“O BASQUETEBOL QUE VOCÊ NUNCA VIU”…
Caros amigos, eis-me de volta após um breve recesso, no qual estive tratando de reformular um repaginado Basquete Brasil-(paulomurilo.com), pioneiro da marca, em ação constante e ininterruptamente postado ao longo dos últimos 18 anos, na firme disposição de outros tantos anos de luta nessa humilde trincheira, democrático e ético espaço a serviço do grande, grandíssimo jogo…
Em novembro próximo inauguraremos o novo formato do blog, onde o espaço didático-pedagógico estará ampliado em texto e imagem, assim como contará com a colaboração de professores e técnicos capacitados nos campos desportivos e acadêmicos, compondo uma equipe de qualidade comprovada nos mesmos…
Enquanto isso, iremos postando os artigos técnicos, que desde sempre contaram com a audiência de todos aqueles que amam o grande jogo, de verdade.
A seleção masculina, que se prepara para o Mundial, venceu um torneio preparatório na Austrália, vencendo o Sudão do Sul, a Venezuela, e os donos da casa, partida a que pude assistir, num horário nada convidativo, 4:30 da madrugada desta quarta feira, mas que, pelo caráter de seriedade como foi disputada, merece uma análise precisa e responsável, fatores que levo na mais alta consideração, ainda mais quando se tratando da seleção principal do país…
De saída vamos aos números finais da partida:
Brasil 90 x 86 Austrália
(51%) 17/33 2 21/39 (53%)
(45%) 16/35 3 9/34 (26%)
(72%) 8/11 LL 17/24 (70%)
36 R 45
9 E 9
Como vemos, ambas as equipes convergiram nos arremessos, com a brasileira arremessando mais de 3 pontos do que de 2, num medíocre cenário de 25/69 (52%) nos 2 pontos, e 38/72 (36.2%) nos 3 pontos por sobre defesas pouco contestadoras, e um jogo interno morno, pois, no caso brasileiro 8/12 jogadores tentaram os 3 pontos, 9/12 os de 2, e 6/12 os lances livres, com percentagens muito abaixo do correto para equipes desse nível, corroborando o princípio de que praticamente quase toda a equipe é autorizada a chutar de 3, indistintamente, seja em que posição atuar cada jogador, numa tácita e absoluta certeza por parte da comissão técnica de que essa é a norma básica para a equipe, não fossem os integrantes da mesma os maiores incentivadores dessa tendência em suas próprias equipes nas competições nacionais. Nossas últimas seleções refletem esses princípios emanados de um grupo que, no comando das mesmas, convocam, treinam e incentivam jogadores na consecução desse projeto absurdo e arriscado, pois se apega caninamente a uma certeza de que somente venceremos se jogarmos fora do perímetro, com cinco abertos, promovendo penetrações que finalizam em passes de dentro para fora do mesmo, a fim de que os arremessos externos possam ser realizados permanentemente, e eventualmente acionando pivôs que estiverem mais próximos à cesta, aliviando um pouco sua função utilitária de apanhadores de rebotes das bolinhas mal endereçadas por convenientemente contestadas…
Que serão, quando a bola subir no mundial, com o objetivo primordial de toda equipe que nos enfrentar, contestar energicamente a chutação de fora, obrigando as penetrações,onde armadores de baixa estatura enfrentarão sérios problemas, se não forem apoiados permanentemente, daí a dupla armação, que vem sendo utilizada nos últimos jogos, numa evolução técnico tático de imensurável valor…
No entanto, falta-nos aprimorar, reverter mesmo o jogo interno, com a participação presencial de no mínimo dois pivôs, diria mesmo alas pivôs, em contínuo deslocamento interior, provocando o deslocamento, também permanente, dos defensores na área pintada, propiciando arremessos curtos e médios com porcentagem bem mais elevadas que as notórias bolinhas…
Claro que atuar com três alas pivôs seria exigir demais de uma turma que somente professa a máxima do ”estando livre, chuta”, independendo de como e quando, no que se tornou hábito nas inacreditáveis peladas a que temos assistido, rotuladas do “basquetebol que você nunca viu””, que garanto ser a mais pura verdade, frente ao basquetebol que jogavamos com excelência num ontem não tão distante assim, sepultado e esquecido por um colonizado corporativismo, movido a Q.I.s politicos e retrógrados…
Vejo com desconfiança nossa participação neste mundial, e mesmo numa classificação olímpica, pois teimamos em nos manter escravos de uma mesmice endêmica que nos esmaga, tolhendo os sonhos dos parcos talentos que também teimam em existir, neste deserto de idéias, criatividade e improvisação responsável, cedendo espaço vital a irresponsabilidade planejada do “jogo aberto”, da “chutação irracional” , e a minimização do ensino e exigência dos fundamentos básicos do grande jogo na base…
Quem sabe os deuses se apiedem de nós.
Amém.
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