O SISTEMA…
Convenhamos, já temos nossa forma de jogar, e vencer, campeonatos internacionais, e de uma maneira inédita, inovadora, única no contexto mundial, realmente impactante, o sistema convergente e seus pivôs de três…
Nas duas rodadas finais da Liga das Américas, Bauru simplesmente arremessou 37/61 bolas de dois pontos, e 20/70 de três, e seus pivôs de três, Murilo e Hettsheimer anotaram 3/12 lá de fora, mesmo…
Venceu o campeonato, e será nosso representante na Copa Intercontinental contra o campeão da Euroliga no segundo semestre, tentando repetir o feito do Flamengo no ano passado…
Porém, antes terá pela frente a dura competição do NBB, onde lidera junto a Limeira, equipe bem próxima de sua opção tática, a preferência pelas bolinhas de fora, de que distância e ocasião forem, inclusive nos contra ataques, apesar de possuírem, ambas, um naipe de excelentes pivôs, dos melhores da liga, e muito bons armadores também, fatores que os capacitam a sistemas internos de jogo eficientes, mais seguros e confiáveis…
Mas não, a demanda de fora, das hetérias bolinhas, mágicas, midiáticas vem se tornando uma verdadeira epidemia em nossas quadras, e o pior, desde a formação de base, numa aventura que avalio o desfecho, quando as defesas se conscientizarem do poder da marcação realmente individual, sem as ajudas nas penetrações, que valem dois pontos, e que se tecnicamente bem contestadas os atenuam, e até os evitam, e sem faltas pessoais, como muitos técnicos induzem a cometê-las, originando o nulo combate exterior, incentivo maior e absoluto para a grande orgia dos três…
E tal permissividade defensiva ajudou, e vem ajudando o estabelecimento desse novo sistema de jogar, sem envolvimentos com dribles sofisticados demais, fintas complicadas, passes geométricos, todos fundamentos simplificados pelas bolinhas, longinquas peças de um puzzle incensado por quem não sabe jogar, compreender e amar o grande jogo, enciumados pela sua doce complexidade, minimizando-o ao nível de sua concepção rasteira de um grande jogo, desconhecendo ironicamente que as tais bolinhas se situam no mais alto patamar da técnica, ao se constituir no mais preciso e refinado dos fundamentos, terreno para muito poucos, mas que coisificado parece pertencer a todos, indistintamente, numa trágica encenação de como não jogar, individual e coletivamente…
Mesmo assim foram campeões, com inteira justiça, exceto pelo fato de apresentar no proscênio mundial uma forma de atuar autofágica e irreal, e que foram salvos pelos momentos, importantes momentos em que atuaram “lá dentro”, com a força de seus bons pivôs, e pela maestria de seus melhores ainda armadores. Pena que seu melhor arremessador de três, realmente um especialista, o Robert Day, tivesse sido despejado de sua condição e posição por um…isso mesmo, um pivô, o Hettsheimer…
Me preocupa, de verdade, se essa nova “filosofia de jogo” vingaria na seleção, quando enfrentaria defesas de verdade, e não esse pastiche defensivo apresentado na LDB, e continuado no NBB…
De qualquer forma, parabenizo o Bauru, e seu guerreiro técnico pela conquista.
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.