NA RETA FINAL…
Sai da Taquara, estacionei na Tijuca, peguei o metro e saltei em Botafogo. Caminhei muito até o ginásio, custei a encontrar a entrada, mas enfim consegui, chegando com o jogo começado, um jogo final de campeonato, Botafogo e Angra. Mas o motivo mais relevante para enfrentar tal distância foi pelo prazer de reencontrar dois jogadores que dirigi no NBB2, ambos em plena forma, e jogando ainda em alto nível, o Roberto e o Casé.
No entanto, alguns fatores negativos praticamente anularam o que poderia ter sido uma jornada brilhante de esporte, se transformando numa sucessão de falhas e erros grotescos que quase estragaram a noite decisiva.
Começando pela arbitragem, pois se três juízes encontram dificuldades num jogo final, pegado e muitas vezes violento, imagine somente dois atuando, não sei se por economia sobre verbas exíguas, ou ausência de um deles, e que enfrentaram uma tarefa realmente estafante, pressionados de todos os lados, e de todas as formas tradicionais em nossas quadras, por técnicos e jogadores, e cada vez mais invadidas pelas torcidas de futebol, antíteses das do grande jogo, num comportamento que tende a inviabilizar o soerguimento da modalidade, tão desgastada e mal gerida desde muito tempo. Invasões de torcidas, ausência de policiamento, coação aos árbitros, por muito pouco não levaram a noitada ao caos, porém salva, não por um basquete brilhante e técnico, mas pela dedicação e bravura dos jogadores de ambas as equipes, e por que não, pela presença machucada do Casé, e pela importância de um Roberto que os anos só o fazem melhorar. Pelos dois valeu a pena a odisseia para alcançar General Severiano, assim como a inevitável volta, enfrentando o périplo inverso.
Outro assunto que tem chamado a atenção são as famosas e tradicionais mudanças de jogadores pelas equipes da Liga, quando dirigentes, agentes, técnicos, insatisfeitos com alguns jogadores os trocam por outros para as mesmas posições em que atuaram, como peões de um xadrez padronizado, formatado, globalizado, em torno de um sistema único e indevassável, uniforme para todos, e quando não o é, simplesmente trocam-se as peças, para continuar como sempre, numa mesmice endêmica aceita por todos, corporativamente…
Mas de vez em quando alguns jogadores inovam, trocando equipes por algum relevante motivo, por exemplo, ansiando vaga numa seleção nacional, claro, atendendo ao aceno de técnicos envolvidos na mesma, convenientemente, num escambo de mão dupla, useiro estratagema utilizado a muito para reforçar equipes de divisões iniciais de clubes, usando seleções regionais como chamarizes, encorpando currículos profissionais dessa salutar forma…
Finalmente, as seleções ultimam o preparo para as olimpíadas, quando atuarão como sempre, presas aos chifres, punhos e polegares, porém potencializadas por uma preparação física “científica”, pois afinal de contas é a forma que as enormes e polifacetadas comissões nos tem impingido de jogar, ensaiando uma filosofia defensiva de ocasião, mantendo desde sempre a linearidade tática garantidora de capitanias hereditárias de jogadores em declínio e, acima de tudo, empregos regiamente pagos, afinal somos um país rico, culto, educado, e agora…olímpico…
E pensar que bastaria inovarmos taticamente, como produto direto da melhoria técnica nos fundamentos, possibilidade mesmo nas divisões adultas, para nos soerguermos da mediocridade em que patinamos, e continuaremos a patinar, num envolvimento pendular, monocórdio, porém seguro e estável para o corporativismo que ai está, firme, ciclópico, eterno, e sem dúvida alguma, o merecemos…
Que os deuses olímpicos nos ajudem.
Amém.
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