LEMBRANDO O ÓBVIO…
PARA QUE NÃO ESQUEÇAM JAMAIS…
“NOMES”…
terça-feira, 12 de junho de 2012 por Paulo Murilo– Editar post– 6 Comentários
Depois de postar uma notinha de rodapé com a final do NBB, o jornalão publica hoje uma meia página de equivoco completo, pois, seguindo a tendência colonizada e subserviente de grande parte de nossa mídia esportiva (?), teima e força a opinião de que basquete seja um jogo individual, demonstrando sua mais absoluta ignorância sobre o grande jogo, pequeno para ela.
Mas lá para dentro da matéria, o Durant coloca as coisas nos devidos lugares, quando afirma: – “Todos estão falando sobre meu duelo com LeBron, mas é Thunder contra Heart(…) Não é um jogo de um contra o outro para vencer a série. Os times é que vão decidir tudo, e vai ser divertido”.
Como vemos, o jovem jogador tem um bom senso mais evoluído do que a turminha torcedora…e ignorante da realidade do grande jogo…
Sem dúvida alguma assistiremos logo mais o inicio da mais divulgada, incensada e cultuada série de peladas monumentais, protagonizadas por excelentes jogadores, as mesmas que em hipótese alguma serão emuladas pela equipe olímpica americana sob o comando do Coach K, isto porque, se assim jogasse em Londres, não pegaria o caneco, pois jogar uma competição FIBA, com suas regras diferenciadas da NBA quanto aos embates e violações, complicaria sua participação frente a equipes mais afeitas às mesmas, além de se comportarem como equipes, e não como palco de solistas geniais.
Sei muito bem que esse enfoque levantará imensos e contrariados comentários, e mesmo aversões, mas mantenho esse ponto de vista, bem aproximado do grande professor, comentarista e brilhante jogador Wlamir Marques, quanto a essa inegável constatação, a de que há muito, a NBA desenvolve um jogo basicamente focado no individualismo exacerbado, como ponto de sustentação de apelo popular pela busca do estrelismo, da paixão pelos ídolos e materialização iconográfica.
Por conta dessa triste realidade, aqui pela terra tupiniquim, dirigentes e, às vezes, técnicos, que se reestruturam para o NBB5, correm aberta ou veladamente na busca dos “nomes”, dos melhores e mais ranqueados “1 a 5”, para comporem suas equipes, comparando-os posicionalmente, pareando-os, como personagens de futuros embates 1 x 1, sabedores que são de que a contratação de um bom número deles por sobre as demais equipes, provavelmente os tornarão “imbatíveis”, pelo menos em suas concepções megalomaníacas, condições estas que fazem a festa de agentes inteligentes e oportunistas, principalmente num mercado que tende a crescer junto à relativa estabilidade econômica do país.
Claro, que num país em que um sistema único de jogo prevalece de forma incontestável e esmagadora, o enfoque descrito acima se encaixa com precisão cirúrgica, já que dificilmente contestado por qualquer outro modo de se ver e jogar o grande jogo, e concretizado pelo estabelecimento da mesmice endêmica técnico tática, que se faz presente desde sempre entre nós.
Kevin Durant, singelamente põe os pingos nos is, lá, na terra do basquete, dos contratos milionários, da Xanadú que grande parte de nossa mídia e torcedores sonha em pertencer, o de como deve ser visto, sentido e jogado o basquetebol, e não aquele que professamos subservientes e colonizados da forma mais fantasiosa e irreal possível.
Enquanto isso, muitos, muitos mesmos, jogadores jovens e veteranos são esquecidos por não terem “nomes” midiáticos, mas prontos e aptos para alçarem novos sistemas de jogo que os redimam e projetem do limbo em que se encontram, pela ignorância e submissão a um sistema único, mantido por uma confraria, um corporativismo técnico tático que nos oprime, humilha e fere de morte. Aliás, ontem mesmo nossos hermanos, por mais uma vez, nos lembraram disso.
Que nossa seleção fuja um pouco, ou o suficiente, desses grilhões absurdos e ignorantes, arejando nosso jogo, nossa defesa, nosso espírito empreendedor e corajoso, como se comportou a geração do grande Wlamir, com seu coletivismo e pluralidade. Torço por isso.
Amém.
Foto – Reprodução do O Globo de 12/6/2012. Clique na mesma duas vezes para ampliá-la.
6 comentários
- Alexandre
- 14.06.2012
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- Perfeito o Post Professor !!
- Basquete Brasil
- 15.06.2012
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- Sim, prezado Alexandre, talvez perfeito, tristemente perfeito, mostrando uma realidade que gostaria jamais retratar. Trocaria tão pretensa perfeição por algo que representasse um basquete mais justo, mais ousado, mais equilibrado. Infelizmente, uma triste e idesejável perfeição.Um abraço, Paulo Murilo.
- Douglas
- 16.06.2012
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- Olá, professor.
Parece-me que esse é um defeito da mídia atual, não só no basquete, como em todos os esportes coletivos. Gosto muito de esportes em geral, principalmente os coletivos (até o Curling, que não há nenhuma tradição nacional, e até é desconhecido da maioria no Brasil, acho interessantíssimo). Sempre que vejo a mídia falar dos grandes confrontos, torna-se um 1×1. Por exemplo, no último jogo entre Argentina e Brasil, tornou-se um Messi x Neymar, e não só aqui no Brasil. As próprias patrocinadoras de ambos fizeram marketing dessa forma, em um Adidas x Nike. No volei, tanto masculino, quanto feminino, ocorreu o mesmo. Apenas não vi tal coisa acontecer nos noticiários da semifinal da Taça Libertadores da América, ficou um discrepante Neymar x Corinthians, já que o Corinthians não possui um destaque único, é muito elogiado, inclusive, pelo seu coletivismo.
Enfim, não sei se isso ocorre por uma tentativa de resumo, já que é difícil analisar um esporte coletivo, dada as qualidades e defeitos que podem ser gerados pela “mistura” dos indivíduos participantes das equipes, então torna-se mais fácil eleger um de cada lado e analisar por esses tais maiorais. Ou por um apelo “marketeiro”, onde nomes únicos de cada lado são mais importantes que coletivos, e, principalmente, menos custosos, já que fazer um único ídolo e concentrar os esforços e dinheiro nele é mais fácil.
Abraços! - Basquete Brasil
- 16.06.2012
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- Creio, prezado Douglas, que a verdadeira explicação desta tendência ao individualismo realçado, deva-se exclusivamente à mais absoluta ignorância do que venha a ser analisar o grande jogo. Simplesmente não o conhecem, e o pior, não se esforçam em estudá-lo. Reconheço que é complexo, mas não perdoo os absurdos que escrevem sobre ele.
Um abraço, Paulo Murilo. - Eduardo Mezzomo
- 21.06.2012
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- http://balanacesta.blogosfera.uol.com.br/2012/06/19/coluna-extratime-abdul-jabbar-afirma-que-pouco-tempo-de-ncaa-afeta-qualidade-da-nba/
No ótimo blog Bala na cesta, uma declaração deste extraordinário pivô que faz um correto diagnóstico da situação da NBA atual. - Basquete Brasil
- 22.06.2012
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- Obrigado pelo link, prezado Eduardo. Realmente, o grande Jabbar não perde a contemporaneidade do grande jogo, estando sempre na primeira linha do mesmo. Magnifico artigo.
Um abraço, Paulo Murilo.
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