A TEIMOSIA PADRONIZADA E GLOBALIZADA, ATÉ QUANDO?…
Infeliz e tristemente não errei, os equívocos se repetiram, o bom senso inexistiu, a mesmice imperou, solene, trágica, a derrota foi consequente, que venha o próximo jogo…
Mais uma vez os números atestam a dura realidade:
Brasil 78 x 96 Espanha
(61%) 19/31 2 22/48 (58%)
(27%) 9/33 3 10/24 (42%)
(81%) 13/16 LL 22/30 (73%)
37 R 36
16 E 8
Pela enésima vez convergimos, arremessando mais de 3 do que 2 pontos, enquanto os espanhóis o faziam na proporção de 2 para 1, logo, mais eficientes e objetivos, maciçamente presentes dentro do perímetro, forçando faltas, arremessando o dobro de lances livres do que nossa seleção, que falhando seguidamente na marcação não conseguia equilibrar a pontuação, mesmo atacando com razoável êxito nos dois quartos iniciais. Do terceiro em diante cederam ao maior poder técnico individual de jogadores com sólida formação nos fundamentos básicos do jogo, driblando, fintando, passando, defendendo, reboteando e arremessando melhor que nossos jogadores, fatores estes marcantes nas competições de alto nível, pois influem decisivamente quando a maioria das equipes atuam no sistema único, que pretensamente as igualam e equilibram, mas que definem e limitam aquelas mais capazes nos fundamentos, este sim, o fator realmente decisivo e vencedor……
Enquanto negligenciarmos a formação de base, aspecto prioritário aos espanhóis, não só no basquetebol, como nos demais desportos, atestando com sobras a grande e firme evolução dos mesmos no vasto e amplo universo do desporto mundial, incluso em seus sistemas educacionais, antítese de nossa triste realidade de povo, propositalmente mal educado, neste imenso, desigual e injusto país…
No entanto, além dos aspectos técnicos acima apontados, alguns outros de caráter tático e diretivo devem ser abordados::
Numa competição mundial, onde a elite se defronta, meias palavras, meios esforços, meias economias tem de ser evitadas, pois, em se tratando de quem segue, e de quem fica pelo caminho, todo o esforço possível tem de ser despendido para um resultado vencedor. Logo, na direção de uma equipe, cuja escalação inicial se encaixa equilibradamente ante um sistema defensivo forte, uma rotação excessiva quebra o equilíbrio tão duramente alcançado, tanto fora ou dentro do perímetro, propiciando ao adversário oportunidades de respostas positivas, até aquele momento difíceis de obter, sendo obsequiado com a auto falência motivada pelo entra e sai exibicionista de praticamente toda a equipe nos quartos iniciais. Nenhuma produtividade coletiva resiste a tal comportamento, mutilado em minutagens desnecessárias…
Contra equipes com especialistas de verdade nos longos arremessos, defesas zonais se tornam fatais, ainda mais quando o adversário é o campeão mundial…
Insistir coercivamente a cada tempo pedido ou usufruído, e ao lado da quadra por todo o tempo de jogo, que a equipe siga estritamente suas jogadas, repetidas, manipulando os jogadores por todo o tempo de jogo, exatamente por adotar e seguir um estrito e limitado sistema tático, no qual a criatividade e o improviso se tornam monitorados por todo o tempo. Do outro lado, a equipe espanhola que adota o mesmo sistema, porém com jogadores mais completos nos fundamentos, e por isso mais eficientes nos dribles, nas fintas e nos passes dentro do perímetro, concluindo curtos e médios arremessos mais precisos que seus também eficientes três pontos, e acima de tudo, exercendo os princípios defensivos com absoluta precisão. Aliás, em nenhum dos tempos pedidos ou usufruídos por nossa comissão técnica, nada era ouvido sobre marcação individual, sequer coletiva, nada…
Então, não foi tão inesperada a derrota por 18 pontos, número inquestionável sob qualquer critério que se possa recorrer. Como afiancei anteriormente, dificilmente meus mais de meio século junto ao grande jogo me permite prever óbvios resultados, ainda mais quando sempre utilizei sistemas de jogo proprietários, antítese desse que utilizam, padronizado e globalizado de três décadas para cá, em seleções da base a adulta, com os resultados que bem conhecemos…
Continuarei na torcida para que superemos a Costa do Marfim nesta quarta feira, e mais adiante, no mata a mata um Canadá ou Letônia, sendo o primeiro que tanto conhecemos em enfrentamentos recentes…
Que ao menos um dos deuses, mais informal e tolerante, nos proteja.
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.
Eu lembro de ter visto um jogo do Brasil com os USA, nos jogos classificatórios para o mundial em que o Brasil precisava ganhar para ter chances de classificação. E o Brasil priorizou a movimentação dos jogadores, os dribles, cortes e o jogo interno, nao esquecendo também dos arremessos de fora ,ganhando de maneira sensacional nos Estados Unidos. Lembro que eu fiquei pensando: por quê não gravam o jogo porque poderia servir
como aula. O que me parece é que quando a classificação estava ameaça da foi relembrada a melhor maneira de jogar. Mas é como se existisse uma dificuldade de jogar sempre assim e fosse mais fácil priorizar os arremessos de 3 pontos ao invés da intensa movimentação
Outra coisa que estava pensando é que hoje parece que as coisas são pensadas demais em função do resultado. Ao invés de pensar o resultado como consequência de um jogo bem jogado,pensa-se,por exemplo que, se tiver um aproveitamento de tantos por cento na bola de três vai ganhar o jogo, então precisa chutar “X” bolas de três ao invés de se pensar em “construir” o arremesso de três, ou não, conforme as circunstâncias do jogo. Acho que um tipo de jogo que serve de inspiracao é como joga(ou jogava) o Golden State Warriors, mas eles fazem também um jogo de muita movimentação, bloqueios e passes.
Se eu pudesse fazer um pedido, como torcedor, seria que a comissão técnica relembrasse o jogo contra os EUA, lá nos Estados Unidos, pelas classificatórias para a copa do Mundo, e adotasse esse estilo para os próximos jogos da copa do Mundo. Deu gosto de assistir aquele jogo e ser um torcedor da Seleção Brasileira de Basquete.
Prezado Marcelo, muito me alegra ler seus comentários bem estruturados e melhor descritos. Conte sempre com esse espaço democrático para seus pontos de vista e análises. Obrigado por sua audiência.
Paulo Murilo.