O IMENSO VAZIO…

1447 NOVA

Um grande salão em um hotel paulista, e uma disposição de mesas e cadeiras em U marginando as paredes laterais e a de fundo, tendo próximo à parede frontal e de entrada uma mesa, duas cadeiras e um equipamento de projeção de vídeo.

Na formação em U, técnicos minuciosamente convidados a assistirem uma exposição oficial sobre a futura escola de treinadores, e na mesa de cabeceira estrategicamente isolada, dois especialistas na montagem e formatação(?) da mesma, um ex técnico de voleibol, e um preparador físico.

E nos 4/5 restantes da imensa sala, o vazio cinza e amorfo, como o reluzente chão, vasto e dominador.

Vazio este que deveria estar preenchido em sua totalidade pela presença maciça de técnicos, muitos técnicos, jovens e veteranos, e mesmo os muito veteranos, que ali acorreriam espontaneamente, já que democraticamente acessível, não para ouvir disciplinada e cordeiramente uma preleção absurda pela inversão total de valores, mas sim para participarem ativamente, como num “brain storming” ( a turma amante do inglês vai adorar…) de uma discussão acadêmica iniciadora de um movimento redentor, pujante e participativo com o que temos de melhor, nossa história vencedora e inolvidável, e não esse pastiche fantasiado de modernidade, na verdade, modernoso.

O que é uma escola senão a representatividade real de um conceito democrático e de livre pensar, sempre na vanguarda criativa, lastreada no classicismo fundamental, utente das conquistas presentes e lançadora das conquistas futuras, produto do entrelaçamento de todas as épocas? E quem melhor a representa senão o também entrelaçamento das gerações, com suas conquistas, experiências e trabalho meritório?

Quanto de qualificação curricular alcançaríamos pelo simples fato de enchermos aquele e outros salões pelo país afora se fossemos convidados a participar e discutir uma verdadeira escola, generalista e adaptada às nossas regiões continentais e gentio das mais variadas etnias, Quanto?

Mas a dura realidade, aquela patrocinada pelos espertos e oportunistas, tem como reflexo o cinza brilhante daquele salão amorfo na capital paulista, tão vazio como as idéias que o habitaram, em U.

Amém

A LUCIDEZ DO MONCHO…

“(…)No Brasil há muitos grandes técnicos, e a defasagem que você cita está na formação dos jovens jogadores, na metodologia de ensino e na técnica dos treinamentos que é praticado por aí. Isso, é a chave de todo o sucesso.(…)”

Essa declaração é do técnico Moncho Monsalve feita ao jornalista Fabio Balassiano em uma entrevista publicada hoje no seu blog Bala na Cesta, excelente em todo o seu conteúdo. Vale à pena lê-la.

Mas voltando à declaração do Moncho, vimos nela refletida uma constatação que venho apontando desde a criação deste humilde blog, cinco anos atrás, quando ainda tinha a oportunidade de proferir clínicas pelo país afora. Hoje, as únicas manifestações de transferência de conhecimentos técnicos que subsistem através dotações de verbas públicas, são as clinicas da CBB, antíteses das que eram proferidas por mim, já que centradas na formatação de uma tendência fundamentada no sistema único de jogo, onde o que mais importa é a assimilação de tal sistema pelos jovens jogadores, e não o domínio extensivo e decisivo dos fundamentos, tanto os individuais, como os coletivos.

Sempre propugnei pelo amplo conhecimento das técnicas e das ações didático pedagógicas no ensino dos fundamentos, como base inalienável de sistemas ofensivos e defensivos somente factíveis pelo mais absoluto conhecimento e domínio dos mesmos, da forma mais abrangente possível, generalista, que é a única porta de entrada à criatividade, ao pleno domínio do grande jogo, no contra ponto do que se pretende instalar no país através padronizações e formatações de um modelo colonizado, absurdo e perdedor.

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UMA CONVENIENTE ESCOLA…

(…)” Foi uma reunião produtiva em que todos se mostraram receptivos e confiantes no sucesso do projeto. A Escola Nacional de Treinadores  terá os níveis social e escolinha, 1, 2 e 3. O professor Dante de Rose Junior será o coordenador das quatro linhas de pesquisa que são o desenvolvimento da parte técnica, tática, postura e conduta do técnico e disciplinas gerais – explicou Diego Jeleilate, coordenador do projeto e preparador físico da seleção brasileira adulta masculina.”(…)

(…)” Vamos começar no mês de julho com o nível 3, que é destinado para os técnicos das principais equipes do país. Em dezembro será a vez do nível 1 para os técnicos das equipes até 14 anos. O curso do nível 2, técnicos de 14 a 19 anos, será realizado em 2011”(…)

Estes dois trechos fazem parte de uma comunicação veiculada no site da CBB e republicada no blog News Flash do editor Alcir Magalhães,  em 20/12/2009.

Então vejamos com a máxima objetividade que significados e sinalizações depreende-se do que foi publicado:

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RESPONDENDO AO ALEXANDRE…

Ontem recebi este comentário do leitor Alexandre Miranda, colocando questões que tive o imenso prazer em responder. Não por falta de assunto, e sim pelas colocações inteligentes e instigantes do Alexandre, publico o comentário e a resposta:

  • ALEXANDRE MIRANDA (Ontem)

POIS ENTÃO VEJO QUE O SENHOR RESTITUIU AS FORÇAS E JÁ NOS BRINDA COM COMENTÁRIOS BEM PERTINENTES SOBRE O NOSSO JOGO! FICO FELIZ COM ISTO.

PROFESSOR, O SENHOR ACOMPANHOU A ENTREVISTA INTERESSANTE DO PRESIDENTE DA CBB – REALIZADA POR RODRIGO ALVES? TÓPICOS IMPORTANTES SOBRE A ESCOLA DE TÉCNICOS PODEM SER PINÇADAS ALI!

HÁ ALI A MENÇÃO DE QUE ELA PODERIA SER EFETIVAMENTE TRABALHADA COM O CAPITAL HUMANO DE TÉCNICOS E APENAS COORDENADA PELO SR.JELEILATE.
O SENHOR NÃO ACHA QUE É UMA DECISÃO ACERTADA – O DE COLOCAR ALGUÉM GENERALISTA, PORÉM INSERIDO NO MEIO DO BASQUETEBOL, PARA COORDENADAR UM COLEGIADO, ESTE SIM ESPECIALISTA?

PENSO QUE ALGUÉM ESPECIALISTA ESTÁ FORMADO NUMA VISÃO POLITICA/SOCIAL/CULTURAL DO JOGO QUE PODERÁ GERAR MAIS CONJECTURAS DO QUE SOLUÇÕES POSITIVAS NA ESFERA DE COORDENAÇÃO! CLARO QUE ESTE ESPECIALISTA SERÁ O CORPO DA ESCOLA DE TÉCNICOS E DARÁ RESPALDO PARA A FORMA DE PRATICAR E ENSINAR O BASQUETE NO BRASIL. MAS SERÁ ÚTIL TAMBÉM COMO DEBATEDOR E CONSTRUTOR-ADJUNTO DE SOLUÇÕES.

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A CLAQUE IGNARA…

“ Como vemos na escalação da equipe, fulano é o nº 1, o armador principal, o que faz a equipe jogar, beltrano, o nº 2, armador finalizador, aquele que arremessa mais desta posição, sicrano, o nº 3, o ala finalizador, beltraninho, o nº 4, é o ala pivô, ou ala de força, e o beltranão, nº 5, é o pivô, o dominador da área pintada” .

Com estas explicações, o narrador do jogo entroniza a claque ignara no mundo técnico da bola laranja, perfeitamente sintonizado com o “basquete internacional”, mais adiante explicitado na enxurrada de termos em inglês para jogadas básicas e ações individuais com terminologia tupiniquim conhecida desde o século passado, não fossemos nós campeões mundiais e medalhistas olímpicos.

Enterradas são exaltadas como o supra sumo das ações individuais, alvo de criticas desairosas quando não culminadas por um jogador mais cuidadoso e ciente de suas condições técnicas, em anteposição ao ato circense puro e muitas vezes gratuito.

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O IMPASSE…

Nestes últimos dias tenho assistido vários jogos do NBB e da Liga Americana, onde a equipe do Minas perdeu todos os jogos.

E algo digno de nota tem de ser divulgado, bem divulgado, pois sedimenta uma tendência que se iniciou de dois anos para cá, claro, em se tratando  de equipes brasileiras, a utilização da dupla armação, aceita de muito pelos argentinos e demais equipes latinas.

No campeonato do NBB, mais uma equipe vem se somar às de Brasília, Minas,  Franca e Joinville, a de São José, com uma dupla poderosa e muito técnica, Fúlvio e Matheus. Ambos, armadores puros, incutiram em sua equipe uma dinâmica quase ideal, pois atuaram muito próximos e em sincronia com os homens altos da equipe, assim como reforçaram bastante o sistema defensivo, que só não foi melhor pelos quilos a mais do Fúlvio, retirando muito de sua mobilidade lateral ante armadores mais enxutos fisicamente. Com menos uns cinco quilos terá aumentada sua capacidade de deslocamento, tornando-o um dos melhores armadores nacionais.

E quando afirmo da necessidade de divulgação desta bem vinda tendência o faço pela total ausência de menções à respeito por parte de analistas, narradores e comentaristas, como se fosse um assunto velado e não muito importante para merecer maiores atenções.

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REVERTENDO…

“ Olha pessoal, olha, faltam 18 segundos e vamos sair do meio da quadra. Você tira o lateral, você  bloqueia o fulano que recebe a bola com firmeza. Abram os quatro, se movimentem, e batam pra dentro se der. Temos tempo, mas não dêem tempo para eles. Vamos que dá” …

E o fulano recebe a bola, ultrapassa o meio da quadra, se defronta com o marcador, foge para a lateral driblando, e… o desastre, tenta uma reversão, a bola é tocada pelo defensor que parte para a dividida, leva vantagem e salta para a enterrada consagradora, deixando o fulano estendido no solo. Fim de jogo e vitória por dois pontos, num jogo que sua equipe liderou por quase todo o tempo.

Esse foi o desfecho de Paulistano e Londrina, com a equipe paulista vencendo um jogo que parecia perdido. Imprensa e comentaristas tecem loas ao defensor e seu  bote salvador e a enterrada maravilhosa, mas em momento algum comentaram ou analisaram, mesmo de leve, o que realmente aconteceu de real valor técnico, mesmo originando uma derrota, numa demonstração inequívoca de total desconhecimento sobre os fundamentos do grande jogo, pequeno, muito pequeno para eles.

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O DIREITO CONQUISTADO PELO MÉRITO…

O debate sobre a Escola Nacional de Treinadores tem oferecido excelentes prestações por parte daqueles mais comprometidos com o desenvolvimento do basquete entre nós, e todos pela internet, com seus sites e blogs teimosamente focados no grande jogo, sem apoios e, na maioria das vezes, sem patrocínios de qualquer espécie.

Posicionamentos como o de Heleno Fonseca, José Medalha, Carlão, tem peso considerável, ainda mais quando defendem uma escola que realmente represente a força e criatividade que nos é peculiar.

E o debate, agora via web, deveria se espalhar pelas federações, clubes, colégios, nos grupamentos de jovens e veteranos técnicos e professores que auto estimulassem o movimento associativo, para que no seio do mesmo, decisivamente, fossem criadas as condições básicas para o surgimento de uma verdadeira escola de treinadores.

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PADRONIZANDO E FORMATANDO O LIVRE PENSAR…

Respondendo a uma pergunta sobre a Escola Nacional de Treinadores, feita pelo redator do News Flash , Alcir Magalhães Neto, o técnico Lula assim se manifestou:
Prezado Alcir
Atendendo sua solicitação,informo aquilo que sei e participei do projeto até
agora:
1- a criação da Escola nacional de Treinadores está sendo feita pela CBB,com
parcerias do COB,LNB,CREF e APROBAS.
2- Para coordenar todas as muitas ações que serão necessárias p/ que a idéia sai
do papel, a CBB designou o Prof.Diego Jeleilat,membro das comissóes técnicas da
entidade.
3- Serão criadas várias comissões de trabalho e inúmeros técnicos serão
convidados.
O caminho é longo e de muito trabalho e todos os técnicos de basquete precisarão
dar sua contribuição p/ uma iniciativa que irá beneficiar enormemnte a
modalidade.A grandeza do projeto não permite a paternidade de ninguem e com certeza
nenhuma produção será desprezada.Lembro tambem que a CBB que tem as informações
oficiais;aquilo que coloquei são meus pontos de vista pessoais.
um grande abraço
Lula

Em 18/11/2009

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O SILÊNCIO DOS ENTENDIDOS…

Depois de três rodadas do NBB, a mídia em peso, dos sites aos blogs, dos analistas televisivos, e até os comentários na internet, anônimos ou não, batem numa única tecla, a vitoria das defesas, cuja evolução é quase obra de um milagre, onde um basquete mambembe de ontem, ressurgisse glorioso em função da redescoberta defensiva, numa unanimidade de dar  medo.

No entanto, os placares são muito próximos da temporada passada, assim como os assustadores índices de arremessos de três e os erros de fundamentos, como se todos tentassem mascarar uma dura realidade conotando progressos maravilhosos dos sistemas defensivos.

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