COINCIDÊNCIA, OU NÃO? QUEM SABE…

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No artigo anterior, entre vários fatores discutidos, um em particular sobressaiu quando do jogo de ontem entre Mogi e Flamengo, a defesa exercida pela equipe carioca, que foi capaz de contestar a contumaz artilharia mogiana, fazendo com que somente 4/31 fosse alcançada, sem deixar muitos pontos frágeis dentro do perímetro, exercendo duas ações bem definidas, a recuperação do homem batido nas tentativas de bloqueio de seu adversário, fazendo-o na recuperação defensor frontal do pivô postado ao lado da cesta, obrigando a armação mudar o possível passe de lado, pois a anteposição frontal não o permitia com segurança, quebrando sua proposta tático ofensiva, e mantendo os atacantes chutadores sob permanente pressão, obrigando-os a tentativas desequilibradas e fora do seu contexto. Duas ações bem próximas do que venho defendendo há muito tempo, pois definem em parte o que venha a se constituir uma defesa linha da bola com flutuação lateralizada, e não perpendicular a cesta, em oposição ao posicionamento da bola…

Nesta situação defensiva, não importa muito a disparidade de estatura entre um defensor em recuperação após ser ultrapassado, indo cobrir frontalmente um dos pivôs envolvidos no ataque, pois seu posicionamento frontal em constante movimentação desencoraja passes ao mesmo, até os por cobertura, que por serem elípticos, são lentos e passíveis de pronta cobertura linear, propiciando o equilíbrio defensivo, mesmo após ser rompido fora do perímetro (maiores detalhes aqui)…

Postei seis anos atrás vídeos da equipe que dirigi no NBB2, um deles, onde a perfeita síntese dessa forma de defender, comprovava a eficiência da linha da bola com flutuação lateralizada (nesse jogo o adversário não conseguiu uma assistência sequer), ação próxima utilizada pelo Flamengo no jogo de ontem, que não foi mais efetiva por ter alguns jogadores refratários ao deslocamento defensivo lateral, exatamente o aspecto técnico fundamental para o pleno sucesso da mesma. Por isso, justificou-se o relativo sucesso dos jovens jogadores colocados em ação, pois seu elã e ardor defensivo contribuiu em muito na eficiência da equipe…

Por outro lado, a equipe paulista pecou mais uma vez ao optar declaradamente pelos longos arremessos, naquelas situações básicas em que uma definição pelos dois pontos equilibraria a farra inconsequente dos três, uma marca inerente a equipe, que por isso mesmo se coloca como refém permanente de uma forma de jogar beseada no “ se cairem” vencemos, senão…

Não caíram por terem sido contestados, não equilibraram por não defenderem, e teimaram no individualismo de seus três americanos em quadra, um dos quais já ensaia seu eterno confronto com os técnicos que tentam convencê-lo a jogar em, e para a equipe, duvidando que consigam…

Coincidentemente, ou não, mais um fator técnico defendido, estudado e aplicado por mim nas quadras, a defesa linha da bola lateralizada, parece que ensaia se estabelecer por aqui, assim como as já reconhecidas e aceitas duplas armações, e alas pivôs ágeis e atléticos interagindo no perímetro interno em constantes deslocamentos, exequibilizando sistemas de jogo dinâmicos, fluidos e criativos, abrindo um enorme campo para a improvisação consciente, porém ainda limitados a influências exógenas que entravam seu desenvolvimento, tais como a ainda primária e precária didática no preparo técnico tático de equipes, e de seus fundamentos básicos de jogo, plenamente retratada pela presença limitadora e midiática de pranchetas que nada acrescentam, a não ser uma patética demonstração de “fórmulas mágicas” que não funcionam, jamais funcionarão, a não ser como autopromoção pseudamente “profissional”…

Amém.

Foto – O de sempre. Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.



2 comentários

  1. Luiz Felipe 28.01.2017

    Caríssimo Paulo Murilo,

    Com respeito a seu último parágrafo, hoje no Vasco e Flamengo tivemos uma demonstração dessa espécie de mantra que você vem repetindo aqui a respeito das pranchetas e suas falhas em comunicar como deveriam. Tivemos um tempo pedido pelo Dedé, do Vasco, faltando uns 30 s. Ele usou a prancheta, mas se comunicou claramente com os atletas, chegando a dizer algo como “aquilo que vocês estão cansados de fazer”, dando a senha (que ele próprio parece não ter notado) de que a prancheta era totalmente prescindível. Como resultado, o time fez exatamente o que o técnico pediu e converteu a bandeja. Depois, faltando pouco mais de 1 s, foi a vez do Neto, do Fla, tentar uma jogada salvadora, dado que seu time estava 1 ponto atrás. Contudo, sua comunicação foi falha e os rabiscos ininteligíveis na prancheta causaram tal confusão que um de seus atletas, após expirado o tempo pedido, perguntou como ele deveria se movimentar. Como resultado, o Olivinha não teve para quem fazer um passe limpo e o Vasco venceu a partida. A lamentar o jogo sem público, em mais uma demonstração de falta de tino e sensibilidade de dirigentes do basquete nacional, que eprdem a chance de promover o grande jogo em um clássico deste porte.

    Forte abraço!
    Luiz Felipe

  2. Basquete Brasil 30.01.2017

    Prezado Luiz Felipe, seu comentário daria assunto para laudas e laudas do que aqui escrevo nesse humilde blog, aliás, tenho escrito desde muito tempo, como um mantra mencionado por você. Porém, clamo solitário neste imenso deserto de idéias e absoluta falta de raciocínio criativo, sem quaisquer respostas, uma ao menos, nada. Ao vermos estrategistas mergulhados em suas pranchetas, com seu olhar totalmente a parte dos jogadores que dizem liderar, convictos de que são entendidos com algo que somente eles veem, e pasme, acreditam, dissociados da realidade lógica que acontece no duro embate à sua frente, passamos a duvidar seriamente da qualidade de seu treino, onde o se fazer entender deveria alcançar a dimensão do pleno domínio de seus sistemas por parte da equipe, cujos pequenos ajustes deveriam ser dirimidos nos pedidos de tempo, e não cobranças pictóricas, comerciais e midiáticas atestando seu “vasto conhecimento tático” de jogo, provando sua qualificação ao cargo de comandante, expresso em rabiscos que não exprimem absolutamente nada naqueles momentos decisivos de uma partida, onde a ação humana se faz mais presente do que um ideograma “genial”. Na jogada decisiva daquele jogo, o erro foi da inação defensiva da equipe do Flamengo, permitindo uma bandeja inconcebível àquela altura do jogo.
    Enfim, continuo na luta contra esse engodo, tornado imprescindível habito na direção de equipes em nosso país.
    Um abraço. Paulo Murilo.

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