NOVIDADES SEM FUNDAMENTOS? NÃO VALE…
Oi Paulo, que tal as novidades que se acumulam a cada ano do NBB, tornando-o hoje um produto, como afirmam, de primeira? Com este chamado do amigo sócio benemérito deste humilde blog, sou forçado a tecer alguns comentários sobre tais novidades, mas não antes de reforçar minha opinião de que ainda continuaremos afastados da matriz por um bom par de décadas, sem perspectivas de evolução antes deste prazo, e talvez nunca, pois são realidades tão diferentes, que inviabiliza a compreensão colonizada da turma fascinada por algo poderoso que a manipula a seu bel prazer e interesses, de uma forma metódica e estratégica…
Metódica, porque sedimenta a cada temporada, os princípios técnico táticos do que definem como “basquete internacional”, realidade sistêmica padronizada e formatada pelo corporativismo vigente, imune a novas interpretações do grande jogo, num clube fechado composto por técnicos, jogadores, diretores, agentes, empresários e mídias, que a mantém intocada…
Estratégica, pelo fato direto de ser nosso país um mercado futuro promissor aos declarados interesses da matriz, não fosse nossa liga atrelada de maneira única no mundo basqueteiro à mesma, e que ensaia atrevidamente, inclusive, incidir no desporto escolar, numa ação que não lhe diz respeito a nível constitucional…
Visto e colocado isto, quais novidades são estas que apregoam estar fazendo evoluir o grande jogo entre nós? Segundo a mídia dita especializada, a introdução de espetáculos de entretenimento para o público (?), até circenses, líderes de torcida, mascotes, premiações, estão gerando maior interesse pelos espetáculos, trazendo para as quadras assistentes que os valorizam até mais que o jogo em si, atraindo cada vez mais os diferenciados torcedores de futebol, com sua cultura violenta e passional, desvirtuando a tradição desportiva do basquetebol, onde a imagem de um alambrado soa como uma injúria, assim como as agressões verbais e físicas comuns aos mesmos, mas que mesmo assim mantém os ginásios e arenas semi vazios. Basqueteiros de verdade são adeptos do quinto tempo, quando discutem técnica e taticamente suas equipes, com respeito e acima de tudo, educação. Foi sempre assim, e deveria continuar sendo assim, mas no entanto se ausentam pelo péssimo nível das partidas, pois emoções dissociadas da técnica, não vale…
Mais novidades? Vejamos, a cópia canhestra e fora de nossa cultura na apresentação de nossas equipes, em tudo e por tudo emulando as americanas, com suas rodinhas tribais, túneis e cumprimentos movidos a tapas e peitadas, e claro, as reuniões midiáticas de técnicos e jogadores em quadra antes da bola subir, ações estas que deveriam ter ocorrido nos vestiários, assim como a última novidade, as reuniões de técnicos e assistentes nos pedidos de tempo, deixando os jogadores com um mínimo de segundos que sobram de tão “importantes e básicos” encontros, demonstrando a cada temporada que passa a perda de comando consciente e determinante de um técnico de fato. Mas que diferença pode fazer se todos eles pensam e agem dentro da formatada padronização de onde se originaram como jogadores?…
Então caro amigo, que novidades foram estas, senão um baita atraso, retrocesso mesmo, diante do que éramos como verdadeiros conhecedores do grande jogo, ou não?…
Então, sem fundamentos e presos a um sistema único de jogo, quais as novidades que tanto apregoam, quais? Transformar um segundo armador em ala, mantendo a integralidade dos chifres, punhos e camisas? Não vale. Arriscar timidamente atuar com dois pivôs, dissociados pelas distâncias, mantendo-os na linha dos três pontos? Não vale. Abrir os cinco para ter mais espaços, a fim de chifrar desordenadamente em penetrações onde as técnicas no controle de bola e do corpo inexistem? Não vale. Deixar um pivozão sozinho e de costas enquanto o restante da equipe aplaude? Não vale…
Porém, o que deveria valer, de verdade, seria o reestímulo ao treinamento severo dos fundamentos para todos, adultos e jovens, orientados por quem realmente conhece fundamentos, para que conhecessem e dominassem as ferramentas básicas do jogo, o corpo e a bola, nessa ordem, para que bem mais tarde se colocassem a serviço consciente de sistemas de jogo criados para destacar suas competências, e não os acorrentarem a um sistema no qual qualquer deslocamento ou ação parte dos devaneios infantis e descerebrados de estrategistas e suas midiáticas pranchetas, num espetáculo chinfrim de desconhecimento quase total do que venha a ser o grande jogo, aquele em que a criatividade e o improviso se sobrepõe ao passo marcado, pois só improvisa que sabe, quem domina a arte de jogar basquetebol ensinada e aprendida através do esforço e dedicação de uma vida, cujos exemplos em quadra e fora dela sempre foram os assuntos discutidos nos quintos tempos, pelos verdadeiros torcedores, hoje ausentes em jogos previsíveis pela mesmice endêmica que se apoderou inexoravelmente dele, até um dia em que…
Meus deuses, até quando, até quando?
‘Amém.
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