DOIS SUBLIMES MOMENTOS EM 2015…

P1120558-001Enquanto os Ministérios da Educação e Esporte encerram o programa “Atleta na Escola”, porque o governo não tem R$ 70 milhões anuais e frustram três milhões de estudantes, o ministro George Hilton (foto) lança hoje o Programa Luta pela Cidadania (PLC), “destinado a democratizar o acesso às práticas corporais de lutas e artes marciais, seguindo os princípios do esporte educacional”.

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Para isso, o Ministério fará convênios com órgãos públicos, prefeituras, por exemplo, e financiará a aquisição do material esportivo e pagará os instrutores. Num país de crise também na educação, as escolas têm instrutores capacitados para ensinar lutas e artes marciais a crianças e adolescentes?

 

Dois momentos sublimes para a educação e o esporte brasileiro neste absurdo 2015, começando com o trecho acima da matéria publicada pelo blog do José Cruz, quando o ME gloriosamente patrocinará o ensino de artes marciais aos jovens patrícios, creio que resolvendo de vez a problemática da violência nas escolas, com a adoção da porrada como instrumento de inclusão cidadã, onde o ensino dos desportos, das artes cênicas, da música cede espaço à cultura das cavernas, da pancada institucionalizada, através o ensino e o exemplo dos pedagogos da violência física, cultuados como heróis nacionais por uma criminosa minoria que deita as cartas na sociedade brasileira.

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O outro momento, inexcedível em sua grandiosidade, grava solenemente a grande impostação no púlpito das Nações Unidas, numa desfaçatez que amedronta pela frieza e absoluta certeza da impunidade, frente a uma colossal mentira em nome de “milhões de crianças”, torpemente afastadas do seu direito constitucional ao ensino de qualidade, à saúde e a segurança de suas famílias, em nome de uma aventura olímpica que nos envergonha pelo assalto a vultosos valores, desviados  das necessidades básicas de um povo propositalmente mal educado e inculto. Mas acredito que a justiça ainda se fará presente um dia, um dia…

Amém.

Fotos – Reproduções da internet. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

 

QUEM?…

Canada vs Brazil at the FIBA Americas Women 2015E ai Paulo, como está essa saúde septuagenária, em forma? E o imbróglio no feminino, como você que lidou com o mesmo no alto nível, como vê nossas chances em 2016, como?…

É cara, não está nada fácil, principalmente com o embate de egos voltados às glórias olímpicas, com suas vultosas benesses em grana e prestígio, não importando os resultados, que prevejo catastróficos se continuarem nesse caminho sem volta. Quanto aos 76 anos, de encontro aos gloriosos 80…

O novo técnico, que sempre foi ligado ao feminino, sem dúvida alguma se pautará pelo que sempre propugnou e fez acontecer, com muita correria e arremessos mais velozes ainda, e, claro, dando a defesa o que sempre aplicou, velocidade horizontal e zonas pontuais, já, que segundo opinião dos que “entendem”do grande jogo no país, resta pouco tempo para a preparação, que deve priorizar jogos com equipes mais graduadas, a fim de que “ganhem” experiência internacional para o grande embate…

E é aí, caro amigo, que a porquinha torce singelamente seu rabo, pois se trata de um engano, de um equívoco monumental, já que nesse tipo de “preparo” nada mudará na forma delas todas atuarem, nada mudará na forma delas arremessarem, nada mudará na forma de como se comportarão tática e tecnicamente, nada aprenderão e apreenderão como se defender individual e coletivamente, como executar um bloqueio convincente e suficiente contra defesas de verdade, e não o que praticam nos rachões de praxe, e nos jogos preparatórios, internacionais de preferência, pois nada atrai mais nossos estrategistas fixos ou de plantão, do que apor carimbos variados em seus passaportes, nada, absolutamente nada…

Tudo bem Paulo, você está sendo enfático demais, então, o que deveria ser feito nesses seis meses decisivos antes da grande competição aqui em casa, o que?…

O que? Mudar tudo, absolutamente tudo, do preparo, aos sistemas, aposentando essa turma de preparadores físicos metidos a pesquisadores, que as fazem correr mais do que a bola, mais do que o raciocínio técnico, mais do que as dimensões da quadra, que se fosse nas medidas do Handebol, ainda assim sobrariam em velocidade e falta de tirocínio tático. Também aposentaria psicólogos que através os últimos anos pouco ou nada somaram para a real evolução das jogadoras, assim como pontes de ligação entre as mesmas e a direção, técnica, inclusive. Falta comando, falta decisão, falta criatividade, e acima de tudo, coragem em caminhar num outro sentido, por caminhos que desse a elas sistemas proprietários, somente praticado por elas, e não a mesmice institucionalizada, formatada e padronizada por todos aqueles que por colecionarem alguma jogadas, acham que dominam o grande jogo, mas que na realidade, face ao tatibitate em que vivem e agem, nada acrescentam de novo ao nosso indigitado basquetebol, o feminino em particular…

Exatamente por faltarem seis messes, é que se impõe uma radical mudança, pois em caso contrário, atuando em conformidade com seus adversários de qualidade sistemática, sucumbirão, como tem acontecido nas últimas competições mais graduadas. Todas são jogadoras tarimbadas na mesmice universal, dos chifres, punhos e não sei mais quantas denominações ridículas e amorfas, frente ao represado caudal de energia e boa vontade em progredir por outros caminhos, e não nessa mixórdia em que sempre foram exigidas sem a fundamentação mínima adequada, daí sua fragilidade nem um pouco pontual…

Nesses seis meses têm de mudar comportamentos individuais, seria e energicamente, nivelando a todas num mínimo de domínio técnico que for possível, para aí sim, enveredarem nos fundamentos coletivos, nos princípios clássicos de defesa, na capacitação ampliada de leitura de jogo, alcançada e dominada pelo embate diário tendo os fundamentos como instrumental a ser conquistado. Arremessos? Meus deuses, arremessos são ações técnico mecânicas que necessitam de auto conhecimento, não só “pratica voluntária”, e sim pleno conhecimento do que fazem, e como fazem os mesmos acontecerem, numa conquista paulatina e eficiente sob seu total controle…

Jogos internacionais? Poucos, o suficiente para se testarem no que aprenderam, no que apreenderam de pratico, de eficiente, enfim,, para se sentirem donas de algo seu, e não copia canhestra e dolorosa do que fazem seus adversários, lastreados em fundamentos sólidos e conscientes…

Puxa Paulo, é muita coisa para pouco tempo, não acha? Para quem pouco sabe concordo, mas para um técnico, um professor de qualidade, absolutamente não, só que para este, frente a um intransponível barreira corporativista, jamais permitiriam um passo dessa dimensão, que é um passo para muito poucos, com a coragem e o conhecimento necessário para fazê-lo acontecer, daí, nos preparemos para o que resultará do planejamento CBB para o feminino (será que para o masculino também?…) na Arena da cidade olímpica…

Agora, me diga se você conhece alguém aqui no país com cultura esportiva para trombar com essa realidade?  Sim, conheço um…

Amém.

Foto – Divulgação FIBA.

 

DE FAMIGLIAS E CAMALEÕES…

P1120456-001P1120546-002P1110654-001Tirei (ou fui tirado…) um tempinho para tentar concluir as obras aqui de casa, inclusive já planejando o redimensionamento da sala de dança da minha filha (70m2, com um pé direito de 4m), para incrementar as aulas práticas nas futuras oficinas de basquete, que pretendo restabelecer à partir de março vindouro…

Mesmo assim, não me desvinculei totalmente do grande jogo, assistindo alguns pela TV e Internet, e me informando diariamente através os blogs e a mídia especializada, dos quais retirei alguns tópicos que discuto a seguir:

– Tudo comentei a respeito da LDB, concluindo ser a mesma totalmente falha na sua proposta de promover uma jovem geração de jogadores em um torneio patrocinado integralmente com verba do ME, quando a mesma poderia ser orientada aos fundamentos do jogo, e a novas propostas técnico táticas, que visassem promover uma substancial e estratégica mexida na mesmice institucionalizada no basquete tupiniquim, formatado e padronizado no sistema único e na inestancada hemorragia das bolas de três, além do caudal de erros nos fundamentos, que atingiram neste e nos demais torneios que o antecederam, marcas vergonhosas e constrangedoras para um basquete que tenta se soerguer da vala em que teimosamente ainda se encontra, Mas num artigo do Fábio Balassiano no Bala na Cesta de dois dias atrás, o competente jornalista reitera absolutamente tudo que venho publicando a respeito da LDB, num artigo conciso e bem escrito, como numa síntese do que venho discutindo desde a primeira versão do torneio, que rapidamente vem se transformando num campeonato entre equipes de jogadores que já pertencem à LNB, retirando espaço daqueles que realmente necessitam jogar para evoluír, e não correrem atrás de títulos enriquecedores de currículos de técnicos, clubes e dirigentes, claro, com verba pública facilitadora de tudo (exceto a aridez de público nos ginásios)…

– Também tenho acompanhado alguns jogos do NBB, inclusive testemunhando a grande “evolução” do camaleônico técnico do Paulistano (definição dada pelo Fábio…), a qual defino tão somente com uma observação que venho fazendo a tempos, em três detalhes, utilização de armação dupla competente, jogo interno de alas pivôs, liderado por um repaginado Caio, afinado física e tecnicamente, e pedidos de tempo olho no olho, intimista, incisivo e confiante, relegando a inefável prancheta a uma pontual participação, e que quando definitivamente abandonada, poderá afirmar de si para consigo mesmo, agora sou um verdadeiro coach. Até lá…

– Ainda deu tempo para acompanhar a refrega CBB/LFB, quando a mentora em hipótese alguma deixaria de mão a preciosa arma política que representa uma seleção nacional, mesmo correndo o perigo de uma efetiva (se fosse corajosamente tomada) reação por parte da LFB, lutando pelos direitos técnicos da mesma, mesmo sabendo que o aspecto formativo, de responsabilidade da CBB, pouco ou nada seria incrementado, como vem ocorrendo nos últimos quinze anos, e que de uma forma definitiva, é o epicentro de toda a decadência da modalidade no país. Formação de base é como instalação de fundamentais redes de água e esgoto nas cidades, que por correrem embaixo do solo, não atrai o interesse politico, sempre voltado ao megalópico, ao midiático. Escolher um técnico ligado a casa, faz parte do processo mantenedor do corporativismo, tão bem estabelecido pela LNB em suas equipes, o que de certa forma mantém o equilíbrio entre as famiglias que lideram o grande jogo no país, onde cada uma domina e comanda seus feudos, suas capitanias hereditárias, onde o novo se torna perigoso, detestável, e que precisa ser afastado coercivamente, sem maiores explicações, dando graças ao velho jargão, “manda quem pode, obedece quem tem juízo”…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e Internet. Clique nas mesmas para ampliá-las.