FIM DE LINHA…

Sendo canhota, e por força de séria contusão no ombro, Sabally atuou por quase todo o tempo de jogo com a mão direita, suficiente para vencer a seleção brasileira.

Terminou o suplício, com generosas doses de drama, reviravoltas, entregas, sacrifícios, e erros, muitos, foram 38 (16/22), com as alemães errando mais nos fundamentos, mas acertando cestas nos momentos decisivos, apesar da perda inacreditável de 18 lances livres (23/41), muitos por conta de sua melhor jogadora, Sabally, seriamente contundida em seu predominante ombro, e que o viu ser magoado por diversas vezes em despretensiosos contatos, num dos quais, por pouco, não aconteceu uma cena de “perturbação da ordem”, contornada com faltas técnicas e antidesportiva, mas sem fugir dos princípios éticos do jogo…

Importante afirmar que, a presença icônica dessa jogadora em quadra, numa situação real de entrega a uma equipe apenas razoável, mas que com sua presença dominante nos rebotes, na armação e nas conclusões, gerou um poderoso bônus que, ao final da refrega, deu às alemãs a classificação olímpica…

Comportamento padrão de atuar fora do perímetro, um contumaz erro da seleção.

Do nosso lado, erros crassos nos passes, na condução de bola, e principalmente na escalação da equipe, quando uma segunda pivô Stephanie, com 2:04 m, foi atuar fora do perímetro, quando se atuasse permanentemente próxima da Kamilla (2:01m), assessoradas pela também muito alta Damiris, lá dentro da cozinha adversária, sem dúvida alguma equilibrariam e até superariam as grandes defensoras alemãs, sem a menor dúvida. Mas isso é outra história, triste história, pois para que tal atitude técnico tática ocorresse, teriam de ser ensinadas, preparadas e treinadas para ali atuarem, de preferência desde a base, por professores e técnicos conhecedores e preparados didática e tecnicamente para assim proceder, nos mínimos detalhes possíveis, em constante ligação com armadoras que realmente conhecem a arte de fazê-lo, e não como definidoras em bandejas severamente bloqueadas pelo gigantismo defensor, ou arremessos inconstantes e desregulados de três pontos,sempre contestados, ansiados quase como uma prece, por estrategistas de ocasião e analistas equivocados…

E mais do mesmo, a procura incessante das salvadoras bolinhas…

Enfrentamos três equipes que jogaram dentro de nossa defesa, explorando-a, pendurando-a, dominando preciosos rebotes ofensivos, e arremessando de curta e média distâncias, onde os valores estatísticos superam em muito os de longa distância, e que mesmo assim, tentaram com algum sucesso suas benditas e complementares bolinhas, porém jamais considerando-as como prioridade de jogo…

Jogo interior alemão, uma constante.

Algo, no entanto chamou a atenção nessa competição, a presteza no condicionamento físico de nossas três adversárias, atléticas, enxutas, bem preparadas e condicionadas para uma competição de tiro extremamente curto como essa, em confronto desigual com uma equipe inferior nos fundamentos básicos, porém bastante alta, mas fragilizada em sua condição física e atlética, onde o excesso de peso era tristemente flagrante em algumas jogadoras, algumas das quais sequer jogaram, numa inconcebível falha convocatória para um torneio de tal dimensão…

Concluindo, urge em caráter absolutamente prioritário que se reformule o ensino do grande jogo desde a base, através um bem estudado e escalonado projeto, onde o condicionamento técnico, principalmente nos fundamentos, seja administrado por reconhecidos professores e técnicos, meritoriamente preparados, e não alçados por influentes Q.I.s, como de praxe, num movimento que reencontre os caminhos que fizeram do basquete feminino um orgulho para o desporto nacional…

Muito ainda poderiamos discorrer sobre esse jogo, mas peço licença para não ir além, pois nada mais constrangedor do que a repetição de algo que se nega a evoluir, se apegando como náufrago a uma única boia disponível. Dessa forma, afundam todos, sem comiseração, inclusive dos deuses…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e da divulgação FIBA. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las. 

ALTURA NÃO É TUDO…

Equipe Sérvia sempre atuando dentro do perímetro, otimizando seu jogo coletivo e preciso nas curtas e médias distâncias.

 Ontem perdemos um jogo que poderia ter sido vencido, se dispuséssemos de um mínimo de conhecimento tático  no aspecto coletivo, e visão estratégica em alguns e importantes momentos do jogo, fator este explorado cirurgicamente pela técnica sérvia, mesmo quando acuada no marcador, provando na prática o que teimamos demonstrar na prancheta,,,

Olho no olho, e não uma prancheta/biombo como institualizamos,

No aspecto tático a equipe sérvia se utilizou de uma dupla armação, liderada por uma jogadora, Anderson, veloz, pequena e esguia, porém de uma lucidez aguda e oportunista, de drible fácil e fintas desconcertantes, defensora  implacável, emoldurando uma qualidade de passe dentro do preciso modelo da escola de onde advém, a base americana, com suas schools, colleges and universities, distribuindo e colocando suas companheiras em condições de jogo, explorando ao máximo suas pontuações, além da própria, com seus decisivos e marcantes 30 pontos!!

O padrão, uma joga, as demais assistem, lamentável,,,

Estrategicamente, dispôs a excelente técnica, suas pivôs nas posições onde mais rendiam, principalmente a canhota Stankovic, com seu jogo milimétrico e coletivista bem no miolo da defesa brasileira, fazendo duplas e muitas vezes trincas com suas companheiras dentro do perímetro, enquanto do lado oposto, nossas jogadoras abriam em leque em torno do perímetro externo. para “aplaudir”, ou mesmo “torcer” para que uma de nossas pivôs. solitariamente, enfrentasse a sólida defesa sérvia. ou servisse uma delas para o salvador arremesso de três (foram 6 em 31 tentativas- 19,4%). A boa comentarista e ex -armadora da seleção brasileira, Helen, lamentava pesarosa, que em nenhum momento de tais jogadas, uma companheira cruzasse ou auxiliasse a pivô cercada e pressionada pelas sérvias, tornando a conclusão da ação profundamente contestada…

Mesmo perante um desfecho nada improvável de vitória brasileira, apesar dos enormes erros diretivos, a equipe sérvia fez jogar a Anderson por 35:34min, exigindo da mesma seu esforço máximo, pois esse papo de minutagem bastante aplicado em nosso país, sempre soou falso para mim, ainda mais quando está em jogo uma classificação olímpica,.. 

De 3 sem rebote colocado, uma decorrência de como jogamos por aqui,

E para fechar o número de equívocos, continuamos a tentar arremessos de três com o placar a 3, 4 pontos de diferença, quando de 2 em 2, e 1 em 1, poderíamos, inclusive, obter pontos preciosos e vencedores, mas para tanto seria necessário que nossas jogadoras fossem ensinadas a atuar dentro do perímetro (como ensiná-las se não tem quem as ensine?), onde os deslocamentos e precisos passes abrem espaços preciosos para as conclusões de curta, e até médias distâncias, e não esses imprecisos, aventureiros e midiáticos tiros de fora, ineficientes ante os de dentro do perímetro, que são aqueles que vencem jogos, fazendo dos longos um complemento, e não um sistema básico de jogo…

Uma das raras vezes em que nos dispomos dentro do perímetro, ação que deveria ser padrão e não exceção.

Daqui a pouco enfrentaremos a Alemanha, que como toda equipe europeia é alta, forte e atlética, e por conseguinte, veloz e resistente, o que a torna perigosa e determinada, afinal, a vencedora desse jogo carimba o passaporte para Paris…

Já nem peço nada aos deuses, somente sugiro que tente iluminar a mente de nossos luminares estrategistas, o que, tenho de reconhecer, é difícil pacas…

Amém,

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

QUANDO A BALANÇA PESA…

O velho cacoete, cinco abertas…

Por  se tratar de um jogo de seleção brasileira, saio do mutismo que vem progressivamente me assaltando, frente a medíocre realidade do nosso indigitado basquetebol, prisioneiro e vítima de uma sistematização técnico tática e formativa, que tem, inexoravelmente, nos lançado no limbo de um colossal buraco, exaustivamente por aqui discutido há décadas, dia a dia, mês a mês, ano a ano, sem uma resposta, por tênue que fosse, no enfrentamento de uma chaga, cada dia mais difícil de ser curada, face às equivocadas lideranças até aqui escaladas para orientar o grande jogo por um caminho evolutivo e libertador de uma mesmice endêmica que, fatalmente, nos privará de voltar a pertencer ao restrito rol dos líderes do grande jogo no cenário internacional…

Como desde sempre, de 3 sem rebote colocado…

Jogou a seleção feminina no pré olímpico de Belém, e perdeu para uma Australia longe das qualidades que a tornaram campeã mundial, mas que ainda se mantêm qualificada nos fundamentos básicos, e numa postura físico atlética de altíssima qualidade, enxuta, frente a uma seleção  pátria fragilizada em seus fundamentos, tanto individuais, como coletivos, e primando com algo constrangedor, uma forma física deficiente, e em muitos casos raiando a obesidade, restritora da velocidade e da capacidade saltadora e defensora, assim como da resistência necessária a uma competição olímpica, onde, dentre  os dezesseis membros que compõe sua comissão técnica, nenhum deles é um nutricionista, certamente o profissional de maior importância num plantel que prima pela robustez excessiva, e mesmo assim sob um projeto a médio prazo a ser desenvolvido mesmo longe da seleção, e que caso não fosse levado com seriedade, privaria as jogadoras de posteriores convocações…

Robustez em demasia, numa seleção?

Some-se a tal precariedade, com os contumazes erros nos passes, nos dribles, nos arremessos, nos rebotes e na postura defensiva, e teremos  

um fiel retrato do que aflige nossa esforçada  seleção…

Se olharmos o jogo pelo ângulo técnico, podemos atestar com precisão quão inferior ela se portou nos embates mais decisivos, nos rebotes, onde a flexibilidade e atleticismo australiano superou nossa robustez nos mais decisivos momentos, mesmo possuindo jogadoras de mais de 2 metros em quadra, que se viram bloqueadas, inclusive nos arremessos, e pela marcação frontal, somente factível por jogadoras atleticamente superiores, mesmo não sendo as mais altas…

Imagem de uma equipe sem sistema de jogo definido…

No plano tático, ainda teimamos jogar com as cinco abertas, projeto somente vencedor através armadoras velozes e aptas fisicamente, os mesmos princípios para as pivôs, e uma ou outra ala melhor dotada daquelas valências, como foi o caso da valente Leila, que soube enfrentar as australianas de igual para igual. Nossas pivôs são muito altas, muito jovens, e o mais instigante, pouco atléticas, tornando-as menos velozes e mais suscetíveis a embates físicos mais exigentes. Enfim, uma seleção que tem a obrigação de ser melhor e convenientemente preparada nos fundamentos e no controle atlético e alimentar, fatores que, se bem planejados, substituirão com apreciável folga, as midiáticas e absurdas pranchetas, ainda mais a 00,9 segundos do final do jogo, num inacreditável apêgo a mesma…

Tempo e prancheta a 00,9 seg, inacreditável…

Quem sabe logo mais contra a Sérvia, no jogo mais importante nessa competição, possamos evoluir taticamente, pois tecnicamente a balança não ajuda…

Como encarar uma defesa desse calibre?

Que um deus de plantão possa nos ajudar, quem sabe,,.

Amém.

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