AGENTES (FROM DUBLIN)…
Sobrou um tempinho, perdido entre as enormes caminhadas desbravando segredos e encantos de Dublin, suficiente para elaborar este artigo, que sucedeu uma rápida leitura sobre as novidades esportivas brasileiras, incluso o basquetebol, em sites, blogs e pelo jornal digital que assino, quando um comentário me chamou a atenção, ao mencionar a “enxurrada de currículos” enviados por agentes, de técnicos se candidatando a direção da equipe do Flamengo, com a saída de seu premiado comandante na semana passada…
Fiquei curioso e algo assustado, pois não imaginava que técnicos de basquetebol fossem conduzidos e determinados por agentes, campo fértil entre os jogadores, mas não entre os técnicos, pelo menos assim pensava até me deparar com a instigante matéria, que na dura realidade confirma um processo de cartel, que de algum tempo venho questionando quando da formação de equipes da LNB, e a enorme influência de agentes e empresários na formação das mesmas, porem nao voltadas, assim pensava, nas indicações de técnicos, que no meu ferrenho ponto de vista, deveriam ser os responsáveis diretos nas indicações e contratações de jogadores, pois acima de tudo e todos, serão os líderes diretos na formação, orientação e condução das equipes nas competições, secundados por assistentes e auxiliares de sua mais estrita confiança. Mas pelo que começo a compreender (perdoem-me os leitores minha aparente ingenuidade sobre uma evidência, que solidifica agora todo um raciocínio que expunha nos artigos escritos até agora sobre o assunto), diretores, supervisores, agentes, beneméritos, palpiteiros, eminências pardas, constituíam, equipes completas para depois nomearem os técnicos, numa ação com poucas exceções nas mais fortes franquias, culminando agora pelo agenciamento dos técnicos também?…
Meus deuses, seria o fim do mais primário princípio de liderança, aquela garantida e avalizada pelo mérito, pelo reconhecimento profissional, pelo respeito inter pares, pelo sério e inatacável currículo enfim, e não como moeda de troca, o toma lá dá cá abjeto e humilhante, subtraído da competência e do conhecimento basilar do grande jogo…
Dois ou tres anos atras, numa discussão profissional com meu filho André Luis, ele me afirmou convicto – Pai, procure um agente que você retorna ao basquetebol – Simplesmente me neguei a concordar com algo inimaginável para mim, em todos os sentidos, éticos e profissionais, mas agora, perante o trágico realismo da cena nacional, devo admitir que ele estava com a razão, porém não suficiente para abdicar os princípios que sempre orientaram e regularam minha vida de professor, técnico e jornalista, onde o agente maior, mais poderoso e influente, seria agora, como sempre foi antes, o aval qualificatório garantidor do meu trabalho profissional…
Nesses oito anos que me separam da única oportunidade que me foi dada no NBB, abordei alguns aspectos da infame e notória covardia a que fiz jus pela independência de pensar e agir no grande jogo, e muito poucos defenderam essa posição, mas a esmagadora maioria dos técnicos aplicam hoje situações e estratégias de jogo que foram desenvolvidas por mim desde sempre, e sequer mencionam a fonte, preferindo incensar estrangeiros e a matriz, num processo autofágico que muito em breve cobrará, com altos juros tanta vassalagem. Outras e sérias verdades guardo para mim, nunca esquecendo, no entanto que – podem enterrar a verdade o mais fundo que puderem, porém matá-la, nunca, pois um dia ela ressurgirá, como tudo na vida, na natureza…
Amem.
Foto – Visita ao Trinity College. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.
Em tempo – Sonho ou realidade, adoraria estar agora ensinando como jogar contra esse primitivo “chega e chuta” que tanto empobrece e. vulgariza o grande jogo, inclusive na matriz…