AQUILO?…
Assisti o jogo pela TV, atento como sempre, atônito e me beliscando para ter a certeza de que não errei o canal, trocando-o pelo Cience Sfy, pelo inacreditável que emanava da tela, pelo inconcebível que testemunhava. Agora mesmo, tenho os números dispostos a minha frente, encostados no monitor, e olhando fixamente para os mesmos, continuo na dúvida se realmente assisti tudo aquilo, isso mesmo, aquilo, e não um jogo de basquetebol sério e coerente, do tipo que se bem ensinado e aprendido pelos jovens que se iniciam e adoram o grande jogo, os marcarão para o resto de suas vidas…
Mas aquilo? Me perdoem mais uma vez, aquilo não é decididamente basquetebol, e tanto é verdade que o estrategista guru da nova era que diz ter implantado, não aguentou e se retirou antes do fim, claro, premiado com duas faltas técnicas que provocou, criando um excelente álibi ao se ver derrotado, exatamente pela mesma cicuta que o fez guru na fase classificatória, em que convergiu em todas as partidas, estabelecendo o reinado das bolinhas em caráter definitivo para sua autofágica equipe, iludida pelo autodeterminismo de uma forma absolutamente absurda de jogar…
E os números Paulo, os números, e o que falam, como as pranchetas, explicam algo? Explicam, e muito, senão vejamos – Inacreditáveis 23/73 (11/40 para o Paulistano e 12/33 para Bauru) arremessos de 3 foram disparados, livres, raramente contestados, equilibrados, desequilibrados, em contra ataque, e até com os dois pés fixos no solo, numa quantidade que suplantou os de 2 pontos que ficaram num xoxo 22/56, sendo 10/28 para para o Paulistano e 12/28 para Bauru, complementados com os respectivos 6/9 e 10/14 Lances livres, tudo emoldurado pelos 26 erros de fundamentos (10/16), num digno fecho de sucata que mereceram…
O que se viu então, e o que nos aguarda se essa turma de estrategistas assumir nossas seleções daqui para frente (o que já está ocorrendo, infelizmente), senão o enterro definitivo do que ainda resta de digno e respeitável no grande, grandíssimo jogo entre nós, que teimam, insistem em destruir, escravos que são da falácia de que somos o ultra sumo dos arremessadores, neste mundinho chinfrim de falsos especialistas da longa distância, que tentam escamotear suas terríveis deficiências nos fundamentos mais básicos afastando-se da cesta, das zonas onde se dão os combates que determinam as vitórias, daí a lógica explicação do sucesso de americanos de baixa qualificação que aqui aportam, que mesmo assim são infinitamente superiores nos fundamentos, fruto de uma forte e tradicional formação de base em suas escolas e universidades…
Jogos deste teor nos preocupam, pois remetem as habilidades do drible, das fintas, dos passes, das seguras conclusões, da ação defensiva, chaves do coletivismo, para o limbo da aventura pura e simples, ou algum deles saberia discorrer na teoria e na prática da importância do controle do eixo diametral da bola no momento da soltura da mesma em direção a cesta, e a correta empunhadura a ser utilizada, saberia? Creio absolutamente que não, pois grassa no meio em que vivem, treinam e jogam o princípio do treino extra, aquele dos 500 ou mil arremessos, inúteis e dispersivos, na medida em que não sabem como e os porquês do fino e seletivo ato de arremessar uma esfera a mais de 6 metros e meio com pleno conhecimento tátil e mental no correto e controlado direcionamento a cesta, antítese dos costumeiros air balls, que foram muitos no jogo de hoje…
Convergências extremas como a do “espetacular” jogo de hoje deixam no ar uma definitiva questão – O que farão perante defesas fortes e contestadoras de verdade nas grandes competições internacionais, o que? Adianto um pouco, nada, nada mesmo, pois as grandes equipes senhoras dos fundamentos não permitirão, ainda mais quando pivosões vão lá para fora rivalizar com alas e armadores, numa demonstração tácita das imensas deficiências de suas equipes no jogo coletivo, aqui minoradas pela presença de americanos, que se fartam a granel ante tanta ausência defensiva, para gáudio de estrategistas que estabeleceram e estabelecerão mais ainda os famigerados duelos, quando o último a lançar a bola, se retira e apaga a luz, a luz do tão ausente bom senso. Uma lástima…
Amém.
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