OS LUMINARES…

Como sempre, e tradicionalmente, a formação aberta se tornou sua marca registrada, onde um trabalha, e quatro se colocam a serviço das possíveis bolinhas.

De um lado, uma equipe, a brasileira, com poder de rotação muito superior a outra, e de outro, uma equipe uruguaia extremamente coesa taticamente, que por pouco quase complica uma vitória que poderia ter sido bem mais ampla e sossegada, não fossem equivocadas escolhas tomadas pela turma tupiniquim…

E que escolhas foram essas? Pelo fato das duas seleções se utilizarem do mesmo sistema único, que parece ser unanimidade mundial, e se utilizando da dupla armação, com os uruguaios mais bem coordenados que os brasileiros, isso porque ainda patinamos na busca dos armadores mais básicos para a equipe, numa escolha entre Yago, George, Luz, Huertas, Scott e Benite, escolhas essas de grande importância para os jogos deste e dos futuros campeonatos, pois tal definição estabelecendo um trio ou quarteto rotativo, dotará a seleção de uma armação mais estável, criativa e com capacidade improvisadora, que os uruguaios e argentinos vem apresentando durante a competição…

Ataque interno uruguaio, bem mais coordenado que o brasileiro, através armadores mais comprometidos com o jogo coletivo.

A outra escolha foi a de se manter a equipe dentro do princípio do chega e chuta, seguida de perto pelos uruguaios, originando números praticamente iguais, ou seja:

          Brasil  76 x 66  Uruguai

          (65,5%)    19/29    2     14/28   (50,0%)

          (29,4%)     10/34   3      10/31  (32,3%)

          (80,0%)       8/10   LL    8/11    (72,7%)

                             46       R      26

                              17      E      11

Como vemos, foram os 5 arremessos de 2 a mais, que deram a vitória a seleção, haja vista a maior quantidade de pivôs experientes dentro do perímetro que os uruguaios, fator que explica o controle dos rebotes, principalmente os ofensivos, por parte de uma seleção, que mesmo errando mais (17/11) encontrou na rotação a margem necessária para vencer…

Chute de três sem posicionamento para o rebote.

No entanto, quando vemos um jogo com tal convergência (33/57 nos 2 pontos e 20/65 nos 3), equilibrado até o quarto final, temos de admitir que algo de muito errado está acontecendo com o basquetebol que estamos praticando, pois se torna inadmissível trocar eficiência por aventura, onde todo jogador, independente de posição, peso e estatura, se arvora como especialista nos longos arremessos, que no nosso caso, foram dez nesse jogo, produzindo terríveis números, que bem poderiam ser estancados, se fossem substituídos por arremessos de média e curta distâncias, mais seguros, precisos e eficientes, valorizando todo e qualquer ataque, economizando esforço físico, premiando o trabalho conjunto, sem anular talentos, a capacitação criativa grupal, e a improvisação pessoal…

O festival de bolinhas continua, a qualquer tempo.

Por que não, ao se ver sozinho no perímetro externo, o jogador não se aproxima da cesta, onde arremessos mais precisos se tornam possíveis, além de situá-lo numa posição de recuperar a bola em caso de falha, ou até provocar falta pessoal em um defensor importante, e mais, ficar situado numa zona de interferência, retardando um possível contra ataque adversário, enfim, todo um corolário de possibilidades, que se perdem por conta de uma arrivista bolinha…

Muito ainda se poderia escrever na análise desses números, mas nenhuma exporia com mais precisão o que representam,senão o fato inconteste de que, a passos largos, evolui a dura tendência de transformar o mais sofisticado, técnica e taticamente desporto, em uma modalidade individual, movida a muita grana, confronto racial (lá na matriz), ego, idolatraria midiática, e interesses pessoais, numa somatória que já originou o 3×3, e já já o 1×1 FIBA, algo bem possível de acontecer…

Até lá, quem sabe, teremos nossos prospectos e talentos convocados para as seleções municipais, estaduais e nacionais, ensinados e treinados nos fundamentos básicos do grande jogo, onde os longos arremessos deixem de ser as prioridades táticas, para se situarem como elementos complementares em situações propícias a sua execução, e mesmo assim, por parte daqueles muito poucos executores, os especialistas, de verdade…,

Com esses luminares, o chega e chuta se estabelece definitivamente na seleção, espelho irradiador para as gerações que se sucederão…

Claro, não é o caso da atual seleção, onde os três maiores, mais preparados, experientes e profundamente conhecedores do grande jogo, formam uma tríade imbatível, capacitada a inclusão definitiva do chega e chuta redentor, de que são os mais luminares arautos, para a glória do basquetebol nacional.

Que os deuses, se puderem, os iluminem…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.



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