O CHEGA E CHUTA CONCEITUAL(FROM DUBLIN)…

A Panaceia do jogo, o chute de três.

 É muito triste ver uma equipe montada para vencer todas as competições ser varrida num playoff por 3 x 0, deixando no ar um sentimento de frustração anunciada desde sua montagem, onde “peças” especializadas em longos arremessos se ajustariam com precisão a uma concepção arrivista e temerária, onde os arremessos de três pontos estariam na vanguarda de seu sistema ofensivo, contra qualquer equipe que a defrontasse…

Convergências entre arremessos de 2 e 3 pontos ocorreram em todas as suas partidas, não importando que adversário se lhe opusesse, numa demonstração tácita de de seu comando, o mesmo que ora dirige a seleção nacional, imbuída desta mesma opção técnico tática do chega e chuta, em qualquer situação de jogo, numa preferência basal do jogo externo em detrimento do interno, mesmo possuindo “peças” poderosas no mesmo, talvez bem mais superior as demais equipes da liga…

Nunca se contratou tantos estrangeiros especialistas nos três pontos como neste NBB 15, por muitas das equipes participantes, onde americanos e argentinos formavam uma maioria de respeito, com destaque aos armadores e alas, e raramente num pivô de oficio. Todos com a.função prioritária nas longas finalizações, mesmo sendo armadores, fator fulcral que elevou ao patamar de arremessadores aqueles que deveriam ter a função básica de armadores de suas equipes, ficando bem clara a opção do jogo fora do perímetro, secundarizando o interno, onde bons   e.talentosos alas pivôs se voltaram ao externo, competindo com os armadores nas bolinhas, vagando a luta nos rebotes ofensivos, negligenciando uma das mais poderosas armas de uma equipe bem treinada e melhor orientada, a posse e domínio dos rebotes ofensivos…

O que se viu? Um completo desastre tático, e muito pior, estratégico, pois abriu-se mão de uma unidade coletivista, trocando-a por exacerbado individualismo, disfarçado em pretensa super habilidade nas bolas de três pontos perante ausência defensiva, atitude comum a grande maioria das equipes. Tal posicionamento tornava-as similares neste aspecto, tornando possível uma competição desvairada de erros, que comum aos competidores, igualáva-os no campo de jogo. No entanto, em alguns jogos, uma das equipes revertia ao jogo interior, resultando vitórias pontuais e importantes…

Se olharmos com atenção os números de alguns destes jogos, poderíamos com precisão, entender quão falhas algumas das equipes mais poderosas se tornaram no transcorrer da competição, ao optarem pela orgia dos longos arremessos, em vez de   prioritário jogo interior, mais rico, preciso e eficiente ao final das partidas, vencendo-as de 2 em 2 pontos, deixando as inconstantes e mais imprecisas bolas de 3, como recurso complementar da equipe em seu todo…

Se olharmos melhor ainda, bastaríamos tomar conhecimento dos comentários analíticos sobre a equipe rubro negra, editados no site Nação Rubro Negra, assinado por Enéas Lima em 19/5/2023 (acesse aqui), onde uma análise sobre o plantel rubro negro é colocado como o culpado pela derrocada no NBB, quando determinados e brilhantes jogadores se tornaram inadequados ao sistema de jogo implantado pelo técnico da equipe, que já estaria em processo de trocas de “peças” para a próxima temporada, adequando-as a seu poderoso e revolucionário sistema fundamentado nos arremessos de três a qualquer custo, de qualquer distância, ao tempo que for, o mesmo que tenta incutir na seleção nacional, na qual, fica bem claro, não possuir as “peças” internacionais altamente especializadas que o grande clube carioca contrata para suprir os megalômanos devaneios de seu gênio paulistano, em sua patética busca de mudar e transformar o grande jogo numa competição descerebrara de tiro aos pombos, no qual os fundamentos e princípios centenários mantidos por excelentes jogadores (e não “peças”), magníficos técnicos e professores de verdade, o tornaram, assim como o futebol, nas modalidades mais difundidas e amadas por todo o mundo conhecido, não só por sua apaixonante dinâmica, como, e principalmente, por sua desafiante complexidade técnica, tática e estratégica, aspectos estes que não podem ser minimizados por uma concepção tacanha de um chega e chuta boçal e retrogrado (a NBA matriz já se dá conta desse engodo)…

Para quem ainda tem dúvidas sobre eficiência entre jogo exterior e interior, ai estão os números de São Paulo e Flamengo nas três partidas disputadas, quando culpar “peças” por derrocadas se torna contundente frente a responsabilidade genial e criativa de comissões técnicas revolucionárias e pretensiosas…

                          Flamengo.                                       São Paulo

                      (51,1%)  43/84.                2.            66/85. (77,6%)

                      (24,0%). 25/104.              3.            36/95. (37,8%)

                      (83,9%). 47/56.               LL.           38/54. (70,3%)

                           47 (15,6 pj).                 E.                35  (11,6 pj)

Em jogos dessa dimensão pequenos fatores os dimensionam, e na tabela acima vemos que a opção pelo jogo interno de qualidade deu ao São Paulo os pontos necessários para vencer a série, mesmo duelando nas longas tentativas fora dos perímetros, pois contestou com mais eficiência a artilharia rubro negra, assim como levou a melhor sobre a marcação interna carioca, em que ambos os contendores tiveram nas mãos de seus estrangeiros a verdadeira condução tática dos jogos, com a individualidade americana nas penetrações por parte da equipe paulista, e a liderança argentina severamente contestada pelos melhores fundamentos defensivos dos americanos, fatores que nenhuma prancheta de plantão nas três noitadas os qualificaram. E assim sendo, seguimos os tortuosos caminhos do chega chuta desenfreado, pretensioso e profundamente burro como arma prioritária numa equipe que se arvore em superior, tática, técnica e estrategicamente constituída. A seleção nacional que se cuide, pois já se constitui como realidade a devida e competente contenção das bolinhas de ocasião, ah, e o Flamengo também…

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.



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