A VICEJANTE IMPUNIDADE…

Segundo tempo voltado ao chega e chuta, sem sequer um rebote posicionado

Pouco ou nada tenho escrito sobre basquetebol, principalmente este do NBB, pois, ao se manter sob uma mesmice técnico tática endêmica, absoluta e teimosamente sufragada por técnicos, jogadores, dirigentes, agentes e mídia, sob a égide de um discutível `”basquete moderno”, onde todas as equipes praticam um mesmo sistema de jogo, é de se esperar  que a seleção nacional assim também atue, espelhando fidedignamente o que vem praticando desde sempre nas competições nacionais dos últimos vinte e poucos anos, onde a chutação de três pontos, as majestosas enterradas e os monstruosos tocos passaram a definí-lo como o vencedor objetivo a ser alcançado no cenário internacional, tristemente perdido por uma modalidade desportiva que alcançou a quarta posição entre as nações no século vinte, segundo classificação da FIBA…

Tenho lutado intransigentemente contra esse desmando, principalmente nos últimos dezoito anos de existência deste blog, o Basquete Brasil, hoje alocado logotipo da CBB e recentemente apondo seu nome ao IBB, Instituto Basquete Brasil, remendo da prematuramente falecida ENTB, Escola Nacional de Treinadores de Basquetebol, liquefeita pelo mesmo, mesmíssimo grupo que agora se empodera no IBB, nome por nome, e que bem sei, por larguíssima experiência que não irá muito longe, ainda mais quando se manterá professando o desmando rei, o sistema único, formatado e padronizado para todas as divisões masculinas e femininas, nas áreas municipais, estaduais e nacionais, como dogma absoluto, descerebrado e profundamente destituído de criatividade, e improviso consciente, haja vista o progressivo e asfixiante encordoamento de jogadores manipulados como marionetes, por todo o tempo em quadra, por técnicos/estrelas, ou estrelados, entocados por trás de pranchetas, verdadeiros biombos que os separam de atônitos e muitas vezes incautos jogadores, todos reféns de uma falácia disfarçada de estratégia máxima do grande jogo, aquele que deveria sê-lo, e nao esse pastiche que aí está cercado de ufanismo e ignorância sobre o que ele representa de verdade. Pretendem formar e graduar técnicos por todo o país, tendo ao lado um CREF que não possui qualificações acadêmicas para tal objetivo, pois trata-se de um orgão voltado exclusivamente ao controle ético e funcional dos denominados profissionais de educação física, e mais os milhares de leigos provisionados em cursos de infima duração por todo o país, nada tendo a ver com as licenciaturas e bacharelados obtidos nas universidades reconhecidas pelo MEC em seus cursos superiores de educação física e desportos. Pretender formar técnicos desportivos é função inconstitucional, já que, como cursos superiores pertencem as universidades. Provisionar leigos não acredito ser a forma mais recomendável de didático pedagogicamente implementar o desporto junto aos mais jovens, função para frofessores de verdade…

Os reflexos de tanta insânia se desnudam nas grandes competições, como o torneio de classificação para o mundial masculino, onde a seleção já amargou três derrotas (Porto Rico, México e Colômbia), vencendo uma piada de seleção americana, composta por jogadores desligados das franquias da NBA, e participantes de sua D League, assim como os jogadores brasileiros que são enviados para a matriz como prospectos da mais alta qualidade, num ledo e constrangedor engano, de todos aqueles que se se acham vastos conhecedores do basquete NBA, quando sequer conhecem o do NBB, do país em que professam sua vasta sabedoria…

Vamos aos fatos deste último jogo com os americanos meia, e põe meia boca nisso, e que explica com a maior clareza o imenso óbice em que se encontra o nosso judiado e marginalizado basquetebol. comecemos com alguns números estatísticos

–                    Brasil 58   x  34   USA (Dados do primeiro tempo)

         (69.5) 16/23      2     11/24 (45.8)

         (37.5)   3/8        3       2/13 (15.3)

         (85.0)  17/20     LL     6/8   (45.0)

                          21     R      15

                            4     E        6

                    Brasil 36 x  45  USA (Dados do segundo tempo)

          (50.0)   7/14      2     13/24 (54.1)

          (43.7)   7/16      3       5/13 (38.4)

          (59.0)   1/2        LL     4/7   (57.1)

                           19     R       17

                             8     E         2

                     Brasil 94 x  79  USA (dados finais)

          (62.1)  23/37      2      24/48 (50.0)

          (41.6)  10/24      3        7/26 (26.9)

          (81.8)  18/22      LL    10/15 (66.6)

                          40      R       32

                          12      E         8

No primeiro tempo a equipe brasileira, que sempre atuou com dois armadores (o Benite é um armador de raiz, e bissexto nas bolas de três, nunca uma ala), jogou com seus homens altos, com bom percentual de arremessos de média e curta distâncias (69.5%), numa movimentação intensa, principalmente dentro do perímetro. Arremessou somente oito bolas de três (37.5%), e faturou muitos lances livres (85.0%), deixando defensores americanos pendurados com faltas. Por conta da má pontaria de fora dos americanos (15.3%), bem contestados defensivamente, e pegando 21 rebotes contra 15, pode a seleção nacional terminar os dois períodos iniciais com 24 pontos de diferença, alcançada de 2 em 2 e 1 em 1 pontos, metodicamente…

Nos dois períodos finais, a síndrome longamente implantada no cerne do nosso basquetebol se fez presente, quando arremessamos mais bolas de três do que de dois (a famigerada e já endêmica convergência), e como paramos de jogar dentro do perímetro, arremessamos somente dois lances livres, enquanto a trôpega equipe americana inverteu o papel estabelecido pela nossa seleção, em todos os aspectos do jogo, inclusive seus números, como atesta a segunda tabela acima, ou seja, perdemos esses quartos por 9 pontos, não suficientes para dirimir a vantagem de 24 pontos alcançada no primeiro tempo. São números preocupantes, pois enfrentaremos mais adiante equipes bem mais estruturadas que essa remendada seleção americana , que rotaciona seus jogadores, não somente durante os jogos, e sim em sua convocação que varia conforme as disponibilidades de seus jogadores. Como provavelmente se classificarão, possivelmente poderão contar com alguns jogadores mais graduados da NBA para o Mundial, melhorando significativamente a parte técnica e estrutural da equipe, colocando-a como forte candidata ao título…

A mesmice dos quatro abertos e um pivô lutando sozinho imperou nos quartos finais, com o jogo externo dando as cartas. Veremos se funciona logo mais com os mexicanos…

No próximo jogo contra a boa equipe mexicana, num duelo decisivo para a classificação, teremos boas chances se jogarmos como o fizemos no primeiro tempo da partida contra os americanos, que foi uma mudança técnico tática com excelente resultado, comprometida pela volta ao rame rame que nos têm contemplado com o pior dos mundos, aquele onde a mesmice endêmica, a nulidade criativa, e a ausência da improvisação consciente, marca indelével do coletivismo inter pares, alcançado no duro e minucioso treino, e não no improviso chutador grafado em pranchetas, aquelas que muitos afirmam que falam, mas que garanto serem descerebradas como os que a manejam midiaticamente. Uma grande equipe é formada e forjada no treino, jamais em convescotes, malabarismos e estrelismos de beira de quadra, quadra essa de plena propriedade de jogadores bem iniciados, bem formados, melhor ainda, treinados e acima de tudo proprietários de sistemas diferenciados de jogo, e não repetidores imbecilizados de conceitos equivocados, formulados e impostos de fora para dentro da quadra, impunemente…

Espero que o bom senso baixe por sobre a seleção nesta segunda-feira, senão… 

Amém

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las. 



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