A ORTODOXIA DE UM INORTODOXO CARGO…
Sou um incorrigível curioso profissional, e por sê-lo me surpreendi com uma declaração do técnico da seleção masculina que disputa o mundial, publicada no O Globo de hoje, após a vitória sobre a seleção do Canadá: (…) que adotou uma estratégia “não ortodoxa” para vencer a partida: desacelerar o jogo (…) – Foi um ótimo jogo, assim como nossa estratégia. Assim que fizemos o relatório de análise e observação, decidimos desacelerar o ritmo da partida. É um pouco inortodoxo de nossa parte fazer isso, mas foi um grande trabalho dos jogadores na execução. (…)
Mas não foi o que vimos na quadra, e sim uma grande redução na chutação de fora, que depois de muito tempo não convergiu com os arremessos de 2, assim como um incremento substancial no jogo interno valorizando os curtos e médios arremessos, pendurando os pivôs canadenses, e acima de tudo, lutando com ardor pelos rebotes defensivos e ofensivos, vencendo uma importante partida , mesmo cometendo 17 erros de fundamentos básicos do jogo…
Todo este esforço mudando a ortodoxia do treinador, baseada na velocidade extrema, chutação de fora, ao menor vestígio de liberdade defensiva, e a tática de postar sempre a equipe em formação ofensiva aberta, onde os corners players têm espaço cativo, não foi mudada, mas sim freada nos deslocamentos em quadra, principalmente pela posse de bola mais extensa por parte dos armadores participantes, todos eles. Torna-se óbvio que uma cadência mais moderada reduz a frequência nos arremessos, e se estes forem os longos, automaticamente os curtos e médios sobressairão, tornando a equipe mais precisa e objetiva, assim como pronta, pelo posicionamento interior, aos rebotes ofensivos, que foram vitais nessa vitória…
Então, não foi uma estratégia de mudança no andamento do jogo, e sim uma verdadeira mudança de comportamento técnico, tático, estratégico dos jogadores, fatores estes que por não comporem a bagagem e o conhecimento, e por conseguinte, a convicção sistêmica e antagônica aos seus princípios, resolveu adotar a camuflagem a uma ortodoxia que jamais pensou em renegar, mas utilizou algo de influência exógena, e se deu muito bem..
Logo mais sua equipe disputa o jogo chave para a classificação às quartas deste mundial duríssimo, e quem sabe, a vaga olímpica um pouco mais adiante. Mas para tanto terá de estimular algumas outras mudanças técnicas e táticas na equipe, e principalmente reconhecer e aceitar que nunca é tarde demais para adotar comportamentos que primem pelo bom senso, o respeito a ética, que são fatores básicos a ortodoxia do cargo, o que ocupa atualmente…
Amém.
Foto – Reprodução do O Globo. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.
Boa noite, professor Murilo! Além da queda, o coice! Depois da derrota para a Letônia e da vitória do Canadá contra a Espanha, o Brasil saiu do mundial e também não conseguiu classificação precoce para as olimpiadas, que teria acontecido se a Espanha ganhasse do Canadá. As estatísticas do jogo são claras: 29(45%) x 38(57%) FG, 11×6 turnovers (Letônia aproveitou 18 pts, contra 7 do Brasil), embora a Letônia tenha roubado apenas 3 bolas e feito 3 bloqueios. Huertas, Soares e Meindl não acertaram nenhuma de 3, Santos e Caboclo acertaram 1/3, Yago e Lucas acertaram 2/4 e 3/4. As bolinhas não cairam!
Prezado André, nada mais do que previamos de a muito tempo. O que espanta é o fato de jamais se corrigirem, sequer tentam. Lamentável.
Paulo Murilo.