MESTRES DO OLHAR E DO MOVIMENTO.

Este foi o título de uma reportagem sobre a exposição que explora as afinidades entre o escultor Alberto Giacometti e o fotógrafo Henri Cartier-Bresson publicada no O Globo no dia 17 deste mês. O texto menciona, entre várias coincidências, a vontade de ambos de congelar um momento em movimento. Disse Giacometti- “Toda a ação dos artistas modernos está nessa vontade de captar, de possuir alguma coisa que foge constantemente”. Já Bresson assim se manifestou- “Jogamos com coisas que desaparecem…e, quando elas desaparecem, é impossível fazer com que elas revivam”. Eis duas afirmativas que caem como um diáfano véu sobre as cabeças da maioria de nossos técnicos. Sonham de olhos abertos com a perpetuação dos movimentos que extrapolam de suas pranchetas mágicas, como se fosse possível a perenização das jogadas estabelecidas pelo sistema de jogo que empregam. Sempre que estabelecem contato com os jogadores repetem, e repetem, até a exaustão os mesmos movimentos, as mesmas soluções, clamam pela obediência à jogada, à rotatividade da bola, com uma intransigência que beira ao fanatismo. É como se fosse uma grande coreografia, onde a repetição das jogadas mortais é o supremo objetivo a ser alcançado. Mas, como mencionaram Giacometti e Bresson, os movimentos acontecem na mesma proporção em que desaparecem, e nunca são iguais, por isso viviam em busca de sua captação, a qual Bresson definiu como o “decisive moment”, o momento decisivo, único, fugaz e precioso se captado. Essa foi sua grandeza, pois foi o fotógrafo que mais o registrou no século XX. Nossos técnicos precisam, com urgência, entender que se uma jogada se repetir, com alto grau de frequência, pode-se afirmar que o sistema defensivo do adversário inexiste pela extrema fraqueza de seus integrantes. Um sistema ofensivo é de alta qualidade, não se der certo seguidamente, e sim se estabelecer situações que desequilibrem, pela imprevisibilidade de suas ações, o esquema defensivo do adversário. A repetição sistemática de jogadas produzem situações com alto grau de previsibilidade, e retiram dos jogadores a espontaneidade de suas ações, colocando-os numa situação de meros repetidores de movimentos pré-estabelecidos por seus técnicos, e se os defensores forem de boa qualidade, rapidamente se anteporão aos movimentos ofensivos, anulando sua eficiência. São nesses momentos que se estabelecem as diferenças entre uma equipe bem treinada de outra não tão bem preparada. Quantos são os técnicos que nos coletivos de preparação para os jogos, os interrompem para orientar sua defesa em função de seu próprio ataque pré-estabelecido? Que sempre orienta seus atletas na busca do inusitado, e não do conhecido? Que mesmo tendo um sistema fechado de jogo, propugna por rompê-lo sempre que possível, pois essa sempre será a ação desencadeada pelo adversário? Enfim, que reconhece ser a busca, não de um, mas de vários “momentos decisivos”, o fator a ser alcançado com afinco e dissociado do círculo vicioso coreografia/prancheta. Por praticar fotografia por longos anos, e de ter tido em Henri Cartier-Bresson um exemplo a ser seguido é que desde muito cedo procurei entender e praticar o “decisive moment” com algum sucesso, mas que pela compreensão de seu significado, pude levar a meus atletas um vasto leque de opções que visassem o encontro dos mesmos. “Jogamos com coisas que desaparecem…e, quando elas desaparecem, é impossível fazer com que elas revivam”. Cada jogada constitui um princípio e um fim em si mesma, e são irrepetíveis. Precisamos entender esse mecanismo para nos libertar das jogadas mágicas e das pranchetas milagrosas. Meus queridos colegas, precisamos encontrar novos caminhos, pois esse que aí está sendo trilhado por vocês não levará a lugar nenhum, perdão, sabemos onde ele vai dar…

Amém.

 

Henri Cartier Bresson
Alberto Giacometti


21 comentários

  1. Carol 12.05.2010

    Eu queria saber de um movimento no basquetebol:mantenha a cabeça erguida e a bola debaixo da linha da cintura,não olhe para a bola enquanto se descolae realize o controle de bola com os dedos e não com a palma da mão.Que movimento é esse?
    Responda,por favor1!!

  2. Basquete Brasil 13.05.2010

    Prezada Carol, este é o movimento básico do drible, o ato de progredir com a bola. Só não entendi bem o termo ” descola”, me parecendo ser usado em Portugal em vez de “desloca”.Em outras palavras – Ao progredir com a bola driblando, faça-o com a cabeça erguida, sem olhar diretamente para a mesma, e sim vizualizando-a em visão angular ao sentido do deslocamento, usando para impulsioná-la somente as pontas dos dedos, jamais a palma da mão.
    Creio ser esta uma boa definição de drible.
    Espero ter respondido a sua pergunta. Um abraço, Paulo Murilo.

  3. amanda 17.05.2010

    u achei que precisa mais das informações q as pessoas pedem pq fala fala mas não fala o q realmente a pessoa quer saber

  4. Basquete Brasil 17.05.2010

    E o que você quer saber prezada Amanda? Aguardo suas indagações e perguntas. Um abraço, Paulo Murilo.

  5. jady 07.06.2010

    Ola eu gostaria de saber que movimnto é esse?
    se inicia segurando a bola com as deas mãos.Ao passar a bola faz-se com que ela bata pelo menos uma vez no chão, antes de chegar ao colega

  6. Basquete Brasil 07.06.2010

    Prezada Jady, assim como a leitora Carol acima, você me descreve um movimento dos fundamentos do basquete, que me parece ser parte de um teste ou prova da modalidade, numa escola ou faculdade.Sugiro que procure estudar mais os fundamentos (um bom livro é o Metodologia do Basquetebol, do Prof. Moacyr Daiuto, para que dúvidas como essa sejam dirimidas. Ah, o movimento é o do passe picado (bounce pass para os americanos, ou passe com ressalto, para os portugueses).Um abraço, Paulo Murilo

  7. helen 20.06.2010

    sem ofender maios voce falou bastante mais nao que procurava.

  8. helen 20.06.2010

    que ……..

  9. ellen 20.06.2010

    gostei parabens

  10. Basquete Brasil 20.06.2010

    E o que você procurava, prezada Elen? Diga, e quem sabe eu possa ajudá-la. Um abraço, Paulo Murilo.

  11. Basquete Brasil 20.06.2010

    Obrigado, prezada Ellen. Um abraço, Paulo Murilo.

  12. Paula 08.06.2011

    Muito bom o site,obrigada Paulo…As perguntas feitas pela Carol e Amanda,são de uma apostila da 6°série,do estado de SP.
    Pelo menos pra mim foi muito bom,pois o prof° de Ed.Física fala assim:Só mando fazer a apostila pq sou obrigado ‘-‘
    Então,mt obrigada,ajudou mt.
    Abraços

  13. Basquete Brasil 09.06.2011

    Que bom que pude ajudá-la, fico feliz com isso.Um abraço.
    Paulo Murilo.

  14. tatiane 15.08.2011

    não gostei das respostas

  15. Laura 27.05.2012

    ola adorei esse site,estava procurando informaçoes para as resporstas da apostila da sexat seria do segundo bimestre…e se não for encomodo gostaria que me esclaressesse o gesto que o juiz faz que ele com as duas maos fechadas giras elas para a esquerda,vc sabe?ou eu naum fui mt clara em minha pergunta???

  16. Basquete Brasil 29.05.2012

    Prezada Laura, obrigado por gostar dos conteúdos do blog, mas peço que esclareça melhor seu pedido. Não entendi bem o seu relato sobre o gestual do juiz. Tente novamente. Obrigado. Paulo Murilo.

  17. Basquete Brasil 12.04.2020

    Como vemos, nenhum comentário específico sobre a matéria foi publicado, inclusive por qualquer técnico da modalidade, o que nos leva a triste conclusão de que nenhum deles entendeu absolutamente nada do que foi aqui postado, fato que justifica seus comportamentos técnico táticos até os dias de hoje, 2020. Realmente constrangedor…
    Paulo Murilo

  18. […] jogo, minúsculo para a imensa maioria deles todos, aos quais tentei alertar desde sempre em um artigo de a muito publicado, porém pouco levado a serio, […]

  19. […] ligada ao comportamento do adversário, numa leitura de jogo eficiente, cujas situações jamais se repetem, pois sistemas ofensivos eficientes não são aqueles que dão certo em sua movimentação básica, […]

  20. […] (4 seconds ago) por Paulo Murilo – Sem comentários A insana busca pelo moto contínuo tático, impossível meta, em contraponto à liberdade criativa e improvizadora de jogadores talentosos , mas privados […]

  21. […] com passagem somente de ida, como por uma sutil e tênue sensibilidade do que venha a ser aquele “momento decisivo” de uma partida definitiva, onde nenhuma fração de erro técnico ou tático pode ser admitido, […]

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