ENFIM, O DRAMA TERMINOU, SERÁ?…
Enfim o drama terminou, a classificação às olimpíadas foi alcançada com brilho e muita luta, com estreia já no próximo dia 27 contra a dona da festa, a França…
Foi uma árdua caminhada, complicada pela deficiência na composição de alguns setores da equipe, prejudicando em muitos e importantes momentos sua produção técnica, inclusive na derrota contra Camarões, quando as variações em sua composição básica, como os armadores e os pivôs, tornaram incompreensíveis determinadas escolhas no momento do corte final, quando jogadores melhores qualificados cederam espaço a outros de menor capacidade técnica, por motivos que ferem o bom senso, mas que podem ter sido originados no campo político, onde a refrega entre a CBB e a LNB ganhou proporções altamente negativas ao futuro do basquetebol nacional em seu todo administrativo e desportivo…
Jogadores como o Jaú e o Deodato não poderiam ceder seus lugares aos bons jogadores Felicio e Mãosinha, mas não suficientemente bons para uma seleção do mais alto nível, assim como armadores como o Elinho e o Alexei não poderiam ficar de fora em uma equipe com jogadores sem as condições físicas totalmente em ordem, fatores que inexplicavelmente ficaram no limbo de qualquer plausível explicação. Quem sabe a pendenga entre as entidades que gerem(?) o grande jogo neste imenso, desigual e injusto país, possam esclarecer os porquês nada esportivos que eventualmente forçaram a comissão técnica a tomar medidas tão infelizes e que poderiam ter ferido de morte a equipe…
A partir do momento em que o Petrovic optou corretamente pela dupla armação, perdendo por contusão o Raul, que já vinha de uma longa recuperação cirúrgica, assim como o Yago que se apresentou à seleção em condição física pouco confiável, a escolha de outros armadores bem condicionados para um torneio exigente e de tiro curto, se tornava inadiável, mas foram mantidos, resultando em uma equipe que se viu obrigada a atuar com oito jogadores, as vezes nove em determinados momentos de uma competição para lá de difícil e altamente exigente como esse pré olímpico…
Mas Paulo, venceram e se classificaram, não é o suficiente? Não, absolutamente não, pois daqui a três semanas estarão mergulhados até o último fio de cabelo na maior das competições, as Olimpíadas, que exigirão a maior força técnica que possamos reunir, com doze jogadores equivalentes técnica, tática e fisicamente aptos para o que der e vier, sem limites ou protelações, evitando a prioritária busca por jogadores que atuam no exterior, nem todos de alta qualidade, mas da alçada da CBB, em confronto com aqueles poucos como o Didi e o Lucas que atuam na LNB, além de um dos assistentes técnicos. Mãosinha e Raul, como Free Agents, estavam na alçada da CBB, e o George em trânsito da Alemanha para Franca também, sobrando o Lucas que jamais poderia ser preterido como o MVP do NBB nesta temporada, pois o Didi certamente foi escolha pessoal do Petrovic que sempre o elogiou publicamente…
No momento em que essa briga for solucionada, repito, com bom senso, acredito que possamos formar seleções bem mais representativas do que essa, que apesar de vencedora com justiça, terá de equacionar sua formação definitiva e altamente competitiva para daqui a pouco em Paris…
Após esse necessário preâmbulo, posso afirmar com a mais absoluta certeza que, com a escalação inicial para esse difícil jogo contra a Letônia, em sua própria casa, lotada e vibrante, onde o Petrovic formulou um quinteto equilibrado ofensiva e defensivamente lógico e coerente, com uma dupla armação composta pelo experiente e rodado Huertas, e o jovem atlético, canhoto e muito técnico George, alimentadores de uma trinca de alas pivôs composta pelo Meindl, Lucas e Caboclo, conseguiu colimar seus esforços para incutir o tão buscado coletivismo na mente de uma seleção refém por longos e longos anos, de uma forma de atuar dentro de um sistema único de jogo, que muito prejudicou nosso desenvolvimento. No entanto, muito do dinamismo desse quinteto arrefecia quando das substituições naturais de seus componentes, por jogadores foco da discussão acima, e que se manterá atuante para Paris se não forem esses hiatos urgentemente corrigidos…
Sem dúvida alguma, a forma de jogar apresentada por essa equipe quebrou e esfacelou a defesa da Letônia, a ponto de se ver praticamente vencida ao término do terceiro quarto, e por quase 30 pontos de diferença. Mesmo com esse progresso ofensivo, ainda mantivemos um excesso de arremessos de fora do perímetro, ocasionados, talvez, pela compressão defensiva dos letões na tentativa de anular o Caboclo, abrindo largas brechas por onde arremessavam os brasileiros com a mais total liberdade de ação. Por conta dessa facilitação, praticamente convergiram seus arremessos (13/28 de 2 pontos, e 13/24 de 3, contra 15/33 e 8/29 respectivamente dos letões). Outrossim, arremessou a seleção 29/34 Lances livres, contra 15/18, demonstrando claramente a intenção da equipe letã no combate aos alas pivôs atuando dentro de seu perímetro interno…
Defensivamente atuou a seleção de forma intensa e efetiva, contestando os longos arremessos letões, e antecipando os passes, inclusive com marcação frontal dos pivôs em muitas ocasiões. Meindl e Lucas foram felizes em grande parte de suas tentativas de 3, assim como o Caboclo em suas finalizações dentro do perímetro, num todo harmônico coletivismo, a muito ausente de nossas seleções, e que talvez, quem sabe, recobre seu brilho espelhada na excelente apresentação vencedora do pré olímpico de Riga.
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Preocupa-me somente, o fato de que esta seleção não tenha corrigida sua formação final e ideal para a grande competição olímpica, quando algumas modificações tenham de ser feitas, para que tenhamos doze jogadores equivalentes tecnicamente, sadios física e mentalmente, para que, enfim, atestemos o soerguimento de uma modalidade outrora brilhante e vencedora, hoje tão mal tratada em nosso país.
Que os magnânimos deuses nos ajudem.
Amém.
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