RESPONDENDO O ÓBVIO…
Paulo, sei que você anda meio ressabiado com o nosso basquete, mas como você agiria nessa final entre Flamengo e Bauru amanhã em Marília? Acredito que alguns técnicos jovens gostariam de ouví-lo a respeito, o que acha?
Foi um email que recebi ontem de um desses jovens técnicos que, vez ou outra, me escrevem levantando questões técnico táticas que interessam aos mesmos, na grande vontade que têm de evoluírem no grande jogo, e que na opinião deles tenho sempre algo a acrescentar…
Pessoalmente acho um pouco exagerado esse interesse pelo pouco que sei, mas como sempre costumo responder a quem me escreve, vamos lá:
Inicialmente, ao esclarecer que nada do que fazem os estrategistas atuais, como dar pinotes, corridinhas, gestuais imitando voos ou cercando aves em galinheiros ao lado da quadra, berrando, assoviando (isso mesmo, já orientam jogadores com assovios, como bichinhos amestrados…), chutes em cadeiras, arremessos de pranchetas, palavrões, muitos palavrões, cavernosos gritos, intimidadores rugidos, e mais palavrões, forçando e adentrando câmeras e microfones que veiculam para milhares de lares (ainda muitos mais milhares agora com a TV aberta) suas lastimáveis continências verbais e gestuais, dirigidas, não só a seus jogadores, como, e principalmente às arbitragens, álibis perfeitos para justificar suas falências, enganos e equívocos brutais, produtos do mais tenebroso corporativismo que implantaram no basquetebol de nossa terra, tudo somado a uma forma de ver e aplicar sistemas idênticos de jogo, invencionices de ocasião grafadas em ridículas, porém mais do que midiáticas pranchetas, verdadeiras vitrines de suas sapientes qualidades de estrategistas que pensam ser, de verdade, mas não são, e jamais o serão se continuarem por esse caminho, que os qualificam como produtos de um marketing exógeno interessado e voltado a uma conveniente formação dos jovens e futuros líderes desse enorme, desigual e injusto país.
Pois bem, ao pensar, ser e atuar em antítese do que acima expus desde sempre, somente poderei agregar um posicionamento, o de nada, absolutamente nada, comungar com e como o fazem, de forma nenhuma, pois propugno pelo diálogo franco, pela pesquisa utilitária, transparente e discutida meticulosamente no treino, democrática, onde o “eu quero” sempre cede lugar para o preparo, o trabalho consensual, o sacrifício grupal e não de uns poucos, na busca do coletivismo, o verdadeiro, pois aceito, e não o pastiche do que julgam ser um conceito de equipe, onde o dedo em riste impera (ou pensa imperar…) absoluto (o último jogo da Liga Ouro bem demonstrou isso), mas até quando meus deuses?
E embalando esse triste roteiro, o aceite e a “compreensão” da mídia televisiva, e até a impressa, desse monstrengo comportamental repetitivo, monocórdio, cansativo, vicioso, comprometedor, sem que nada seja feito para expurgá-lo, e tudo isso sem falar nos comportamentos técnicos e táticos, nos sistemas adequados, nas estratégias corretas ao soerguimento do grande jogo entre nós…
Por tudo isso, é que se torna impraticável expor, frente ao que ai está descrito, o que e como agiria neste jogo do playoff final, a não ser, num hipotético exercício afirmar que, atuaria em permanente dupla armação, tripla e incisiva movimentação interior, com sucessivos corta luzes, trocas, passes curtos, e mais curtos ainda arremessos, no âmago da defesa adversária, em zona ou anteposição pessoal, com eventuais voltas de bola para o perímetro exterior, onde os arremessos longos poderiam ser exercidos com maior eficiência por terem tempo hábil para posturas equilibradas dos especialistas nesse especialíssimo arremesso, e mais eventuais ainda penetrações dos armadores, para finalizações em DPJ, mais difíceis de serem contestadas, para de 2 em 2 e 1 em 1, garantir contagem otimizada pela garantia de percentagens maiores resultantes de arremessos mais precisos pelas distâncias menores, com colocação reboteira automática pela presença dos três homens altos permanentemente dentro do perímetro interior, e mais, garantindo, pela formação utilizada, eficiência e velocidade defensiva na linha da bola, com permanente defesa dos pivôs à frente, sempre, obrigando o adversário às penetrações, concedendo ao mesmo possíveis conclusões de 2 pontos, ao se verem contestados nas tentativas de fora do perímetro…
Mas claro, todo esse hipotético exercício somente seria factível através uma preparação mais antítese ainda do que ocorre maciçamente na realidade do nosso basquetebol, onde o rachão ainda é deveras prestigiado, e onde a prática dos fundamentos não encontra a plena aceitação que deveria ter, como a ferramenta básica para a prática do grande jogo, da formação de base até a elite, indistintamente…
Então prezado leitor, me desculpe não emitir opiniões técnicas e táticas por sobre o que apresentam as duas equipes finalistas, a não ser pelo viés do que eu não faria, somente isso. Aliás, e a respeito do que aqui mais uma vez afirmei, recebi, como em todos os NBB’s anteriores, um formulário de votação para os melhores do NBB8, onde a pré escalação posicional já vinha estipulada em armador, dois alas e dois pivôs, além de outras escolhas, como sexto homem, melhor isso ou aquilo, mas de saída indo de encontro ao que acredito ser o correto, dois armadores, e três alas pivôs hábeis, velozes e elásticos, que defendi e emprego a mais de quarenta anos, e que aos poucos vai sendo aceito mundialmente, inclusive, por equipes da NBA. Não respondi…
Amém.
Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.