ESSE É O NOSSO BASQUETEBOL…

Foi dada a partida para as finais do NBB11, tendo como palco o ex grandioso Maracanãzinho (outrora com 25 mil lugares, onde o basquetebol arrastava enormes públicos, hoje transformado em arena padrâo olímpico para 12 mil), com uma platéia meia boca ( 6 mil e poucos presentes), advinda em sua maioria do futebol, num importante momento em que passa o grande jogo em nosso país, indeciso entre a promoção de um espetáculo midiático a la NBA, e a necessidade premente de uma retomada séria e estratégica  numa formação de base responsável e profunda, se quisermos voltar a ostentar os padrões de quando o grande ginásio Gilberto Cardoso era a verdadeira meca do basquetebol brasileiro. Mas, pelo andar da carruagem, ficam cada vez mais claras as opções pelos caminhos emanados ou simplesmente copiados da matriz, que não nos levará a um lugar melhor do que o ostentado por nós no momento…

Pra começar, observem os dois quadros estatísticos a seguir (tempo…). Leram com atenção?

As duas equipes arremessaram 33/72 bolas de 2 pontos e 24/64 de 3, com a equipe carioca convertendo 19 de 2, e a paulista 14, e ambas acertando 12 bolas de 3 cada uma, num jogo com 12/15 lances livres (prova da baixa incidência defensiva, dentro e fora do perímetro), poucos erros (5 do Flamengo e 10 do Franca), deixando bem claro onde os rubro negros se impuseram, nos rebotes (42/36), e nas cinco bolas de 2 pontos a mais do que os francanos. Em miúdos, se esbaldaram na chutação de fora, e o vencedor foi aquele que se impôs dentro do perímetro, apesar da turma que destila altas considerações táticas e técnicas, conceituar as bolinhas como o fator decisivo dentro da quadra, como sendo o futuro do grande jogo, omitindo que empataram nas mesmas (12 para cada). Agora, que tal irmos as continhas? Se ambas as equipes trocassem a metade das bolas perdidas de 3 pontos (foram 40), por tentativas de 2, ferindo as defesas em profundidade, através seus bons pivôs, conseguindo faltas dos defensores, pendurando alguns, cobrando mais lances livres, é bem provável que o jogo teria sido outro, bem diferente do duelo de tiro aos pombos que propuseram e deleitaram a turma fan de carteirinha do jogo a la Curry/Thompson/Durant, que somente existe lá na matriz, jogando um outro jogo, um outro business, com regras diferentes, e grana a não mais poder, que é o que nos falta, e faltará por um ainda longo tempo…

Entretanto, alguns fatores saltam aos olhos calejados de quem milita no grande jogo desde sempre, começando com a inexistência de qualquer sistema interior ofensivo por parte da equipe francana, quando a função mais efetiva de pivô era realizada pelo armador Jackson em várias ocasiôes, quando a imobilidade “ espaçada” de seus atacantes simplesmente observava a luta solitária de um pivô contra a forte defesa interna rubro negra, torcendo pela volta da bola para mais um pombo sem asas de ocasião. Por outro lado, a turma carioca vez por outra desencadeava um jogo de pivôs, com o Varejão cada vez mais a vontade nessa retomada de jogador pontuador e decisivo, e não mero recolhedor de rebotes a serviço dos LeBrons da grande liga, serviço muito bem pago, que seja dito e lembrado, e anelado também…

Enfim, pelo andar do andor, e se não houver uma completa reestruturação tática por parte de Franca, um tanto difícil na atual conjectura (?), mantendo, e até ampliando o Flamengo seu jogo dentro e fora do perímetro, com movimentação de pelo menos a maioria de seus jogadores a cada ataque efetuado, economizando mais na chutação (mesmo “ estando livres”), priorizando as bolas estatisticamente mais seguras, e se mantendo firme defensivamente, nas antecipações e trocas velozes, fatores que ajudam em muito nas contestações aos longos arremessos, acredito que vença a competição, a não ser que, emergindo das cinzas, surja uma fênix francana, antítese do que apresentou aqui no Rio, para que em seu “ templo do basquete brasileiro” apresente algo de realmente novo, inusitado, diferenciado, que a torne merecedora do tão sonhado caneco, principalmente pelo jogo coletivo e não tão dependente de um americano, que em entrevista recente se queixava de não acontecerem prêmiações financeiras em disputas de finais, profissional dedicado que é…

Amém.

Fotos – Divulgação CBB, e reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.



2 comentários

  1. Lauriberto Brocco 20.05.2019

    Paulo o que vc acha da proposta da liga de cada equipe poder ter até 4 (quatro) estrangeiros? Acho que é a pá de cal no basquete brasileiro.

  2. Basquete Brasil 20.05.2019

    E como você considera a influência dos agentes, empresários, e a própria NBA de olho num potencial mercado de alguns milhões de jovens patrícios, num momento em que o governo brasileiro se lança de mala e cuia no colo da matriz, como prezado Brocco, como?
    Essa é a tragédia anunciada meu caro, liderada pelo corporativismo que se apossou do grande jogo tupiniquim, para o qual tentar dialogar pela luta por uma formação de base responsável e fundamentada em nossos valores, na preparação e treinamento de professores e técnicos, simples e baratos equipamentos em nossas escolas e falimentares clubes, se perde no buraco negro de interesses dolarizados, basta ver o poder da NBA em nossos meios de comunicação, que sonha poder transmitir e comentar seus jogos no mais puro e castiço idioma bretão. Tem muita grana em jogo, e nada mais rentável do que importar as sobras das centenas de camps advindos das universidades, e mesmo das D Leagues da própria NBA, num investimento pífio para os padrões da mesma, e com dividendos comerciais futuros atraentes abaixo da linha do equador, para a felicidade e glória de nossos pranchetados estrategistas.
    O que sobrará para o desporto nacional, se a educação básica e estratégica é tratada pelo governo, ontem e hoje, da forma mais pusilânime possível?
    Concordo com você Brocca, será mais um tufo de terra na cova em que tentam sepultar o grande, grandíssimo jogo em nosso imenso e injusto país.
    Um abraço. Paulo Murilo.

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