A FULCRAL (E LETAL) IGNORÂNCIA…
Saio por alguns momentos da faina de reformador de uma casa de 39 anos, desgastada pelo tempo, mas porto seguro de minha família, e merecedora de uma faxina em regra, claro, na medida de minhas possibilidades de professor aposentado e técnico bissexto, para voltar ao blog um tanto cansado com tanta asneira e ignorância que massacra e denigre o grande jogo tupiniquim…
Começando pelas campanhas do nosso basquete feminino lá fora, no Pan e no Mundial sub 19, onde o resultado das formatações e padronizações técnico táticas impostas pelos estrategistas permanentes e perenes de plantão se fazem sentir pelo seu lado mais sombrio e constrangedor, senão vejamos:
– Na sub 19 em seus dois jogos iniciais na Russia, apresentam números assustadores:
33/115 nos 2 pontos (28.6%)
5/24 nos 3 pontos (20.8%)
26/47 nos L.Livres (55.3%)
57 Erros de Fundamentos – 28.5 pj
Ou seja, não dominam os arremessos e muito menos os fundamentos básicos, mas, segundo a comissão técnica, apresentam um bom e disciplinado basquete, com muita raça e dedicação (só contra a Austrália cometeram 32 erros…), que são requisitos naturais a uma seleção nacional, e que não aufere a mesma grandes voos frente às suas carências na ante sala da divisão master, imperdoável em seu abandono do básico em função dos cordéis de fora para dentro da quadra manejados por estrategistas comprometidos e compomissados com um sistema anacrônico de jogo, que de forma alguma poderá funcionar sem o apoio basilar dos fundamentos do jogo…
– No Pan, os números também são deploráveis, após uma preparação de 30 dias, muitos dos quais perdidos nos meandros de “testes científicos”, medições antropométricas variadas, palestras motivacionais, exposições táticas a não mais poder, coletivos para adquirir “ritmo de jogo”, amistosos para adquirir mais ritmo ainda e experiências reais, tudo isso e mais alguma coisa, dissociados da estrutura básica, os fundamentos, e ai estão os números após sua participação em 5 jogos:
88/216 nos 2 pontos (40.7%)
22/93 nos 3 pontos (23.6%)
72/102 nos L.Livres (70.5%)
98 Erros de Fundamentos – 19.6 pj.
Que no frigir dos ovos praticamente repete o vicio da base, num monocórdio carrocel de algo que parece inamovível na preparação de jogadores (as) em nosso país, a progressiva substituição dos fundamentos pelos sistemas de jogo, promovida por pseudos e falseados técnicos (muitos provisionados e “formados” em cursos de 4 dias…), que acreditam piamente no processo osmótico, no qual a proximidade física e visual de bons profissionais é suficiente para suprí-los de conhecimentos que aqueles adquiriram em décadas de muito estudo e trabalho, meritório trabalho, além, e isso se torna mais claro a cada dia e seleções que passam, utentes da fórmula mais letal que cerceia o desenvolvimento do grande jogo, a utilização corporativista do inefável Q.I., arma de morte do nosso infeliz basquetebol…
Por tudo isso, e garimpando comentários na mídia especializada, de “conhecedores” do nosso indigitado basquetebol, me deparo com um deles, lapidar em sua fria ignorância:
Sim, essa seleção é formada por várias atletas sem fundamentos básicos e todos sabem ou deveriam saber que atletas não aprendem fundamentos na seleção adulta. No mundo inteiro é assim: a menina aprende fundamento na base, coloca em prática no clube, se destaca e as melhores chegam à seleção. Aqui no Brasil, os gênios do basquete feminino querem fazer diferente do que o mundo inteiro faz. Não tem como esperar por bons resultados com essa “filosofia genial”.
Por isso.por tudo isso, é que nos encontramos nesse estágio de decrepitude técnica, e por conseguinte, tática também, pois se exercitar, praticar, desenvolver, aprender e reaprender os fundamentos básicos de qualquer atividade desportiva de quaisquer níveis, idade, posicionamento e experiência prática, independe do fator tempo, já que aprender, reaprender e apreender conhecimento é a fórmula imutável de adquirir o domínio pleno de uma atividade humana e inteligente desde sempre…
Amém.
Fotos – Reprodução da Tv e Divulgação FIBA. Clique nas mesmas para ampliá-las.