A FATAL CONVERGÊNCIA…
Eis um jogo muito difícil de analisar, principalmente pelas similitudes táticas empregues por ambas as equipes, optando pela plena aceitação da convergência pontuadora (14/29 nos 2 pontos e 11/39 nos 3 para os brasileiros, e 13/23 e 10/33 respectivamente para os argentinos), pela velocidade ofensiva, pausada em alguns momentos da partida pelos argentinos, cônscios de seu superior domínio nas jogadas coletivas, capitaneadas por seus dois esplêndidos armadores, Campazzo e Laprovittola, quando do lado brasileiro, uma intensa rotação na armação da equipe, retirava da mesma uma continuidade tática, como a mantida, por longos períodos pelos hermanos, cujo quarteto básico, Campazzo, Laprovittola, Delia e Deck, estiveram em quadra por 122:05 minutos, alcançando 52 pontos, enquanto o quarteto brasileiro que mais tempo atuou, com Yago, Huertas, Benite e Meindl, convertendo 46 pontos, o fizeram em 84:46 minutos, sendo que o trio de pivôs, Mariano, Felício e Augusto somente estiveram em quadra por 32:14 minutos, tempo inferior a participação do Ala pivô Deck com 32:28 minutos. O mais instigante porém, foi nos lances livres, que pela clara opção argentina de equilibrar arremessos externos, com um poderoso jogo interno, conseguiu um 19/21 nos lances livres, contra 12/16 da nossa seleção, determinando, em conjunto com seus dois ataques finais de bandejas, a pontuação que os levou a vitória, pois na chutação externa praticamente empataram…
Analisem os números:
Brasil 73 x 75 Argentina
(48,3%) 14/29 2 13/23 (56,5%)
(28,2%) 11/39 3 10/33 (30,3%)
(75,0%) 12/16 LL 19/21 (90,5%)
37 R 38
9 E 13
,Muitos detalhes do jogo, certamente fogem de uma análise numérica, pois se estendem por todas as nuances de um jogo decisivo, nervoso, pensado, onde uma Argentina se situava profundamente acuada naquele intenso caldeirão, vibrante e ensurdecedor, quando fez aflorar sua técnica superior nos fundamentos, na esplêndida dupla armação, e no jogo fluido e veloz de seus alas pivôs de enorme categoria, sem falar num sistema defensivo na linha da bola, praticamente perfeito…
Do nosso lado, uma indefinição em quem armava quem, pois ainda patinamos nas afirmativas de que o Benite é um 3 (???), que o George pode ser um 2 ou 3 (???), que o Luz é o melhor defensor, que o Huertas tem de ser poupado para a hora da verdade, que o Yago é um rompedor e pontuador brilhante, que o Caio não tem chances, que o Raul, ora o Raul, por onde anda? Enfim, nossa armação sequer se define, começando o jogo de ontem com um só em quadra, o Huertas, para depois penosamente se estabelecer em dupla, mas dentro dos cânones do sistema único, ou seja, com cada um deles agindo independentemente, quando o correto e básico é que se coordenassem e agissem em constante parceria, defendendo e atacando, e o mais importante, liderando a equipe, como fizeram Campazzo e Laprovittola quando em quadra, principalmente na hora da verdade, nos dois últimos ataques argentinos concluídos em bandejas, preparadas e servidas pelos dois…
Sem dúvida, ambas as equipes convergiram seus arremessos de quadra, porém com uma sutil diferença, os argentinos forçaram mais o jogo de seus alas pivôs, conseguindo 7 lances livres convertidos a mais do que nós, que em tempo algum do jogo tentamos estrategicamente forçá-los com nossos pivôs, bem mais fortes do que os deles (o Scola já se tornou lenda), num erro estratégico de quem acredita e tenta coercitivamente implantar o conceito do chega e chuta desvairado e imoral, na desculpa de ser esta a tendência mundial do basquete moderno, liberando toda a equipe nos longos arremessos, que por parte dos hermanos foram disparados por 7 de seus integrantes, contra 11 dos nossos, que só não foram 12 pelo fato do Luz só ter atuado por 2:11…
Torna-se de difícil compreensão ter uma seleção nacional convocado três imensos tratores, razoavelmente rápidos, para numa decisão de título atuarem a saber: Augusto – 16:11 minutos – Felício – 11:03 e Mariano – 5:05 com participação técnica praticamente nula, assim como no último ataque, após dois tempos seguidos pedidos pela douta comissão, com 2 pontos atrás, optarem por uma bolinha, quando uma tentativa de 2 em penetração, com possível bônus de falta, poderia garantir, no mínimo, uma prorrogação, ou mesmo uma vitória. No entanto, como uma singela cesta de 2 pontos poderia se antepor ao majestoso climax de uma de 3 pontos, como a definitiva afirmação de um novo tempo do grande jogo, como? Os argentinos já haviam respondido com duas humildes bandejas, em seus dois derradeiros ataques, e foram os campeões. O resto, é papo de quem se acha e considera acima dos princípios norteadores do grande, grandíssimo jogo. A eles uma bússola seria mais útil do que uma medalha de vice…
Quanto aos jogadores, os parabenizo pelos enormes esforços e sacrifícios numa competição de tal envergadura, para os quais a medalha de vice se torna mais do que justa.
Amém.
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