PONTUAIS OBSERVAÇÕES…
Estive em Florianópolis participando do Congresso de Direito Desportivo, convidado que fui pela Diretoria Executiva da Atlética Direito UFSC para compor a Mesa de Debates Crise no Esporte Brasileiro, na brilhante companhia de Rodrigo Steinmann, que presidiu a mesma, e os debatedores Felipe Legrazle, Alexandre Cossenza, e Martinho Neves Miranda.
Foram debates intensos e brilhantes, que levantaram com muita precisão os grandes fatores que explicam a crise em discussão, e que reuniu valiosos subsídios a serem encaminhados aos órgãos responsáveis pela administração desportiva do país.
Por tão importante motivo, atrasei as publicações de artigos no blog, retomando a tradicional rotina com uma abordagem do que mais me chamou a atenção na semana finda,
Como estamos caminhando celeremente de encontro aos sistemas ofensivos convergentes, onde em muitos casos as tentativas de três pontos superam as de dois, numa avalanche irresponsável e absurda pela adoção cada vez mais insidiosa do “chegar e chutar”, aliada a cada vez maior ausência de contestação defensiva, sintomas mais do que evidentes de que algo de muito grave nos empurra para a confirmação e solidificação da formatação e padronização técnico e tática coercitivamente imposta ao nosso infeliz e equivocado basquetebol.
Em dois jogos contra o Pinheiros e Palmeiras, a equipe do Ceará arremessou 15/34 de dois e 12/32 de três, e 15/31 e 12/32 respectivamente, perdendo os jogos por 97 x 81 e 94 x 87.
Bauru e Uberlândia venceram seus jogos contra a Liga Sorocabana (97 x 80) e Flamengo (101 x 98), convergindo fortemente (16/27 de dois e 11/28 de três para Bauru, e 20/34 e 17/34 para Uberlândia), assim como Franca perdeu para o Paulistano (81 x 76) arremessando 16/29 e 7/29, enquanto alguns de seus adversários optaram pelo jogo interior, vencendo ou perdendo.
No entanto, o que deve ser notado foram os placares bastante próximos, fator que nos leva a uma oportuna reflexão, orientada a simplórias continhas aritméticas, quando, sem exceção alguma, bastaria que a metade dos arremessos de três perdidos fossem trocados por tentativas de dois pontos, num jogo interior, onde os arremessos se tornam mais precisos, para que todas as equipes perdedoras se situassem ante a perspectiva vencedora, na mesma proporção utilizada por seus adversários, ainda mais perante a evidência maestra que se impõe lamentavelmente, a ausência praticamente unânime das contestações defensivas fora do perímetro, numa aposta de erro e acerto das temerárias bolinhas, que se equivalem pela aceitação das equipes em confronto, numa roleta que expõe nossa fragilidade quando nas disputas internacionais, onde as defesas se fazem presentes, dentro e fora…
Dois outros aspectos técnicos tiveram relevância, ao contrário, mas tiveram, as análises dos comentaristas televisivos, conotando todos eles um alto padrão técnico nos jogos transmitidos, adjetivados de “jogaços”, sem no entanto mencionarem o elevadíssimo número de erros de fundamentos, que os tornariam sofríveis, pois escolhendo aleatoriamente equipes nessa semana de disputas, podemos atestar a média de 30 erros por partida, número inadmissível para equipes Sub-18, quiça equipes da elite nacional…
Finalmente, algo inédito, surreal, anacrônico, inqualificável, pois agora não bastam os P.Q.P’s em português transmitidos pela TV em estéreo e a cores, “desculpados e compreendidos” pelos comentaristas, pois agora os temos em Espanhol, isso mesmo, na língua de Cervantes, gloriosamente encenados por um técnico que propugna, inclusive em seu blog, a ética e o exemplo professoral, numa demonstração de total adaptação ao que de pior temos por aqui, infelizmente…
Amém.
Fotos – Reproduções da TV e autoria própria. Clique nas mesmas para ampliá-las.
Professor, gostaria de acrescentar a mais esse brilhante post as “pontuais observações” do técnico Guerrinha, baluarte da mesmice, em entrevista ao blog Bala na Cesta.
http://balanacesta.blogosfera.uol.com.br/2014/11/25/entrevista-guerrinha-pronto-para-conquistar-sul-americana-com-bauru/
Abraços.
Prezado Thales, fiz de sua lembrança sobre a matéria do Bala na Cesta o meu artigo de hoje. Obrigado pela lembrança. Um abraço. Paulo Murilo.