OLHANDO PARA TRÁS…
Ao jornalista Giancarlo Gianpietro do UOL, o técnico da seleção brasileira deu o seguinte depoimento: “Quando o Brasil estiver disputando a vaga, tudo o que ficou para trás não vai interessar. Vai interessar a arma que tivermos lá. Não estamos falando de jogadores em inicio de carreira ou com dúvida sobre suas características. Está na cara que no mínimo um deles é imprescindível ” E disse mais :” (…) O time precisa de mais um pivô. É uma necessidade que supera qualquer coisa pessoal. O ideal era que o jogador já estivesse treinando, é óbvio. Mas o time precisa.”
Ora, ora, o que temos aqui? Aprioristicamente, o dito cujo, e é claro, representando os demais membros da comissão , não fossem todos “uníssonos e unidos”, ensaia uma velada desculpa a um fracasso iminente, a falta de treinamento da equipe, já que privada dos grandes pivôs da NBA. Meus deuses, e os que aqui estão no país, prontos para defendê-lo, libertos de cláusulas contratuais e outras coisitas mais, e que não tiveram a menor das chances para prová-lo? Se são considerados inferiores aos stars (Há controvérsias…), pelo menos estariam à disposição da douta comissão para aprimorar suas qualidades, e corrigir suas deficiências, o que seria possível com o tempo que foi destinado ao treinamento desde antes do Pan-Americano. Mas não, o delfin manda um recado direto e anuncia sua check list. Outros dois fazem juras de amor eterno à seleção sabendo de antemão que dificilmente poderiam servi-la, mas pousaram de patriotas e abnegados. Outro anuncia sua mudança tática de olho numa escalação que garanta uma exposição internacional, e nenhum deles treina junto aos demais pelos mais diversos e suspeitos motivos. Alto lá caro coach e preclara comissão, a coisa não é bem assim, não pode ser assim, não tem o direito de se manifestar assim, pois não estão lidando com trouxas e alienados. O grande jogo reúne em seu redor gente muito boa, boa até demais para o gosto de vocês, e que não podem aceitar tão primário engodo, tanta enrolação.
E quando afirma que o que ficar para trás não vai interessar quando a vaga estiver sendo disputada, desculpem caros técnicos, vai interessar sim, e muito, muito mais do que todos vocês imaginam, pois não podem ser esquecidas as manobras de bastidores, as convocações políticas e interesseiras, a aceitação impávida e passiva de imposições exógenas de quem, em hipótese alguma, poderia manifestá-las, sem uma grave quebra na hierarquia e de comando. E o pior, a dependência técnico-tática manifesta, quando afirma na reportagem que a equipe precisa de mais um pivô, e que um deles é imprescindível, cuja necessidade supera qualquer coisa pessoal, e mais, que o ideal é que o jogador estivesse treinando, deixando transparecer que mesmo não o fazendo, a equipe necessita do mesmo. Lamentável, e profundamente preocupante que uma seleção brasileira que se candidata a um torneio Pré-Olímpico seja dirigida, após um detalhadíssimo e preciosíssimo planejamento, por um grupo que mais precisaria de uma bússola, que poderia ser daquelas feitas de uma rolha e uma agulha de costura, mas que funciona melhor do que eles, e sempre aponta o pólo orientador.
E se o impasse se estabelecer, ou mesmo se um deles, os stars, vier a se juntar à equipe, o que fará a comissão sob o aspecto técnico-tático, ao dirigir um grupo destreinado, dividido entre atuar com um ou dois armadores, ou até sem nenhum, pois alas-armadores abundam no grupo, antevendo até a possibilidade anunciada por um dos cardeais passar a atuar como pivô, num desprestigio brutal a alguns bons e lutadores pivôs que não foram lembrados, e que aqui ficarão assistindo a incúria de uma comissão que se abraçará a uma prancheta milagrosa e a um lapitopi caipira que se reintegrará solenemente no banco mais vazio de idéias e concepções estratégicas ( …não confundir táticas, técnicas, sistemas com estratégias, por favor não!) de que se tem noticia e lembrança no nosso tão judiado basquetebol ? Mas nada disso interessará quando a vaga estiver sendo disputada, não caros técnicos? Sempre poderá acontecer uma dança do siri para alegrar a galera ignara, que assim mesmo torcerá com ardor, assim como eu, que gostaria sinceramente de estar errado na descrença pelo que enfrentaremos. Que assim seja, amém.