CAÇA À SUPERESTRELA…
Terminaram os playoffs de oitavas, e o que se viu, apesar das enormes “emoções” emanadas dos jogos elevados a condição de grandes e emocionantes espetáculos, apesar da técnica um tanto capenga, por narradores e comentaristas alinhados ao produto que tentam vender como de primeira qualidade, pode-se deduzir serem os mesmos medíocres e preocupantes, principalmente com a proximidade das grandes competições internacionais que teremos de enfrentar com uma seleção advinda destes “emocionantes espetáculos”…
Teremos a partir de agora os playoffs de quartas de final, para adiante, e mais um vez em jogo único, a retumbante final, infeliz produto de uma imposição da verdadeira dona do espetáculo (?), que o minimiza impondo um desfecho ridículo e injusto.
E porque inspira preocupações quanto às competições internacionais, Paulo?
Bem, se partirmos do pressuposto de que seleções representam a realidade de seus campeonatos nacionais, estaremos fritos, pois rapidamente estamos estabelecendo alguns padrões técnico táticos preocupantes, como a imposição e rápida aceitação do império das bolinhas, com sua subsequente e progressiva convergência sobre as finalizações de dois pontos, e muitas vezes superando-as (como no jogo de ontem, quando o São José venceu o Palmeiras estabelecendo a incrível marca de 11/34 arremessos de três e 13/33 de dois), onde pivôs disputam com alas e armadores a condição de “especialistas” nas longas bolas, com técnicos que incentivam tal prática (no discurso, porém, as negam…), onde equipes são montadas por “profundos conhecedores” do grande jogo, exatamente para se comportarem dentro desse absurdo e criminoso padrão, embalado no seio do sistema único de jogo, avalizado e certificado pela sua formatação e padronização divulgada em cursos de formação (?) de futuros técnicos de quatro dias, por uma profundamente equivocada ENTB, em todo o território nacional, deixando no ar uma abissal desconfiança no futuro do grande jogo aqui, em terras tupiniquins, tão afeita a modismos fúteis e perigosos, principalmente junto aos jovens que se iniciam…
No entanto, todo esse “momento” gera inegáveis protagonismos, como a mais completa ausência e o quase total desconhecimento de sistemas defensivos, que se existentes em muito reduziriam os aspectos acima apontados, por parte de “estrategistas”, que muito pouco conhecem os detalhes e meandros do grande jogo, tornando-o refém do que ai está cristalizado em uma mesmice crônica e constrangedoramente burra…
Mas como desgraça pouca é besteira, vemos agora uma penúltima tendência (qual será a última?…), que vem se avolumando velozmente, a “caça à superestrela”, de todo e qualquer jogo, a sempre presente e dominante prancheta…
Triste ver e testemunhar ao vivo, a cores, e em som estereofônico, técnicos rabiscarem freneticamente suas midiáticas pranchetas, vendo-as também empunhadas por assistentes técnicos, ávidos em aparecer como salvadores naquelas horas mais importantes de um jogo, quando se sobrepõem aos titulares, e agora, também, por jogadores que simplesmente determinam jogadas e comportamentos que julgam corretos, frente a técnicos que as aceitam passivamente, numa demonstração tácita de inadequação para o comando e liderança de um plantel, que na maioria das vezes redundam em fracasso coletivo, fruto da permissividade e omissão dos mesmos.
Então, quando ouvimos um comentarista se dirigir aos jovens iniciantes no basquete, aconselhando-os a nunca se levantarem do banco antes que seu técnico determine o término das instruções, prestando atenção e respeitando suas mensagens técnicas, sugerindo tal atitude ante o comportamento oposto que muitos jogadores da elite praticam comumente, porém “justificando-os” como uma atitude de quem deseja voltar para o jogo rapidamente, se revela uma falácia, pois a dura verdade é que pouco, ou quase nada ligam para o que ouvem, comprovando uma triste e comprometedora evidência, a de que “você faz de conta que instrui, e nós que ouvimos e concordamos”, prostrando por terra a perene afirmação de que tão decisivas jogadas são produtos de “exaustivos treinamentos”, que na realidade não são, pois em caso contrário não necessitariam ser desenhados canhestramente nos momentos decisivos de um mais decisivo ainda, jogo classificatório…
Ao fim de tudo, caminhamos e alcançamos o ápice do sistema único, a hegemonia dos longos arremessos com sua eficiência abaixo da média permissível, a esnobação defensiva, já que pretensamente, por se considerarem “poderosos” ofensivamente, dispensam penduricalhos defensivos com a centralização midiática de um acessório terciário e perfeitamente dispensável na direção de uma equipe, a prancheta milagrosa para muitos, para finalmente, ver ruir os princípios do comando, substituído por ambiciosos e despreparados assistentes, e agora, pasmem, por jogadores, que claro, mais do que supõe nossas mais tênues desconfianças, se colocam à frente de momentos de decisão, como que projetando suas pretensões ao cargo maior ao se aposentarem, o de “estrategistas”, e por que não, se já houve precedentes desde sempre?…
Eis o cenário lapidar que o hermano terá de enfrentar na constituição da seleção com vistas ao Mundial, e mais adiante as Olimpíadas, sem contar, é claro, com os périplos continentais que vem exercendo, na bateção de portas daqueles que muito prometem, e poucos, muito poucos cumprem, fator determinante e constrangedor para todos que amam o grande jogo, e que não aceitam tal subserviência e inversão de valores.
Mesmo assim, torço para que consigamos emergir dessa mesmice endêmica em que nos encontramos, apesar de tudo conspirar para que não, mas, ter e alimentar esperanças em dias melhores que é o que nos resta, infelizmente…
Amém.