ALICERCES DE BARRO…

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“Paulo, a LDB recomeçou, e você nada tem a dizer?” clama o leitor pelo email, doido para inflamar um teimoso debate que sustento desde sempre, suscitando um único numero – 543!

543? Isso, 543 erros de fundamentos somente nas doze partidas da primeira rodada, o que dá uma média de 44.5 erros por partida, numero este de deixar você petrificado na cadeira, imaginando o que poderá vir daí para frente…

Mas Paulo, são jogadores muito jovens, alguns ainda com 17 anos, e o desconto por isso?

Como desconto, se muitos deles já atuam no NBB, alguns inclusive na segunda temporada, e numa categoria (até 22 anos) em que já deveriam, pelo menos, dominar os fundamentos do jogo, e não pousarem de praticantes dos sistemas de jogo mais “avançados” que lhes são empurrados goela abaixo, sem fundamentação mínima para sequer entendê-los em suas minúcias e particularidades, já que o domínio corporal e a bola se tornam obstáculos para a maioria deles? …

Que tal conotar então esse enorme número à melhoria defensiva das equipes, o que acha? Falso, pois tivemos jogos, como o Náutico x Tijuca, com um placar de 98 x 79 (não me fale de defesa com placares assim…)para os nordestinos, onde as duas equipes juntas cometeram 68, isso mesmo, 68 erros ( 32 e 36 respectivamente), num recorde de envergonhar equipes sub 15…

Veja isso, analise e tente concluir algo, que o farei um pouco mais adiante, senão concluir, melhor ainda reiterarei pela enésima vez o quanto ainda teremos de padecer para atingir um patamar técnico decente:

– Titãns     31     Paulistano     22 –   53     (40 x 60)

– Uberl.     18     Flamengo      19 –   37     (51 x 63)

– Curitiba  16     Pinheiros       16 –   32     (68 x 69)

– Sport      14    Botafogo         28 –   42     (93 x 52)

– GNU       22   Moji                 13 –   35     (46 x 88)

– Brasilia   14    Macaé            19 –   33     (48 x 61)

– Blumen.  21   Taubaté           19 –   40     (47 x 62)

– Nautico   32   Tijuca               36 –   68     (98 x 79)

– Regatas  20   Minas               27 –   47     (60 x 64)

– Anapolis  23   Franca             22 –   45     (46 x 68)

– Limeira    14    Joinville           34 –   48     (82 x 46)

– Ceará      33    Bauru              22 –   55     (62 x 60)

Ai estão os números da primeira rodada de uma competição que, em sua evolução competitiva, deverá elevar, e muito, os erros de fundamentos, sem levar em conta o mais importante de todos, os arremessos, cuja contagem e tabulação deixo para os “especialistas”, principalmente no que tange aos de três pontos, assunto muito em moda atualmente…

Então, ao olharmos fixa e detalhadamente a relação acima, e que se refere a erros de passes, perdas de bola na recepção, na finta e no drible, nas andadas e conduções, vem logo ao primeiro plano analítico, serem os mesmos aqueles que integram o bôjo de qualquer ação coletiva, em jogadas de dois, de três ou de toda a equipe, cuja colimação só se torna possível se isentas dos mesmos, utilizados que deveriam ser da maneira mais correta possível, fruto de longos anos de aprendizagem e treinamento, até o ponto em que se tornam extensões naturais do gesto desportivo, coordenado e irmanado ao raciocínio tático exigido pelas contingências técnicas, mentais e espaciais do jogo, onde somente os mais preparados se situam na execução e domínio do mesmo…

A equação então se torna de uma simplicidade extrema, na qual o maior ou menor  sucesso de uma movimentação tática, tanto ofensiva como defensiva de uma equipe será diretamente proporcional ao maior ou menor domínio que a mesma exerça sobre os fundamentos básicos do jogo …

Concluindo, torna-se impensável projetarmos evolução técnico tática de nossa base, se continuarmos a apresentar números realmente preocupantes apresentados numa sub 22, que deverão ser bem maiores nas divisões que a antecedem, criando uma barreira praticamente intransponível a toda e qualquer evolução em sistemas de jogo de ataque e de defesa, utentes exigentes e dependentes dessa estratégica fundamentação…

Recentemente as seleções sub 15, tanto a masculina, como a feminina venceram seus sul americanos, e espero que continuem essa evolução depois de uma tenebrosa fase de perdas para argentinos, uruguaios e até venezuelanos nas categorias de base, porém, com convincentes ganhos no dominio dos fundamentos, a fim de que possamos lá na frente superarmos os trágicos números que nossos sub 22 vem apresentando na LDB, consubstanciando com qualidade novos e arrojados sistemas ofensivos e defensivos de jogo, na tentativa de quebra dessa mesmice endêmica formatada e padronizada que tanto nos prejudicou e nos afastou do cenário internacional nas duas últimas décadas. Espero e torço ardentemente que consigamos…

Amém.

Foto – Divulgação LDB.

 



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