REMINISCÊNCIAS I…


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Tenho me ocupado revendo antigos documentos, fotos, filmes em 8 e super 8mm, vídeos VHS, digitais HD e UHD mais recentes, tentando resgatar fatos e imagens importantes para minha formação, e que de certa forma continuam atuais como nunca, pois são a base de tudo que se denomina de “novidade” que pulula no cenário do basquetebol atual, seja por aqui, como lá fora, principalmente na matriz, porém com uma única diferença, recursos ilimitados de dinheiro por lá, e indigência quase absoluta por aqui, a tal ponto que, um trambique, e um sistema eleitoral viciado da CBB, nos tirou, até segunda ordem, do cenário competitivo internacional, por intervenção e suspensão determinadas pela FIBA…

E nesse delicado e político ponto, sugiro  ao novo comando de nossa confederação, que considere seguir o magistral exemplo da Confederação Brasileira de Vela, que tenho quase certeza se inspirou no posicionamento do excelente dirigente Lars Grael, quando optaram pela mudança radical no processo eletivo de sua presidência, abrindo um vasto leque de votantes, onde além dos presidentes federativos e representante dos atletas velejadores, passaram a compor o colégio eleitoral os demais atletas, os medalhados internacionais, os árbitros e os técnicos, transformando as eleições num verdadeiro pleito democrático e justo no seio da modalidade, exemplo este que poderia ser implementado pela atual direção da CBB, ajudando a quebrar bastante a resistência da FIBA, e paralelamente compor com a mesma a melhor forma de pagamento da dívida que a antiga administração assumiu e não pagou, pela participação do país no último mundial…

Tenho certeza de que a suspensão seria avaliada com mais atenção, pois um país com a nossa tradição no grande jogo não deveria estar afastado das grandes competições por longo tempo, o que ocasionará um retrocesso de difícil recuperação mais adiante. Se obstáculos federativos se opuserem a essa solução, que apresentem uma melhor, mas que não seja a da manutenção dos favorecimentos, escambos e trocas de interesses, profundamente enraizados em nossas administrações esportivas desde sempre, fator primal de nossa derrocada progressiva e inexorável na continuação do que estabeleceram nas últimas três décadas de desmandos praticamente institucionalizados…

Voltando às reminiscências, vasto material didático, pedagógico e histórico aguardam uma competente revisão, limpeza e montagem, a fim de ser veiculado pelo blog, dando continuidade a sua maior e mais significativa função, a de facilitar seu conhecimento por todos aqueles que amam, estudam, pesquisam e divulgam o grande jogo junto aos mais jovens, destinatários naturais do que representam para auxiliá-los em seu desenvolvimento técnico, tático e cidadão…

Pena, muita pena que a ENTB, atualmente fora do ar, fruto falido de uma organização inicial altamente equivocada (já abordei esse assunto em muitos artigos aqui no blog), esteja ausente nesse momento de soerguimento do basquetebol brasileiro, sendo, inclusive, um dos pontos abordados pela FIBA em suas restrições, e que necessita ser reestruturada profundamente, praticamente refeita, a fim de se colocar como um dos balizadores técnicos da modalidade, sendo de fundamental importância no seu desenvolvimento massivo nas escolas, clubes e pequenas ligas a serem implementadas por todo o território nacional, pela formação complementar de técnicos e professores que se iniciam no ensino, cuja formação básica é adquirida nos cursos superiores de educação física e desportos, e o aperfeiçoamento dos mais veteranos, oportunizando-os a melhores insumos e conteúdos de treinamento, sistemas de jogo, avaliando sistematicamente seu progresso meritório, fatores qualificantes para assumir níveis profissionais pelo trabalho realizado, e não por cursinhos de 4 dias, ouvindo inócuas palestras sentados em bancadas…

Quanto ao material acima explicitado, estou dando partida em sua recuperação, que será longa e trabalhosa, mas creio exitosa mais adiante, pois representa toda uma gama de experiências que precisam ser revividas e reativadas, para que não vicejem amiúde, falsos e oportunistas “profetas” do que sempre existiu, quando, é claro, jamais se darão ao trabalho de irem às origens de suas “proféticas certezas”, todas elas cognominadas de chifres, punhos, hangs, picks, camisas, quatro abertos, e muitos, muitos chutes de três, tudo emoldurado por midiáticas pranchetas, sem as quais ficariam pendurados na broxa, sem ter como se expressar em português, e inglês também…

Sou de um tempo, não tão distante assim, quando íamos para a quadra treinar a não mais poder os fundamentos individuais e coletivos, horas de meia quadra, horas ensinando e ajustando arremessos, corrigindo grandes e pequenos detalhes, até os ínfimos, aqueles que vencem jogos, teimosamente, repetindo, modificando, delimitando, abrindo, discutindo posicionamentos e novas idéias, dando preferência aos movimentos defensivos, inclusive incentivando-os a combaterem o próprio e proprietário sistema ofensivo adotado pela equipe, exigindo que o anulassem, pois seria essa a missão dos adversários, obrigando a todos a encontrar caminhos diferentes dentro do sistema, sem o abandonar, exigindo atenção ao rítmo e andamento das jogadas, dos posicionamentos e coberturas defensivas, onde a prancheta maior estava sob seus pés, a grande e sagrada quadra de jogo, onde as verdades verdadeiras são encontradas ou esquecidas, pois movimento nenhum, por mais automátizado que pareça nunca se repete, indicando a mais verossímil das verdades no formidável e extenso terreno dos sistemas de jogo – o bom sistema não é aquele que sistematicamente dá certo (sintoma de ineficácia defensiva do oponente), e sim aquele que desencadeia no adversário comportamentos defensivos que, quanto mais previsíveis forem, melhores serão seus resultados – Logo, sendo o treino o verdadeiro objetivo funcional de um técnico, de um professor, pouco será necessário ser acrescentado durante o jogo para valer, a não ser pontuais ajustes, de cunho mais comportamental que técnico, fator este que dispensa penduricalhos midiáticos, como pranchetas e canetas hidrográficas. O técnico tem seu momento primordial no treino, o jogador no jogo, onde se realizará com inteligência, liberdade e responsabilidade, e não ser encordoado como marionete, sendo manobrado de fora para dentro da quadra por um …estrategista, que desconfio seriamente aceite abandonar seus momentos de maior afirmação nas coreografias na lateral da quadra, estudada coerção na arbitragem, palavrões e gritaria nos pedidos de tempo, e o climax mais emblemático, sua atuação performática consagradora, a demonstração de conhecimentos e domínio das mais complexas situações do jogo, grafadas em sua prancheta mágica, para deleite de uma mídia ufanista e festeira, para a gloria do basquetebol nacional. Pena que nada daquela encenação dá minimamente certo, mas que impressiona, impressiona… 

Amém.

Foto- Divulgação CBB.



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