UM CONCEITO DE JOGO DIFÍCIL DE SER IMPLANTADO…
Termina o jogo contra a Republica Dominicana, duríssimo, numa ascendente iniciada contra os Estados Unidos ontem, quando frente a uma equipe montada pela internet, numa mistura de universitários, jogadores que atuam fora do país, e um ou dois que atuam, ou atuaram na NBA, mantiveram em menor escala a pujante exibição contra Porto Rico, e a morna vitoria contra a Venezuela, num ritmo menos intenso, principalmente defensivo, fator que a fez levar 83 pontos, inadmissível para uma equipe que pretende fazer de sua defesa a base de suas vitorias nessa competição…
A se destacar, mais uma vez, a eficiente dupla armação liderada por um Benite preciso nos arremessos, calmo, objetivo e eficiente na coordenação ofensiva e no equilíbrio defensivo, num jogo de placar baixo (68 x 62), exatamente pelo empenho blocante de ambas as equipes, empenhadas na defesa dura e incondicional. Venceu a seleção pelo melhor aproveitamento das bolas longas (5/21 contra 2/16), já que o jogo interior foi absolutamente igual (19/40 e 19/43 para os dominicanos), e perdendo nos lances livres (15/22 e 18/22), confirmando a igualdade pontuadora sob intensa pressão defensiva interna, advindo dai a pequena e decisiva vantagem obtida nas bolas longas, lideradas pelo especializado armador Benite…
No entanto,devemos salientar o quanto tem oscilado a seleção frente a nova maneira de jogar, quando em inúmeras ocasiões um dos pivôs recebe a bola de costas para a cesta e o restante da equipe paralisa sua movimentação, como que esperando o que irá fazer seu companheiro, cercado e pressionado até em dobra, torcendo para que devolva a bola para um longo arremesso, como que uma marca indelével pelos anos e anos de aventura lá de fora…
Nessas situações, mais do que nunca a movimentação deveria ser mantida, dentro e fora do perímetro, numa ação sem a bola, porém fundamental para a abertura de espaços dentro e fora do mesmo, confundindo a marcação e aliviando a pressão no pivô de posse da bola. Trata-se do ponto fulcral do sistema de dupla armação e três pivôs móveis agindo e interagindo dentro e fora das zonas ofensivas, onde todos participam e se entreajudam com e sem a posse da bola…
No entanto, reconheço ser este patamar de difícil aprendizado por uma geração solidamente estabelecida no sistema único, necessitando de um período reconstrutivo em uma relativamente longa etapa de treinamento, claro, se for este o objetivo a ser alcançado frente ao novo conceito de jogar, onde a criatividade e profunda leitura de jogo dotará a todos de um arsenal de jogadas nascidas de situações pontuais e irrepetíveis, e não pré desenhadas e exigidas através uma prancheta limitadora e coercitiva. Correções podem e devem ser feitas pela direção técnica, porém dirigidas à percepção exógena de ações defensivas e ofensivas dos adversários, não captadas pelos jogadores em quadra no calor das disputas. Sua ação básica e profunda se desenvolve nos treinos, minuciosos, estudados e coerentes…
Finalmente, vamos aguardar o jogo decisivo de hoje, onde uma defesa forte e um ataque solidário terão de ser desenvolvidos para a conquista da medalha, mas para tanto os jogadores terão de se despir dos arroubos individuais e personalistas, trabalhando em conjunto e com solidária entrega…
Amém.
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