e do meu.

  8. Rodolpho 08.10.2013

    O único bom técnico e mal educado ao mesmo tempo que já vi foi o Bobby Knights. Mas desconfio que ele tenha sido bom técnico APESAR da falta de educação e não PELA falta dela.

  9. Basquete Brasil 08.10.2013

    Bem explicitada e ética colocação a sua, dando margem a uma adequada e isenta reflexão. Obrigado pela audiência que muito me estimula a continuar na luta, aqui dessa humilde trincheira.
    Um abraço Rodolpho. Paulo Murilo.

  10. Basquete Brasil 09.10.2013

    Bob Knight foi um excelente técnico, com uma ressalva, um pavio curtíssimo, e muitas vezes inconveniente, a ponto de agredir o próprio filho em quadra. Era e continua sendo educado, e menos violento pela idade. Sua ascendência de marine influiu demais em seu comportamento, ao contrário do Coach K, marine como ele, porém bem mais comedido. Enfim, personalidades opostas originários de um mesmo e violento ambiente.
    Um abraço, Rodolpho. Paulo Murilo.

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