O CURTO CIRCUITO CROATA…
O dever de casa foi feito, muito bem feito, porém o foi unilateralmente, pois a Croácia não cumpriu seu script convincentemente, já que perder por 27 pontos em casa, frente a uma apaixonada torcida soou bastante falso, e comprometedor, haja vista sua indiscutível e reconhecida importância internacional, e deverá chegar às semifinais sobraçando um volume imenso de dúvidas quanto às suas reais e decantadas qualidades. Terá de evoluir tremendamente, e mais, renascer de um equivocado e lastimável plano de jogo, disfarçado de “coisa séria”…
A equipe brasileira não teve nada com essa história, atuou com seriedade, acertou suas linhas ofensivas e defensivas, e se credenciou positivamente para o fechamento do torneio, que se vencido, abrandará sobremaneira a enorme crise que tem assombrado o grande jogo neste imenso, desigual e injusto país. Nesse jogo não convergiu, arremessando 26/40 (65%) nos 2 pontos, e 9/20 (45%) nos 3, contra 13/26 (50%) e 9/32 (28%) respectivamente pelos croatas, 15/23 (65%) e 14/22 (63,3%) para ambos nos lances livres, e ainda errando 14 e 18 nos fundamentos, número comprometedor num confronto internacional…
Porém, se lá chegarmos, algumas arestas terão de ser seriamente lapidadas, começando pela correta, justa e decisiva formação da equipe para disputar o maior de todos os torneios, aquele definidor da qualidade técnica, no seu mais alto nível, as Olimpíadas. Analisando, observando com cuidado e bom senso a atual equipe, sua participação competitiva até o momento, salta aos olhos alguns pontuais aspectos, começando com a positiva opção pela permanente dupla armação, que se mantida, necessitará de um enfoque qualitativo que a defina como ótima e bem vinda mudança em nossa já estratificada forma de jogar, atitude que nos tem causado enormes perdas e retrocessos no cenário internacional. No entanto, alguns e precisos ajustes têm, obrigatoriamente, de ser adotados, e a foto a seguir expõe o motivo, quando vemos o armador Yago engolfado pela potente e muito alta defesa croata, em um tipo de ação que notabilizou esse ótimo jogador no NBB e em competições sul americanas, mas que no alto nível europeu e norte americano será impossível de acontecer com seus 1.71m de estatura, a não ser na distribuição lateralizada de passes, alguns arremessos de fora, ou prendendo a bola por demasiado tempo pela falta de opções invasivas. Os demais armadores, Huertas, George, Luz e Benite, este um autêntico armador e não um ala, serão suficientes para manter duplas permanentemente atuantes, com uma ressalva a ser bem estudada, o não aproveitamento do jovem e alto jogador Caio, eficiente, consistente e elogiado armador na liga argentina, num momento em que muitas franquias nacionais saem no encalço dos formidáveis armadores argentinos, não considerando sua escolha, inclusive na seleção…
As alas estão bem compostas, preocupando somente uma recaída disciplinar do Caboclo, pois “quem faz um cesto faz um cento”, e nada custa ficarmos atentos ao seu comportamento. Os pivôs, se se estabelecerem em seus territórios de direito e formação, os perímetros internos, poderão impor uma situação poderosa nos rebotes, assim como finalizações mais precisas, alimentados que passariam a ser por alas fortes, atléticos e velozes, colimados todos pela ação contundente, envolvente e altamente precisa dos bons armadores que temos, básica e precisamente alicerçados numa leitura de jogo acurada, veloz e inteligente, onde os marcáveis passes de contorno cederiam lugar aos passes incisivos e vencedores. Torço para que isso ocorra de verdade, assim como torço mais ainda, pela coesão defensiva, onde a ainda incipiente anteposição frontal aos pivôs adversários, seja estabelecida como marca de uma equipe corajosa e inventiva, onde a improvisação consciente possa vir a atingir um elevado patamar, marca das grandes equipes…
Que venha a decisão, e que não nos enganemos com o curto circuito croata, bastando sedimentar o que propusemos até o momento, com força, bom senso, coragem, e acima de tudo, coesão…
Amém.
Fotos – Reproduções da TV.
É professor, lamentavelmente, suas profecias estavam corretas. O jogo das bolinhas não deu certo contra uma defesa robusta. O jogo interno poderia dar certo, tanto que Varejão foi nosso cestinha com 14 pontos. Mas, nem nossos armadores, nem nossos alas / pivôs souberam faze-lo. Ao contrário, o pivô alemão deitou e rolou com 28 pontos!
Quando nos situamos dentro de um processo de ensino e aprendizagem por mais de 60 anos, prezado André, dificilmente erramos, mesmo torcendo ardentemente para estarmos errados. Esse é um dos motivos mais fortes e solidificados ao defender o preparo das divisões de base ser entregue aos professores e técnicos mais experientes, exatamente por errarem menos, sendo acessorados pelos mais jovens, assim como nas seleções adultas, serem campo somente para os mais experientes e encanecidos, numa área em que o erro crasso não perdoa.
Um abraço André. Paulo Murilo.