TUTELA x CRIATIVIDADE…
Começou a decisão da Liga, num playoff de cinco jogos que, desconfio, não ultrapassem quatro,dada a superioridade carioca num único requisito perante a mesmice tática perpetrada por ambas as equipes, o fato inconteste de que se em um determinado momento da partida uma delas ousa mudar, simples assim, mudar a forma de atacar, como foi a opção carioca, abrindo mão de inconsequentes bolinhas e investindo no jogo interior, onde a velocidade dos seus grandões (com a dupla Meyinsse e Alexandre em alta) ao superar a menor agilidade dos paulistas, sempre se dará bem, pois não encontra nestes reciprocidade por apostarem cegamente no jogo exterior, e os números atestam a opção, com17/32 de dois pontos e 9/28 nos três dos paulistas, contra 23/40 e 6/21 respectivamente de seu oponente, que venceu por seis pontos, e que poderia ter alcançado margem maior se trocasse a metade dos erros de três por tentativas de dois (as primarias continhas…), mais precisas e eficientes, e ainda tendo a seu favor os nove lances livres perdidos do Bauru…
No entanto, algo ainda preocupa bastante, o elevado número de erros de fundamentos, 23, sendo 14 da equipe vencedora, sendo que a maioria deles foram de perdas de bola nos dribles, através alas que desconhecem a ambidestralidade (que tal treiná-los?), e passes interceptados, fatores capitais dentro de um sistema de jogo que prioriza o 1 x 1, antítese do coletivismo que muitos pregam e sequer desconfiam dos porquês de não funcionar…
E por que não funciona? Porque os técnicos que ai estão insistem na tutelagem, não admitindo a criatividade espontânea de jogadores cada vez mais descerebrados por um sistema equivocado de jogo, encordoados de fora para dentro da quadra, como marionetes manipuladas por todo o tempo de uma partida, com frenéticos técnicos determinando ações praticamente dentro da quadra (acho que ambicionam serem o sexto jogador na pesquisa da Liga…). Nos tempos pedidos, pranchetas os induzem a movimentações que se convenientemente bem treinadas as dispensariam de vez, aspecto que assombraria a corporação dos estrategistas, que seriam privados de sua vitrine midiática, colocando-os ante a realidade de um jogo, o grande jogo, que em sua maioria só conhecem através da mesma, e que vai muito além de suas “concepções filosóficas”…
Agora mesmo que redijo esse artigo, assisto o massacre do Thunders sobre o Warriors, não que tal vitória neste terceiro jogo de uma serie de sete, determine a derrota definitiva da equipe californiana, mas onde um fator se destaca sobre todos aqueles que definem o jogo, a possibilidade de defesa sobre o Curry, sobre o Thompson, sobre uma equipe que a nossa mídia especializada afiança ter modificado a forma de encarar e jogar basquetebol, como uma nova era, etc, etc e tal…
O grande jogo ainda se manterá como uma experiência de criatividade bem acima de outras modalidades, onde jogadores se bem iniciados, treinados e irmanados em torno de um bem comum, produzem arte, a arte de bem jogar, estimulados e orientados nos treinos, e auxiliados pontualmente nos jogos, por técnicos experientes e preparados na arte da liderança, ajudando e incentivando-os quando necessário nas partidas, e não tentando manipulá-los por todo o tempo, numa pantomima que atinge seu ápice através os rabiscos ininteligíveis de suas empregadoras pranchetas.
Mas acredito que sairemos, não sei bem quando, mas sairemos, dessas amarras, deste limbo intolerável…
Amém.
Em tempo – Recebi ontem esse comentário no artigo A Escola Carioca de Basquete depois de 54 anos que tive o Eddy como jogador na mesma. Uma formidável lembrança.
Joguei no primeiro time formado pelo Prof Paulo Murilo. Jogamos como Escola Carioca de Basket e depois no Vila Isabel. Foi um tempo maravilhoso. O meu amor pelo basket dura ate hoje, aqui nos EUA depois de 52 anos – tinha 17 na epoca e agora com 69. Se o nosso querido tecnico ler essas palavras, me escreva. Grande abraco. Eddy Hallock