E ai Paulo, como está essa saúde septuagenária, em forma? E o imbróglio no feminino, como você que lidou com o mesmo no alto nível, como vê nossas chances em 2016, como?…
É cara, não está nada fácil, principalmente com o embate de egos voltados às glórias olímpicas, com suas vultosas benesses em grana e prestígio, não importando os resultados, que prevejo catastróficos se continuarem nesse caminho sem volta. Quanto aos 76 anos, de encontro aos gloriosos 80…
O novo técnico, que sempre foi ligado ao feminino, sem dúvida alguma se pautará pelo que sempre propugnou e fez acontecer, com muita correria e arremessos mais velozes ainda, e, claro, dando a defesa o que sempre aplicou, velocidade horizontal e zonas pontuais, já, que segundo opinião dos que “entendem”do grande jogo no país, resta pouco tempo para a preparação, que deve priorizar jogos com equipes mais graduadas, a fim de que “ganhem” experiência internacional para o grande embate…
E é aí, caro amigo, que a porquinha torce singelamente seu rabo, pois se trata de um engano, de um equívoco monumental, já que nesse tipo de “preparo” nada mudará na forma delas todas atuarem, nada mudará na forma delas arremessarem, nada mudará na forma de como se comportarão tática e tecnicamente, nada aprenderão e apreenderão como se defender individual e coletivamente, como executar um bloqueio convincente e suficiente contra defesas de verdade, e não o que praticam nos rachões de praxe, e nos jogos preparatórios, internacionais de preferência, pois nada atrai mais nossos estrategistas fixos ou de plantão, do que apor carimbos variados em seus passaportes, nada, absolutamente nada…
Tudo bem Paulo, você está sendo enfático demais, então, o que deveria ser feito nesses seis meses decisivos antes da grande competição aqui em casa, o que?…
O que? Mudar tudo, absolutamente tudo, do preparo, aos sistemas, aposentando essa turma de preparadores físicos metidos a pesquisadores, que as fazem correr mais do que a bola, mais do que o raciocínio técnico, mais do que as dimensões da quadra, que se fosse nas medidas do Handebol, ainda assim sobrariam em velocidade e falta de tirocínio tático. Também aposentaria psicólogos que através os últimos anos pouco ou nada somaram para a real evolução das jogadoras, assim como pontes de ligação entre as mesmas e a direção, técnica, inclusive. Falta comando, falta decisão, falta criatividade, e acima de tudo, coragem em caminhar num outro sentido, por caminhos que desse a elas sistemas proprietários, somente praticado por elas, e não a mesmice institucionalizada, formatada e padronizada por todos aqueles que por colecionarem alguma jogadas, acham que dominam o grande jogo, mas que na realidade, face ao tatibitate em que vivem e agem, nada acrescentam de novo ao nosso indigitado basquetebol, o feminino em particular…
Exatamente por faltarem seis messes, é que se impõe uma radical mudança, pois em caso contrário, atuando em conformidade com seus adversários de qualidade sistemática, sucumbirão, como tem acontecido nas últimas competições mais graduadas. Todas são jogadoras tarimbadas na mesmice universal, dos chifres, punhos e não sei mais quantas denominações ridículas e amorfas, frente ao represado caudal de energia e boa vontade em progredir por outros caminhos, e não nessa mixórdia em que sempre foram exigidas sem a fundamentação mínima adequada, daí sua fragilidade nem um pouco pontual…
Nesses seis meses têm de mudar comportamentos individuais, seria e energicamente, nivelando a todas num mínimo de domínio técnico que for possível, para aí sim, enveredarem nos fundamentos coletivos, nos princípios clássicos de defesa, na capacitação ampliada de leitura de jogo, alcançada e dominada pelo embate diário tendo os fundamentos como instrumental a ser conquistado. Arremessos? Meus deuses, arremessos são ações técnico mecânicas que necessitam de auto conhecimento, não só “pratica voluntária”, e sim pleno conhecimento do que fazem, e como fazem os mesmos acontecerem, numa conquista paulatina e eficiente sob seu total controle…
Jogos internacionais? Poucos, o suficiente para se testarem no que aprenderam, no que apreenderam de pratico, de eficiente, enfim,, para se sentirem donas de algo seu, e não copia canhestra e dolorosa do que fazem seus adversários, lastreados em fundamentos sólidos e conscientes…
Puxa Paulo, é muita coisa para pouco tempo, não acha? Para quem pouco sabe concordo, mas para um técnico, um professor de qualidade, absolutamente não, só que para este, frente a um intransponível barreira corporativista, jamais permitiriam um passo dessa dimensão, que é um passo para muito poucos, com a coragem e o conhecimento necessário para fazê-lo acontecer, daí, nos preparemos para o que resultará do planejamento CBB para o feminino (será que para o masculino também?…) na Arena da cidade olímpica…
Agora, me diga se você conhece alguém aqui no país com cultura esportiva para trombar com essa realidade? Sim, conheço um…
Amém.
Foto – Divulgação FIBA.