COMENTÁRIOS PONTUAIS…

O telefone toca e a cobrança vem em cheio – Paulo, não vai concluir seu comentário sobre a participação brasileira em Paris?…

Confesso que até esse momento não tinha a menor intenção de concluí-lo, bastando, para mim, o último parágrafo postado no artigo anterior, onde afirmei – (…) Concluindo, enfrentaremos daqui a pouco a escola que implantou o conceito do 1 x 1 em sua milionária liga principal, copiado mundialmente (com poucas exceções), sem que possa ser contestado pelo bilionário fator econômico que a sustenta, além do suporte técnico emanado por milhares de escolas e universidades que alimentam suas franquias desde sempre…

Podemos enfrentá-los logo mais em Paris? Quem sabe os deuses, num afã de prestimosidade, resolvam dar uma mãozinha, quem sabe. Mas aqui para comigo mesmo, duvido, e fico triste por essa dúvida, ou certeza…

Amém.(…)

Pois é, os deuses se omitiram solenes, e os números não mentem, pois nos mantivemos na premissa de que nossos fantásticos arremessadores de fora fariam a diferença, o que não aconteceu, e que continuará a não acontecer quando confrontados com defesas sérias, contestatórias, e acima de tudo, cientes de todas as possíveis, parcas, e primárias movimentações técnico ofensivas, que teimosamente praticamos, substituídas pela descerebrada orgia dos longos arremessos como arma prioritária de um basquete voltado taticamente a consecução dos mesmos, preterindo absurdamente o jogo interior, ao contrário dos americanos que nos destruíram, exatamente jogando lá dentro, irônico não?…

Eis os números finais de um jogo que, ao contrário dos sérvios e franceses, jogamos de maneira insossa e  conformada…

Por outro lado, me convenci a assistir pelo You Tube FIBA ao jogo da seleção feminina postulante ao Mundial de 2026, no torneio classificatório em Ruanda, contra o “temível” Senegal, e me arrependi de tê-lo feito, pois ficou sedimentado em mim a certeza de que o basquete feminino brasileiro está na mais completa deriva, onde jogadoras erram fundamentos básicos, como os passes e os dribles, e arremessam desenfreadamente, sem lógica e destino final, além de desconhecerem os mais ínfimos princípios defensivos, numa demonstração do muito que teremos de trilhar uma áspera, tortuosa e sacrificada estrada, ao encontro de seu soerguimento. Ficou faltando somente uma explicação, por mais simples e objetiva que fosse – o que faz o Léo Figueiró no banco de uma seleção feminina, um ambiente desconhecido para ele, o que? Bem os geniais próceres cebebianos devem saber o que fazem…

Os números a seguir expõem a realidade do basquete nacional feminino:

Espero que hoje pela manhã, façamos algo de melhor contra a Hungria, o que teimo em duvidar, pois sem fundamentos sólidos e bem desenvolvidos, sistema de jogo nenhum se mostrará razoavelmente produtivo, com ou sem pranchetas, aquelas que “falam”…

Finalmente uma contestação, será o Curry, como afiançam os mais renomados comentaristas tupiniquins o melhor jogador da história do grande jogo? Olha, no jogo final, em que os franceses perderam um jogo quase ganho, ao não contestarem os lançamentos de três do excelente jogador, que arremessando da linha FIBA de jogo, nada mais fez do que.comparativamente, executar três lances livres, se comparar tal linha com a da NBA, que já está sendo dificultada pela dura contestação defensiva por parte da grande maioria das equipes, não sendo nenhuma surpresa a aprovação dos arremessos de 4 pontos, já em fase experimental, que foi destaque inclusive no grande Jornal da Globo, num processo incidioso de transformar o grande jogo num voleibol gigante, onde a inexistência defensiva exalte a estética e a pureza de movimentos artísticos individuais, com a ausência “impura” de defensores fungando no cangote de atacantes angelicais…

Como vemos e atestamos, cada vez mais o basquetebol se vê tentado a se afastar de sua essência, de sua complexa técnica individual e coletiva, e precisará de uma dose cavalar de resiliência para se manter o grande, grandíssimo jogo que sempre foi. Será que resiste?

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.    

LOGO MAIS…

Numa casa de caboclo, um é pouco, dois é bom, três é demais (cancioneiro popular)

Canadá vence a Espanha e garante o Brasil, que venceu o Japão, nas oitavas de final, que por sua vez enfrenta os Estados Unidos logo mais, num jogo que vem suscitando discussões a não mais valer pela grande rede, num misto de pretensiosismo eufórico e realismo indiscutível. Projetar e analisar um confronto como o de logo mais, torna-se um exercício realista, muito além do fértil imaginário da turma oba-oba que, infeliz e lamentavelmente , infesta, não só a grande rede, como, e principalmente, o entorno do grande jogo, prejudicando fortemente o soerguimento técnico tático do mesmo, neste imenso, desigual e injusto país…

Se nos reportarmos aos jogos classificatórios da seleção nacional nesta magna competição, com seus implacáveis números, discutidos nos dois artigos anteriores, e os números do jogo com o Japão, na tabela a seguir, poderemos compreender e nos situar ante uma inquietante realidade:

                                         Brasil   102    x      84     Japão

                               (46.7%)  21/45        2         14/35   (40.0%)

                               (60.7%)  17/28        3         16/41   (39.0%)

                               (90.0%)    9/10       LL          8/10   (80.0%)

                                                   49       R          34

                                                   12       E            9

São números que revelam um confronto desigual no fator estatura física entre as duas equipes, onde os arremessos de dois pontos foram mais frequentes pela equipe brasileira, face sua maior estrutura física e poder de rebote, ainda mais quando o melhor jogador japonês, Hachimura, não atuou por contusão, liberando seu perímetro interno à ação dos altos jogadores brasileiros, abusando dos arremessos de três pontos, que  mesmo perante um acerto de 60%, face a retração dos defensores japoneses, deveriam insistir com mais intensidade no jogo interno, quando muito para se exercitarem, em situações reais de jogo, habilidades coletivas que poderiam ser de grande importância nos exigentes jogos posteriores, principalmente no possível enfrentamento com a equipe americana, mestra na defesa de perímetro, espaço preferencial da maioria de nossos jogadores, que se consideram mestres nos longos arremessos, preterindo-os quanto aos mais próximos à cesta. Qualquer equipe que pretenda nos derrotar, implementará forte contestação externa, que é um fator que retira de nossas equipes sua maior e enganosa força, as bolinhas lá de fora…

Ajuda inexistente para brigar nas tabelas com os americanos.

No caso desse jogo contra os americanos, já partimos, no caso de priorizarmos o jogo interno, de contarmos com somente um jogador dominante, o Caboclo, já que os demais são falhos nesse mister, pois o Felicio e o Mãozinha não possuem a potência técnica e de choque no enfrentamento com as  jamantas ianques, claro, se jogarmos no 1 x 1, conforme o teimosamente utilizado modelo NBA que caninamente adotamos, com os  homens altos atuando abertos para o espaçamento, visando os longos arremessos e as esporádicas penetrações internas, prato feito para os gigantes americanos, física e atleticamente superiores. Se nos conscientizarmos que os defensores americanos se utilizarão fortemente das contestações aos nossos pretensiosos arremessos de três, fatalmente nos veremos em grandes apuros, já que não estamos abastecidos de alas pivôs velozes e de choque em quantidade suficiente para uma competente e eficiente rotação (alguns bons jogadores não foram convocados, num erro fatal às nossas ambiciosas pretensões, assunto largamente discutido nesse humilde blog), fator técnico estratégico que cobra, e cobrará cada vez mais os juros que incidem na constituição de uma equivocada seleção nacional…

Armadores para lá de veteranos, recém contundidos e ainda não convenientemente recuperados, alas oscilando entre o jogo interno e externo, alas pivôs que jogam mais abertos do que inseridos no perímetro ofensivo interno, sistema de jogo centrado em pink rolls insistentes e de fácil controle defensivo, insistência nos longos arremessos, incentivados por defesas flutuadas ou passivas, constituem um arsenal enganoso, se confrontado por fortes e objetivas defesas, obrigando a equipe em seu todo, a comportamentos erráticos e desequilibrados. Uma seleção nacional não pode se dar ao direito de atuar regida pelo livre arbítrio de seus componentes, dissociada de um sistema objetivo de jogo, fundamentado em bons e eficientes fundamentos, e acima de tudo, regido por uma movimentação síncrona e assincronamente contínua de todos os seus componentes, liderada por uma dupla, competente e eficaz armação, e três rápidos, fortes e atléticos alas pivôs, onde as conscientes e efetivas improvisações se façam presentes, e os arremessos constituam o ápice de um conceito diferenciado na prática do grande jogo, fugindo da mesmice endêmica a que foi relegado nas últimas três décadas, não só aqui, como lá fora também…

Concluindo, enfrentaremos daqui a pouco a escola que implantou o conceito do 1 x 1 em sua milionária liga principal, copiado mundialmente (com poucas exceções), sem que possa ser contestado pelo bilionário fator econômico que a sustenta, além do suporte técnico emanado por milhares de escolas e universidades que alimentam suas franquias desde sempre…

Podemos enfrentá-los logo mais em Paris? Quem sabe os deuses, num afã de prestimosidade, resolvam dar uma mãozinha, quem sabe. Mas aqui para comigo mesmo, duvido, e fico triste por essa dúvida, ou certeza…

Amém. 

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las. 

A QUE PONTO CHEGAMOS…

A que ponto chegamos.

Nessa tabela acima, são apontadas as possibilidades de classificação da seleção nacional às quartas de final. Observem com atenção, leiam e releiam, e com isenção avaliem a que ponto chegamos numa Olimpíada, e se realmente merecemos continuar numa competição de tal nível…

E porquê tal contestação? Bem, vejamos inicialmente o que ocorreu na partida contra a Alemanha, comparando seus números com a anterior contra a França, quando poderemos visualizar objetivamente o cataclisma técnico tático que se abateu, e vem se abatendo sobre uma seleção, vítima contumaz de repetidos e estabelecidos equívocos, que vão das convocações mais esdrúxulas e inexplicáveis, aos primários erros técnicos, táticos e estratégicos cometidos a granel no preparo e condução de uma errática, desgovernada e desequilibrada equipe, aspectos dispostos nos dois artigos antecedentes ao de agora, vítima e refém dos longevos erros técnico administrativos, que tanto exponho e discuto neste humilde blog…

Vamos aos números:

 Brasil      66   x  78      França                 Brasil       73  x  86  Alemanha 

   (44,0%)   16/36       2      18/27  (57,7%)        (42,1%) 16/38    2  21/30 (70,0%)

   (33,0%)     7/21       3        8/25  (32,0%)        (28,5%)  10/26   3  10/32 (31,3%)

   (68,0%)   13/19      LL     18/22  (82,0%)        (68,8%)   11/16  LL 14/17(82,4%)

                          32     R       32                                          35       R      32

                          20     E       19                                          20       E      14

São dados que mostram França e Alemanha, mesmo convergindo seus arremessos, muito mais que a seleção brasileira, que mesmo sem convergir nos arremessos, num passo bem positivo, apresentou pouca eficiência nos médios e curtos arremessos e nos lances livres, assim como cometeu erros de fundamentos, em número superior àquelas duas seleções, fator que explica as derrotas, além, é claro, o fato inconteste das famigeradas bolinhas não caírem, para o pranto escancarado dos ardentes defensores das mesmas…

Creio que não se faz mais oportuno insistirmos nos porquês da debacle do grande jogo entre nós, cujos fatos raiam ao inconcebível, largamente expostos e discutidos, particularmente neste insuspeito blog…

Não podemos mais atuar, onde um joga e quatro assistem passivamente.

Logo mais disputaremos com um improvável Japão quem irá para as quartas de final, sob a égide de inúmeras possibilidades, refletindo com rigor o quanto decrescemos no cenário internacional, produto direto da antecedente falência técnica, tática e administrativa interna, indiscutível e absolutamente trágica, conquistada com a incompetência, a omissão, a injustiça, o  protecionismo e o profundo desamor ao grande jogo, neste imenso, desumano e injusto país.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.