LOGO MAIS…

Numa casa de caboclo, um é pouco, dois é bom, três é demais (cancioneiro popular)

Canadá vence a Espanha e garante o Brasil, que venceu o Japão, nas oitavas de final, que por sua vez enfrenta os Estados Unidos logo mais, num jogo que vem suscitando discussões a não mais valer pela grande rede, num misto de pretensiosismo eufórico e realismo indiscutível. Projetar e analisar um confronto como o de logo mais, torna-se um exercício realista, muito além do fértil imaginário da turma oba-oba que, infeliz e lamentavelmente , infesta, não só a grande rede, como, e principalmente, o entorno do grande jogo, prejudicando fortemente o soerguimento técnico tático do mesmo, neste imenso, desigual e injusto país…

Se nos reportarmos aos jogos classificatórios da seleção nacional nesta magna competição, com seus implacáveis números, discutidos nos dois artigos anteriores, e os números do jogo com o Japão, na tabela a seguir, poderemos compreender e nos situar ante uma inquietante realidade:

                                         Brasil   102    x      84     Japão

                               (46.7%)  21/45        2         14/35   (40.0%)

                               (60.7%)  17/28        3         16/41   (39.0%)

                               (90.0%)    9/10       LL          8/10   (80.0%)

                                                   49       R          34

                                                   12       E            9

São números que revelam um confronto desigual no fator estatura física entre as duas equipes, onde os arremessos de dois pontos foram mais frequentes pela equipe brasileira, face sua maior estrutura física e poder de rebote, ainda mais quando o melhor jogador japonês, Hachimura, não atuou por contusão, liberando seu perímetro interno à ação dos altos jogadores brasileiros, abusando dos arremessos de três pontos, que  mesmo perante um acerto de 60%, face a retração dos defensores japoneses, deveriam insistir com mais intensidade no jogo interno, quando muito para se exercitarem, em situações reais de jogo, habilidades coletivas que poderiam ser de grande importância nos exigentes jogos posteriores, principalmente no possível enfrentamento com a equipe americana, mestra na defesa de perímetro, espaço preferencial da maioria de nossos jogadores, que se consideram mestres nos longos arremessos, preterindo-os quanto aos mais próximos à cesta. Qualquer equipe que pretenda nos derrotar, implementará forte contestação externa, que é um fator que retira de nossas equipes sua maior e enganosa força, as bolinhas lá de fora…

Ajuda inexistente para brigar nas tabelas com os americanos.

No caso desse jogo contra os americanos, já partimos, no caso de priorizarmos o jogo interno, de contarmos com somente um jogador dominante, o Caboclo, já que os demais são falhos nesse mister, pois o Felicio e o Mãozinha não possuem a potência técnica e de choque no enfrentamento com as  jamantas ianques, claro, se jogarmos no 1 x 1, conforme o teimosamente utilizado modelo NBA que caninamente adotamos, com os  homens altos atuando abertos para o espaçamento, visando os longos arremessos e as esporádicas penetrações internas, prato feito para os gigantes americanos, física e atleticamente superiores. Se nos conscientizarmos que os defensores americanos se utilizarão fortemente das contestações aos nossos pretensiosos arremessos de três, fatalmente nos veremos em grandes apuros, já que não estamos abastecidos de alas pivôs velozes e de choque em quantidade suficiente para uma competente e eficiente rotação (alguns bons jogadores não foram convocados, num erro fatal às nossas ambiciosas pretensões, assunto largamente discutido nesse humilde blog), fator técnico estratégico que cobra, e cobrará cada vez mais os juros que incidem na constituição de uma equivocada seleção nacional…

Armadores para lá de veteranos, recém contundidos e ainda não convenientemente recuperados, alas oscilando entre o jogo interno e externo, alas pivôs que jogam mais abertos do que inseridos no perímetro ofensivo interno, sistema de jogo centrado em pink rolls insistentes e de fácil controle defensivo, insistência nos longos arremessos, incentivados por defesas flutuadas ou passivas, constituem um arsenal enganoso, se confrontado por fortes e objetivas defesas, obrigando a equipe em seu todo, a comportamentos erráticos e desequilibrados. Uma seleção nacional não pode se dar ao direito de atuar regida pelo livre arbítrio de seus componentes, dissociada de um sistema objetivo de jogo, fundamentado em bons e eficientes fundamentos, e acima de tudo, regido por uma movimentação síncrona e assincronamente contínua de todos os seus componentes, liderada por uma dupla, competente e eficaz armação, e três rápidos, fortes e atléticos alas pivôs, onde as conscientes e efetivas improvisações se façam presentes, e os arremessos constituam o ápice de um conceito diferenciado na prática do grande jogo, fugindo da mesmice endêmica a que foi relegado nas últimas três décadas, não só aqui, como lá fora também…

Concluindo, enfrentaremos daqui a pouco a escola que implantou o conceito do 1 x 1 em sua milionária liga principal, copiado mundialmente (com poucas exceções), sem que possa ser contestado pelo bilionário fator econômico que a sustenta, além do suporte técnico emanado por milhares de escolas e universidades que alimentam suas franquias desde sempre…

Podemos enfrentá-los logo mais em Paris? Quem sabe os deuses, num afã de prestimosidade, resolvam dar uma mãozinha, quem sabe. Mas aqui para comigo mesmo, duvido, e fico triste por essa dúvida, ou certeza…

Amém. 

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las. 



1 comentário

  1. […] não tinha a menor intenção de concluí-lo, bastando, para mim, o último parágrafo postado no artigo anterior, onde afirmei – (…) Concluindo, enfrentaremos daqui a pouco a escola que […]

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