O MASCOTE…

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Uma das coisas mais detestáveis que pode acontecer na avaliação de uma técnica é a soberba, quando não a dominamos. -“Temos talvez o melhor garrafão do mundo, que o teme e respeita”…

 

Humm, temer certamente (não talvez…)pode não ser o caso, porém respeitar, com certeza, mesmo que, apesar do respeito seja destroçado como foi, tanto defendendo, como atacando, frente a um temente e respeitado garrafão espanhol, nada soberbo, mas acima de tudo, mortal…

 

E qual o seu segredo para tanta eficiência, senão a mobilidade, a fluidez de suas ações de entrada e saídas de bola, medidas e alimentadas por uma armação metódica, cirúrgica, e pontuadora também, principalmente nas longas bolas, em nenhum momento contestadas, como num carrossel multi facetado de habilidades e domínio pleno dos fundamentos do jogo, do drible junto ao corpo, às fintas milimétricas, do passe objetivo, da defesa linha da bola antecipativa, somados a um conceito coletivista que a nossa seleção ainda custará um bom par de anos para alcançar, isto se começar a trabalhar a base nesse sentido, senão jamais…

 

Falar de números bem medidos e avaliados, melhor ir lá no Giancarlo Gianpetro para encontrar uma análise correta e lúcida do que ocorreu em Granada, e do que poderá vir a ocorrer daqui para frente se não mudarmos algo de muito importante na prática do grande jogo entre nós, a cultura do básico, do essencial, do avaliado frente aos fatos, e não a cultura do “monstro”, da enterrada como “o momento maior do jogo”, do toco como o “fator que levanta a torcida”, esquecendo que bons e precisos arremessos, de dois mesmo, ganham jogos, assim como os lances livres que só valem um, e os jovens precisam saber e serem induzidos a isso, e não a rompantes midiáticos…

 

Em hipótese alguma podemos repetir o que foi realizado em termos de defesa exterior como no jogo de hoje, ainda mais quando os servios são muito bons na longa distância, e no jogo interior também, onde terão de ser marcados à frente e em dobras, e mais ainda, quando teremos de atacar em permanente movimentação, dentro e fora do perímetro, evitando ao máximo a saída dos pivôs de sua área de influência direta, e tendo a permanente ajuda próxima do ala da vez, seja o Marcos ou o Alex, e por que não, juntar os três grandes pivôs em trocas sucessivas bem lá dentro, no âmago da defesa servia, servidos por dois armadores rápidos, incisivos, bons passadores e pontuadores, também…

 

Ilusão, alucinação basqueteira, ou uma chamada a uma realidade que não pode, não deve ser adiada em nome do que? Reserva tática? Rotação obrigatória pelo cansaço? Rigidez de princípios táticos? Nào esquecer que se trata de uma Copa de tiro curto, onde o não se arriscar pode levar ao fracasso, onde o cansaço pode e deve ser adiado, onde os objetivos não podem ser limitados pela mesmice, pelo temor ao novo, ao inusitado…

 

Temos uma falha, uma monumental brecha escavada pela convocação política e marqueteira, que apresenta como resultado maior sermos a única seleção do torneio com um mascote no banco, e que é o representante maior de uma associação de jogadores em tudo e por tudo afinada com a cúpula da CBB, e vítima de uma política de capitanias hereditárias que de a muito deveriam ter sido extirpadas de nossas seleções, terreno quase proibido às renovações, aos jovens talentos perdidos ano após ano, em nome de “nomes” midiáticos e protegidos, e muitas vezes dirigidos e liderados por amigos da realeza cebebiana, hoje presente nas tribunas de Granada como lídimos representantes do caos institucionalizado que implantaram na alma do grande jogo, ínfimo para eles, desgraçadamente…

 

Para minha tristeza, sinto não prever melhores caminhos para essa seleção, a não ser que movida por algo bem superior emerja da mesmice crônica em que se encontra, e parta para algo mais superior ainda, a implantação urgente de algo realmente… corajoso e inovador, e sem temer os riscos inerentes ao mesmo…

 

Amém.

 

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e ter acesso às legendas.

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6 comentários

  1. quim 02.09.2014

    Parabéns pela análise.
    Temos muito a aprender.
    Esqueceram de falar para a imprensa brasileira que o garrafão da espanha é bem superior.
    Professor, quem são os alas das espanha? Só vi o Navarro e Rudy Fernandes como um 3( relativamente baixos e poco atléticos, diferente como pregamos hoje). O Ibaka seria o 4.
    Então eles jogam com dois armadores um ala baixo e dois grandalhões.

    Abraço

    Joaquim

    Att

  2. Basquete Brasil 02.09.2014

    Isso mesmo, prezado Joaquim, jogam com dois armadores de alta qualidade, dois pivôs de mais alta qualidade ainda e um ala extremamente pontuador, mas que dialoga com precisão com os pivôs, compondo, vamos assim dizer, uma terceira armação, dinamizando a equipe ao máximo, tornando-a veloz, ágil e coletivista, já que a bola ao transitar por todos em deslocamentos, conota essa qualidade por todo o tempo, atacando e defendendo indistintamente. É realmente um trabalho da mais alta técnica individual e coletiva.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  3. PEDRO RODORIGUES DE SOUZA 03.09.2014

    A PALAVRA COISA E O TREM BÃO DEMAIS…
    Não sei quem é o autor dessa
    coisa, mas que é legal, é!

    A palavra “coisa”é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma idéia. Coisas do português.

    Gramaticalmente, “coisa” pode ser substantivo, adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma “coisificar”. E no Nordeste há “coisar”: “Ô, seu coisinha, você já coisou aquela coisa que eu mandei você coisar?”.

    Coisar, em Portugal, equivale ao ato sexual, lembra Josué Machado. Já as “coisas” nordestinas são sinônimas dos órgãos genitais, registra o Aurélio. “E deixava-se possuir pelo amante, que lhe beijava os pés, as coisas, os seios” (Riacho Doce, José Lins do Rego). Na Paraíba e em Pernambuco, “coisa” também é cigarro de maconha..

    Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: “Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego já.” E, como em Olinda sempre há bloco mirim equivalente ao de gente grande, há também o Segura a Coisinha.[Incentivando crianças ao uso de baseado???!!!]

    Na literatura, a “coisa” é coisa antiga. Antiga, mas modernista: Oswald de Andrade escreveu a crônica “O Coisa” em 1943.”

    “A Coisa” é título de romance de Stephen King.

    Simone de Beauvoir escreveu “A Força das Coisas”, e Michel Foucault, “As Palavras e as Coisas.”

    Em Goiás , todas as coisas são chamadas de trem. Menos o trem, que lá é chamado de “a coisa”. A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: “Minha filha, pega os trem que lá vem a coisa!”.

    Devido lugar:”Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (…)”. A garota de Ipanema era coisa de fechar o Rio de Janeiro.

    “Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca.”Coisas”, de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas.

    Sampa também tem dessas coisas (coisa de louco!), seja quando canta”Alguma coisa acontece no meu coração”, de Caetano Veloso, ou quando vê o Show de Calouros, do Silvio Santos
    (que é coisa nossa).

    Em 1997, a NASA lançou a “Missão Mars Pathfinder”, enviando um robô para explorar Marte. O mecanismo foi programado para ser acionado a partir do som de uma música e a escolhida foi um samba de Jorge Aragão/Almir Guineto/Luis Carlos da Vila. Assim, o robô da Nasa, foi “acordado” com a música: “Ô coisinha tão bonitinha do pai…”. Lembram?

    Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino.
    Coisa-ruim é o capeta.
    Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim!

    Coisa de cinema! “A Coisa” virou nome de filme de Hollywood, que tinha o “Seu Coisa” no recente Quarteto Fantástico. Extraído dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou também desenho animado, nos anos 70. E no programa Casseta e Planeta, Urgente!, Marcelo Madureira faz o personagem
    “Coisinha de Jesus”.

    Coisa também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, “coisa nenhuma” vira “coisíssima”. Mas a “coisa” tem história na MPB. No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré:”Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar”, e A Banda, de Chico Buarque: “Pra ver a banda passar / Cantando coisas de amor”. Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas:”Coisa linda /Coisa que eu adoro”.

    Cheio das coisas. As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que não se esquece, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente não tira do coração. Todas essas coisas são títulos de canções interpretadas por Roberto Carlos, o “rei” das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas.

    Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade afinal, “são tantas coisinhas miúdas”.

    “Todas as Coisas e Eu” é título de CD de Gal. “Esse papo já tá qualquer coisa…Já qualquer coisa doida dentro mexe.” Essa coisa doida é uma citação da música “Qualquer Coisa”, de Caetano, que canta também:”Alguma coisa está fora da ordem.”

    Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal e coisa, e coisa e tal.

    O cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa.

    Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.

    A coisa pública não funciona no Brasil. Desde os tempos de Cabral. Político quando está na oposição é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando se elege, o eleitor pensa:”Agora a coisa vai.” Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!

    Se você aceita qualquer coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa-à-toa. Numa crítica feroz a esse estado de coisas, no poema “Eu, Etiqueta”, Drummond radicaliza: “Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa,coisamente.” E, no verso do poeta, “coisa” vira “cousa”.

    Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as coisas, para serem usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas?

    Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más.

    Mas, “deixemos de coisa, cuidemos da vida, senão chega a morte ou coisa parecida”, cantarola Fagner em Canteiros, baseado no poema Marcha, de Cecília Meireles, uma coisa linda.

    Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento:

    “AMARÁS A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS”.

    ENTENDEU O ESPÍRITO DA COISA?
    A NOSSA SELEÇÃO DE BASQUETEBOL ATUAL TAMBÉM PODE SER CHAMADA DE UMA COISA.
    É RUIM, INDIVIDUALISTA, SEM PADRÃO DE JOGO, COM UMA COISA QUE PARECE SER MAS NÃO É.
    UM TÉCNICO MESENTÉRICO,SIMBIÓTICO E ESDRUXULO.
    ENFIM PARA NÃO ESTENDER MUITO É UMA COISINHA DE EQUIPE, E A NOSSA ADVERSÁRIA, NO LINGUAJAR MINEIRO NÃO É UMA COISA, E SIM UM TREM BÃO DEMAIS.SEM MAIORES COMENTÁRIOS.
    PEDRO RODRIGUES

  4. sergio barreto gomes 03.09.2014

    Comentário realizado após o jogo contra a Sérvia.

    Realmente as suas previsões estão se mostrando totalmente equivocadas.

    Acho também que , na maioria das ocasiões as suas análises são extremamente amargas, repetitivas, injustas e cansativas.

    Não vejo nenhum jogador que ficou no Brasil tão melhor do que o Giovanoni a ponto de acrescentar alguma coisa a esta seleção.

    Por falar nisso este jogador hoje, contra a Sérvia fez uma partida bem razoável e se não me engano contribuiu com 9 pontos.

  5. Basquete Brasil 04.09.2014

    Uma das coisas mais detestáveis que pode acontecer na avaliação de uma técnica é a soberba, quando não a dominamos. -”Temos talvez o melhor garrafão do mundo, que o teme e respeita”…

    Tem razão Pedro, temos de parar de coisificar o óbvio, e partir para a obviedade da coisa, simplesmente premiar o mérito, que é a coisa mais importante de todas as coisas…
    Abraços, Paulo.

  6. Basquete Brasil 04.09.2014

    Prezado Sergio,é um equivoco seu afirmar sobre minhas previsões, pois não as faço, e sim exponho considerações e análises, que se amargas, repetitivas, injustas e cansativas, lhes dão o pleno direito de não as ler, evitando dessa forma um cansaço maior e desconfortável.
    E numa derradeira consideração, afirmo existirem aqui no país jogadores infinitamente melhores que o Guilherme, e que para o alto grau de exigências para compor uma seleção, o razoável é inconcebível.
    Paulo Murilo.

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