QUE (OU FALTA DE) VERGONHA !…
Por hábito, curiosidade, ou mesmo por obrigação funcional, me vejo perante um ecran de computador testemunhando um terrível jogo de basquetebol feminino no mundial sub 19, entre nossa seleção e o Canadá, numa quarta partida em que perdemos as anteriores com significativas diferenças de, 26 pontos para a Lituânia, 19 para o Japão, e 10 para a Itália, porém nada comparadas aos 44 pontos na acachapante derrota para a razoável equipe canadense, numa clara evidência de nossa absoluta fraqueza na formação de base, aqui bem representada por uma comissão técnica (?), que somadas suas experiências diretivas, formativas e didático pedagógicas na formação de jogadoras, não perfazem nem um terço do conhecimento de qualquer professor e técnico experiente no grande jogo e no processo educativo do mesmo junto aos jovens, existentes e atuantes neste imenso, desigual e injusto país, alijados desse estratégico processo, afastados e esquecidos por força de um imenso e cruel corporativismo existente na proteção de um núcleo onde impera absoluto o Q.I., formatado e padronizado em suas escolhas de cunho político e econômico, cujos resultados mergulham o grande jogo cada vez mais fundo, num poço por ele mesmo escavado, numa autofagia institucionalizada e terminal…
Assistindo o jogo, nos deparamos com uma realidade que raia o absurdo, pois temos enviado seleções nacionais com componentes dentro e fora das quadras majoritariamente pertencentes a um único estado, praticando um só sistema de jogo, defendendo pífiamente, ou mesmo não defendendo, atacando aleatoriamente, arremessando de três pontos sem sequer dominar os de dois pontos, inclusive simplórias bandejas, e o pior, desconhecendo quase completamente seu instrumento de trabalho, a bola…
No entanto, apesar do sobrepeso incidindo em mais da metade dos componentes de cada equipe enviada, gabam-se os preparadores físicos de que correm mais velozmente, saltam cada vez mais alto, e trombam com a ferocidade e pujança de uma desenfreada locomotiva, quando precisamos somente de jovens que saibam, amem e se doem ao grande, grandíssimo jogo de suas vidas, simples assim…
Uma simplicidade que precisa ser retomada, a de ensinarmos os jovens a jogar, dando aos mesmos conhecimentos profundos dos fundamentos básicos, individuais e coletivos, fator que os farão conhecedores das técnicas que hoje desconhecem, covardemente afastados de um conhecimento que deveria ser de todos, enquanto que muitos fajutos líderes enriquecem seus currículos profissionais, por conta dos parcos esforços de “peças” intercambiáveis, substituídas a cada temporada cessante, num carrossel de perdas talentosas, porém necessárias ao status quo existente…
Uma seleção sub 19, porta de entrada as divisões superiores, não pode cometer 83 erros de fundamentos em quatro jogos, com média de 20.7 por jogo, arremessar 12/77 (15,5%) bolas de 3 pontos, 50/164 (30,4%) de 2, e 48/86 (55,8%) nos lances livres, simplesmente não podem!!!
Mas estão podendo, e como, nas últimas e longas três décadas, desde que os votos necessários para a derrubada do saudoso Renato Brito Cunha do comando da CBB, em troca do controle técnico da entidade, retiraram do Rio, sede da mesma, o centralismo democratico que levou o basquetebol nacional aos três campeonatos mundiais, e a três medalhas olímpicas, nunca mais repetidas. De lá para cá só pan-americanos, que nem mais classificam para as olimpíadas, não devemos esquecer…
Temos pela frente o mundial masculino, e desde já prevejo problemas, pois o receituário existente está mais presente do que nunca, adocicado pelo tsunami das bolas de três, oratório fervoroso da douta comissão, que sendo do conhecimento geral, em nada nos surpreenderá, ou não?
Que os magnânimos e pacientes deuses nos ajudem.
Amém.
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