O QUALIFICADO E CLASSIFICATÓRIO PRESENTE…
Chegou ao final o sul americano sub 15 masculino, com a vitória brasileira sobre os anfitriões por 65 x 57, com 36 pontos anotados por Felipe Motta (55,3% do total da equipe), que atuou por 38:30 min, arremessou 7/9 de 2 pontos, 6/11 de 3, 4/6 nos lances livres, pegou 6 rebotes (1/5), deu 1 assistência, errou 5 vezes nos fundamentos(alguns deles, como no restante da equipe, motivados pelo piso escorregadio), conseguindo 29 pontos na eficiência, sendo ao final do torneio premiado como o jogador mais valioso, repetindo o feito quando do sul americano sub 14…
Por que a ênfase na atuação do jovem Felipe, italiano de nascimento, filho de brasileiros radicados na Europa, ensinado e treinado por seu pai e atualmente vivendo em Roma onde se aperfeiçoa no Club Stella Azurra, onde vem conquistando inúmeros títulos nos torneios de base europeus, continente em que sempre jogou? Bem, o que salta aos olhos é o inconteste fato de que sem a presença dele, dificilmente venceríamos este sul americano, classificatório ao mundial sub 16, haja vista a superioridade nos fundamentos das equipes platinas sobre a nossa, a tal ponto que o comentarista do jogo final mencionou estar o Filipe jogando num altíssimo nível, muito além dos demais competidores, desequilibrando a disputa de forma absoluta, e mais, atuando numa quadra escorregadia e perigosa pelas incontáveis goteiras por toda a sua área, situação esta que deveria ter forçado um adiamento, e que por sorte não ocasionou sérias lesões nos jovens jogadores. A nata sul americana das jovens promessas merecia algo bem melhor do que aquele chiqueiro…
Continuando o raciocínio do por que da ênfase, agrego mais um determinante fator, o de somente termos utilizado nas duas partidas finais 9 jogadores, pois 3 deles, Vinicius, Warley e Paulo não atuaram, gerando uma questão séria em se tratando de uma seleção nacional – Por acaso deixaram de ir jogadores melhores e utilizáveis, ou foram somente para “vivenciar o clima de uma seleção”? Ainda mais quando foi exigido esforço máximo, inclusive na prorrogação contra a Argentina, de 3 jogadores atuando praticamente o tempo inteiro nos dois jogos finais, explicando em parte o decréscimo dos mesmos nos terceiros quartos das partidas, afinal, são adolescentes em processo de maturação física e emocional, e não craques formados e vacinados, que mesmo assim não atuam o tempo inteiro. Mas o que pareceu importar foi alcançado, a vitória dada de presente por um jovem talento totalmente construído lá fora, ao vedar com presteza e técnica superior o permanente rombo em nossa frágil e inculta formação de base, cujos responsáveis trombetearão, sem dúvida nenhuma, o alto nível que já alcançamos, numa falseada apropriação, enfeitada pelas pranchetas midiáticas de praxe…
Obviamente não podemos negar que esta seleção, base para os ciclos olímpicos que se avizinham, possui jovens talentosos, altos e fortes, armadores promissores, porém alguns furos abaixo de muitos países no contexto do conhecimento pleno e prático dos fundamentos básicos individuais e coletivos do grande jogo, e que de forma alguma podem continuar a se perder agrilhoados a sistemas castradores, de passes intermináveis de contorno, de driblação (melhor termo que encontrei…) inócua e exibicionista entre as pernas, “encerando” o solo em longos trajetos de domínio da bola, perdendo-a ao tentar cortes em mudanças de direção, não dominar os giros, arremessar precipitadamente, errar arremessos fáceis, bandejas inclusive, defender em pé, com os braços, e não com o tronco e as pernas, fixação angular e não periférica permanente na bola, perdendo posicionamentos em rebotes defensivos e ofensivos, desconhecer os primados das flutuações defensivas, base da arte superior de defender um perímetro, se perderem sob pressão quadra inteira, até na reposição de um singelo lateral, desconhecer o “jogar sem a bola”, todos fatores que pouco dominamos, pois não são devida e competentemente ensinados, treinados e exequibilizados através sistemas que os auxiliem em suas valências pessoais, e não como provas de conhecimentos técnico táticos explanados em pranchetas ininteligíveis, por parte de estrategistas, que teimam em negar o fato indiscutível de ser a acuidade e percepção visual o mais lento dos sentidos, principalmente quando sujeito a análises de transposição topográfica por parte de jogadores pressionados e exauridos, abarrotando-os de informações impossíveis de processar em precários segundos…
Fica então bem estabelecido o sintomático alerta, aquele que define limites das nossas reais condições de praticantes eficientes e competentes dos fundamentos do jogo, numa constatação comparativa e decisiva entre jogadores de uma seleção nacional, frente a um jogador diferenciado em sua formação básica, física e emocional, produto direto de uma escola superiormente desenvolvida, a tal ponto de se constituir no fator responsável e direto da(s) conquista(s) alcançada(s), nas subs 14 e 15 sul americanas…
Parabenizo a equipe, sem a qual o Felipe não poderia oportunizar sua qualidade de futuroso e decisivo jogador, que sem a menor dúvida, e no tempo devido, alcançará o patamar e merecido reconhecimento, fruto de muito trabalho e dedicação, as mesmas qualidades que deveriam premiar seus companheiros se devidamente ensinados e treinados por quem de direito, como ele o é…
Amém.
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Olá Professor
Assisti o jogo do Brasil contra o Uruguai e fiquei impressionado com o garoto Motta.
Achei que ele fosse um destes “milagres” que aparecem perdidos em nosso país porém, quando o senhor disse que ele foi formado no Stella Azurra da Italia, fiquei mais tranquilo visto que se trata de uma das melhores escolas de base da Italia.Digo isso porque sou formado na escola italiana de treinadores de basquete, e por isso, conheço bem o Stella Azurra e posso garantir isso.
Parabéns pela sua análise sempre objetiva, indo na raiz do problema.
Um grande abraço
Sim Bruno, são verdades que precisam ser ditas, sem rodeios, diretas, honestas e sempre no intúito de lembrar caminhos negligenciados, perigosos para o futuro do grande jogo. Separar o joio do trigo não é tarefa fácil, porém possível. Obrigado por sua audiência. Paulo Murilo.