“FILOSOFIAS”…

Ao término do Campeonato Mundial Feminino Sub 19 na Hungria, a equipe brasileira ficou na décima sexta e última posição, sem uma vitória sequer, e ostentando a derrota com maior número de pontos na competição, com exatos 61 pontos para a equipe quinta colocada, a Espanha. Também sofreu uma tremenda derrota para a França por 32 pontos de diferença. Uma diagnose mais precisa foi aqui publicada no último artigo aqui publicado…

Por que volto a tão constrangedor assunto? Simplesmente por constatar algo que foge a uma simplificada análise de caso, o mais corriqueiro, aquele sobre a qual não deveria pairar quaisquer dúvidas, principalmente técnica. A equipe em questão teve uma preparação iniciada em dezembro do ano passado, sob a responsabilidade de uma comissão de técnicos escolhida pelo treinador principal, José Neto, que inclusive, instaurou no preparo das seleções de base femininas, o que denominou de uma “nova filosofia” de trabalho, a ser empregada em todas as divisões de base nacionais.  Muito se falou, divulgou na mídia, como algo realmente inovador, sob o manto das mais altas e atuais tecnologias, tanto no preparo físico, como no técnico tático, despertando um enorme interesse dentro da comunidade basqueteira…

Porém, o que se viu na Hungria foi um imenso desastre, onde a equipe sub 19, constituída daquelas jogadoras a um passo de ingressar na divisão principal, não só da seleção do país, como nos clubes que disputam a LFB, atendendo a necessária e estratégica renovação de seus quadros, quando uma indagação logo se avoluma – renovação com jogadoras em sua maioria desprovidas de técnica individual e coletiva, com algumas delas muito acima do peso corporal, dispersivas e absolutamente incapazes de levarem a bom termo filosofias e sistemas equivocados de jogo?…

Pois muito bem, essa mesma comissão, liderada pelo mesmo técnico que falhou bisonhamente no preparo e na competição da sub 19. é o mesmo que embarcou ontem para o México na direção da sub 16, talvez a divisão ,mais importante para a renovação necessária e prometida pela “nova filosofia” instalada na CBB, visando o soerguimento do basquetebol feminino brasileiro, deixando no ar uma incrédula sensação de que algo de muito errado, equivocado e enganoso vem acontecendo no âmago do basquetebol feminino, algo como o desmonte definitivo do que venha a ser liderança lastreada e fundamentada no mérito, defenestrado pelo Q.I. político e carreirista, colocando em risco real e possivelmente incontornável uma renovação chave para o basquete feminino, pois não teríamos avançado um centímetro sequer na direção formativa de uma geração que continuaria altamente carente da mais basilar exigência do jogo, o domínio de seus fundamentos individuais e coletivos, fator que tende a ser repetido no México, a exemplo do lamentavelmente ocorrido na Hungria uma semana atrás…

Fica pairando no ar uma objetiva e premente interrogação – Por que as seleções de base brasileiras, em ambos os sexos, sofrem tantos desgastes por conta de “filosofias” que se sucedem ano após ano, sempre criadas e veiculadas na vasta e prolixa teoria, em contraste com suas perdas, algumas vexaminosas, práticas de campo, sempre patrocinadas e levadas a termo por um mesmo, repetitivo e monocórdio grupo, subsidiado por uma CBB omissa aos rogos daqueles que realmente entendem e estudam o grande jogo, ansiosos para, ao menos, serem ouvidos, analisados e julgados por pares coerentes as reais necessidades na formação de base de nossos jovens, espalhados e desassistidos neste imenso, desigual e injusto país, sujeitando aqueles poucos ungidos, aos ditames interesseiros e desqualificados de uma seleção de equivocados “entendidos” do grande jogo, minúsculo para a esmagadora maioria deles, noves fora as pranchetas que empunham arrogantes e vazios de conteúdo, por menor e coerente que seja…

Já não peço e rogo nada aos deuses, creio que cansados de tanta incúria e ignorância, e somente ainda mantenho uma nesguinha de esperança de que um milagre venha a ocorrer no caminhar trôpego destes jovens, os nada culpados pelas “filosofias” a que são obrigados a seguir…

Amém. 

Fotos – Divulgação CBB. 



Deixe seu comentário