A MEDONHA REALIDADE, MEUS DEUSES…

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Caramba, quis ver e apreciar o jogo, me interessar pelos sistemas, me deleitar com bem estruturadas jogadas, precisos e oportunos arremessos, defesas bem concatenadas e antenadas, mudanças táticas de jogo, enfim, assistir a algo impactante e revelador, porém…

Vi, e todos viram, uma dupla de americanos se constituir em uma equipe à parte, contabilizando 51,1% dos pontos, de fora e de dentro, definindo um jogo desigual perante um aglomerado de jogadores, onde oito deles arremessaram dos três pontos, que somados aos seis do Paulistano que também amassaram o aro de longa distância, perfizeram quatorze em vinte e quatro jogadores “especialistas” nas famigeradas bolinhas.

No jogo de ontem, entre o Flamengo e o Mogi, quinze de vinte e quatro jogadores também perpetraram longos arremessos, onde a somatória dos dois jogos atingiu a incrível marca de 29/48, ou 60,4% da totalidade de jogadores das quatro equipes arremessando dos três pontos, sem dúvida alguma um recorde mundial. Mas o irônico disso tudo foi o absurdo desse monumental desperdício, traduzido em 40/109 arremessos, 36.6% de aproveitamento, ou seja, para cada 10 tentativas somente 3 eram aproveitadas, fazendo com que 69 ataques resultassem em perda de tempo e esforços, bastando que somente a metade das perdas fosse revertida em tentativas de dois, para que o resultado das duas partidas sofresse uma substancial mudança, na contagem e até nos vencedores.

Como vemos, estamos desenvolvendo uma nova maneira de jogar o grande jogo, convergindo, lateralizando e contornando o perímetro externo, procurando espaços para as bolinhas, praticamente ignorando o interno, sendo tal tendência um produto direto da falência do ensino defensivo nas divisões de base, onde cada vez mais se firma a predominância dos longos arremessos, e naquelas poucas projeções internas, as enterradas midiáticas e definidoras qualitativas dos futuros jogadores, numa espiral evolutiva que desagua na divisão de elite, com jogadores defensivamente deficientes, porém pretensamente equipados com habilidades pontuadoras nas bolinhas e nas enterradas que “levantam as torcidas”…

Paralelamente a todo esse horror, vemos técnicos que querem porque querem participar de todos, absolutamente todos os movimentos táticos e técnicos de seus jogadores, através encenações ao lado, e até dentro da quadra,  tutelando a todos, inserindo-se em seus movimentos, sem exceções, como se o espetáculo lhe pertencesse, total e ditatorialmente, mas sem respostas quando alguns deles tomam as rédeas do jogo, e corajosamente o vencem, de uma forma impulsiva e muitas vezes caótica, livrando-se momentaneamente dos grilhões coercitivos e impostos.

E como numa festa, não poderia faltar a última moda da arbitragem pedagógica, que nada mais retrata do que uma exibição gratuita e dispensável  de autoritarismo, transmitida à cores e som estereofônico, em uma atividade que deveria privilegiar tão somente a sensatez e a correta aplicação das leis do jogo, nada mais.

Por tudo isso é que manifesto um sentimento de medo com o nosso futuro nas competições internacionais que se avizinham, principalmente 2016, onde corremos o serio perigo de testemunharmos um fracasso, sem precedentes, ocorrer numa competição do mais elevado nível em nossa própria casa, o que seria um desastre.

Amém.

Fotos – reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessarem as legendas.

 



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