MERECEMOS, POR OMISSÃO…
O amigo Pedro me envia essa imagem, com o técnico Petrovic falando sobre a seleção brasileira, recentemente perdedora da vaga olímpica para Tóquio, apresentando uma justificativa para o mau resultado alcançado, e lamentavelmente, se eximindo do mesmo, pela ausência de alguns jogadores em posições que julgou imprescindíveis e insubstituíveis, frente ao fracasso dos que os substituíram na magna competição…
Deuses meus, custo a acreditar no que leio, ainda mais quando, desde sempre, preconizei o desastre técnico tático se repetidos fossem os erros e vícios apresentados pelos jogadores selecionados, apesar dos razoáveis avanços e conquistas, na concepção e formulação de uma nova forma de atuar da equipe, partindo da dupla armação, do emprego de alas pivôs ativos e de boa movimentação dentro do perímetro, e de um sistema defensivo mais intenso e preocupado com as contestações fora do perímetro, assim como no aumento do poder de rebotes em ambas as tabelas…
Para tanto contou (de livre escolha dele e da comissão que o assessorou…) com os bons armadores Huertas, Luz, Benite, George e Yago, todos capazes de jogar 1 x 1, na medida em que cada duo em quadra se auxiliasse e cobrisse mutualmente, com bloqueios e corta luzes frontais ou laterais a cesta, sempre atentos a movimentação dos homens altos de fora para dentro do perímetro, sabedores e treinados (se não, deveriam ter sido…) da enorme barreira que enfrentariam, e enfrentaram, por parte dos enormes alemães, que nem um agora bem mais malhado Raul levaria vantagens solitárias, que é uma atitude padrão dos armadores americanos, e de um ou outro estrangeiro atuante na NBA, protegidos por regras bem diferentes da FIBA em suas projeções a cesta. O fator ausente na equipe, foi exatamente a forma como atacar essa poderosa defesa, atuando em dupla bem próxima, no permanente foco da ação, coordenada com os alas pivôs, que com seus permanentes deslocamentos criariam os espaços necessários para curtos e médios arremessos dentro da área interna, e eventual, e equilibradamente, arremessos longos com passes de dentro para fora originados pela contração defensiva, forçada e criada pela movimentação contínua e incisiva, fatores estes que não falharam por sequer terem sidos continuamente tentados, por não treinados com afinco e precisão, gerando imobilismos pontuais, repetidos e com grau de criatividade zero, numa resultante mais do que óbvia…
Um outro chutador para atuar com o Benite, soa falso e comprometedor, por não valer a lembrança do Didi, que simplesmente se negou a participar da seleção, porém com uma ressalva, senão positiva, pelo menos mais honesta, a de não fazer da seleção uma vitrine de projeção internacional, como muitos o fizeram num passado não tão distante assim, mas que o deslustra ao negar defender a seleção de seu país, assim como o Raul e o jovem e já muito bem “orientado” Gui Santos…
Chutadores de fora, ou pseudos, não faltaram nessa seleção, Hettsheimeir, Lucas, George, Yago, Alex, Caboclo, e mesmo os que não perdem a oportunidade para uma bolinha, como o Luz, o Huertas, e até o Varejão (seus dois bicos de aro foram terríveis, em contraponto à sua eficiência nas curtas conclusões, infelizmente descontinuada), todos presentes na chutação, pela clara, claríssima ausência de um sistema dinâmico, veloz e incisivo, que os colocassem em distâncias mais seguras e efetivas para arremessar com mais precisão e óbvia produtividade, que é um objetivo que muito poucos técnicos de verdade conseguem criar, treinar e fazer acontecer, com eficiência e responsabilidade…
Ah, faltou um ala para reforçar o sistema defensivo, afirmação que beira a piada, pois sequer um dos “quatro técnicos” lembrou que ao escalar dois dos três pivôs convocados (Varejão, Hettsheimeir, Mariano) juntos a um outro homem alto (Meindl, Caboclo, Alex, Lucas), e com um armador também alto como o George (sequer saiu do banco – o que terá havido com um MVP do NBB?), junto a um arremessador especialista (por que não o Benite?) se bem servido de fora para dentro do perímetro, e não um cavador para si próprio, como tentou várias vezes, teríamos uma equipe tão, ou mais alta que os germânicos. Mas que fique bem claro, com todos em quadra, e aqueles que lá ingressariam no transcorrer da partida, se movimentando permanentemente, mantendo seus defensores também em movimento, e por conseguinte, “abrindo espaços, mesmo em pequenos espaços”, provocando faltas em seus defensores, originando o absurdo de não termos ido à linha de lance livre uma vez sequer nos dois primeiros quartos, e só termos batido 5/9 ao final de um jogo final e decisivo, vencido por uma equipe que empatou em cestas de campo conosco, através e ironicamente, os onze pontos a mais convertidos em lances livres, que foi a diferença no placar final, jogando da forma que nos negamos a jogar, lá dentro da cozinha deles…
O que fica bem claro para o próximo e curto ciclo olímpico, é que o muito bem pago croata corre sério perigo de perder o comando (se já não o perdeu), sendo substituído por um outro estrangeiro (a turma que comanda o basquete adora essa possibilidade, pois corta na raiz disputas políticas de bastidores tupiniquins), ou, termos um nacional imbuído da sistemática que se projeta do NBB, com sua chutação insana, porém interessadamente midiática das bolinhas inebriantes e aventureiras, das enterradas monstros (aliás, quantas foram neste pré olímpico?) dos tocos monstros, e do acordo generalizado (as ínfimas exceções nada pesam) de que defender só atrapalha o show, que na linguagem e entendimento de narradores e comentaristas em sua maioria, dirigentes, agentes, empresários, e o sólido e indestrutível corporativismo técnico, definem como “o espetáculo que você nunca viu”, e com a mais absoluta razão, pois em tempo algum do fantástico e vencedor passado do grande, grandíssimo jogo entre nós, jamais testemunhamos algo tão nefasto e despudorado do que aí está escancarado e bem pareado com a realidade sócio política e esportiva por que passamos, mas que um dia, quem sabe, advirá o bom senso, o mérito e a justiça neste imenso, dolorido, desigual e injusto país…
Amém.
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Treinador..realmente uma declaração infeliz e surpreendente do técnico da seleção, mesmo porque acredito, de acordo com a minha avaliação, que nenhum dos jogadores citados poderia impactar suficientemente a ponto de trazer alguma efetiva vantagem principalmente ofensiva no jogo da equipe.
O que, lamentavelmente vejo, é que dentro da quadra não temos mais jogadores fora de série como Wlamir, Rosa, Amaury, Oscar, Ubiratan, Marcel, Bispo dentre outros..na sua quase totalidade, atletas que surgiram dentro de escolas…preciso lembrar tambem do declínio da seleção após a década de 70 com a saída do Kanela, uma figura capacitada que dispensa maiores comentários. Após este período, não tivemos mais resultados de expressão, alem do bronze no mundial das filipinas em 78, um 4º lugar na Espanha 86 e o ouro em Indianápolis 87.
Até o final da década de 70 o Brasil figurava entre as 4 principais potências da modalidade juntamente com Russia, EUA e Iugoslávia.
O Basquete masculino brasileiro está a 5 Décadas buscando voltar a uma posição de destaque dentro do cenário mundial apresentando neste período, de acordo com a minha opinião, diversas gerações de atletas bons,..e apenas isso…mas não suficientemente preparados para o enfrentamento contra equipes melhor formatadas principalmente a nível técnico…inclusive acredito que jogador mal formado técnicamente tambem não irá conseguir render táticamente.
Obrigado por abrir este espaço para discutirmos a real situação do basquete nacional….abraço e saúde Treinador .
Obrigado prezado João, esse espaço estará sempre aberto a comentários de pessoas que amam verdadeiramente o grande jogo, assim como você, pautando observações com bom senso e responsabilidade. Sinta-se em casa nesse humilde blog. Abração. Paulo Murilo