FAZER O QUE?…

O Fábio pelo telefone me faz uma instigante pergunta – “Professor, se o Sr. estivesse no comando da seleção, como agiria no jogo contra a Croácia, encararia o jogo como um teste, um ensaio, um treino de luxo, já que classificado às semifinais, mostraria as cartas, ou esconderia os sistemas, jogadas, ou mesmo um ou outro jogador, enfim, como o Sr. agiria?” Quase ao mesmo tempo da pergunta, os comentaristas da TV sugerem que a seleção faça experimentos, teste formações, promova ao jogo toda a equipe, dando rodagem aos mais novos, etc e tal, só não afirmando entregar o jogo, afinal, estando classificado, o que teriam a perder?

Bem Fábio, aí está a questão lançada à mesa, bem clara e melhor exposta pelos especialistas, e uma outra de minha autoria que menciono com um retumbante Não, de forma alguma agiria dessa forma, e ouso acreditar que o Petrovic também se negará a experimentos, desvios e omissões, já que numa possibilidade real de vitória, enfrentará o segundo colocado da outra chave (Rússia, Alemanha ou México), para numa final ter a possibilidade de enfrentar a mesma Croácia, com todas as possibilidades técnico táticas conhecidas e controláveis, e mesmo no caso de uma derrota, saber em profundidade os comportamentos de cada jogador envolvido, positivo ou negativamente. Perder a oportunidade de travar e competir seriamente com um adversário qualificado, garantido na classificação, é algo especial, jamais alcançado numa partida amistosa, e partindo do pressuposto de que a anfitriã não cometerá a estupidez de facilitar o jogo em sua própria casa, afinal tem algo em jogo, uma classificação que determina com quem jogar na semifinal…

No entanto, um outro fator deveria ser abordado, o que modificar, estruturar e pôr em prática, tendo como base a produtividade da equipe no jogo vencido contra a fraca Tunísia, onde alguns pormenores devem ser analisados, como o fato da equipe ter voltado a convergir, já que arremessaram 20/30 bolas de 2 pontos (67%), e 12/28 de 3 (43%), numa partida em que o jogo interior deveria ter tido preferência absoluta, inclusive para melhorar e entrosar os pivôs, numa função que será capital contra a Croácia. A Tunísia ficou nas 14/34 (41%) de 2, e 7/24 (29%) de 3. Nos lances livres a equipe brasileira converteu 7/12 (58%), e a Tunísia 8/15 (53%), ambas fraquíssimas nesse fundamento (e aí pergunto – onde estão os três assistentes técnicos para corrigir tal deficiência, onde?).  Foram 10 erros de fundamentos para a Tunísia e 12 para a seleção nacional, sem maiores comentários. Então o que podemos atestar, objetivamente, senão que continuamos a chutação, razoavelmente controlada nos jogos contra a Polônia, inclusive com contra ataque concluído numa bola de três pelo Yago (ficou bem clara a contrariedade do croata), e com os três pivôs colaborando lá de fora com 3/9, os armadores com 9/13, e os alas com 5/10, ou seja, oito jogadores queimaram de fora, numa especialidade que somente quatro podem ser considerados aptos a fazê-lo (Benite, Lucas, Meindl e Yago)…

Sem dúvida alguma esse jogo com a Croácia determinará a estratégia nas semifinais, onde lá chegando com dúvidas sanadas e erros corrigidos, darão a equipe um bem vindo equilíbrio emocional e técnico para enfrentar quem quer que seja, com reais chances de vencer a competição…

Agora mesmo, momentos antes de postar esse artigo, o México vence a Rússia no quarto quarto, numa disputa acirrada, onde ensaios, testes e evasões perdem o sentido numa competição classificatória a uma Olimpíada, onde não existem espaços para aventuras caipiras…

Amém. 

Foto – Reprodução da TV. 



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