LEPITOPI CAIPIRA

Somente tive acesso ao jogo no finalzinho do 2ºquarto, com a equipe brasileira perdendo de 16 pontos. Tomei um café e voltei para os dois quartos finais. Me aboletei na cadeira preferida e grudei na tela da TV.Um hábito antiquíssimo de técnico fez-me percorrer demoradamente o ambiente de jogo. Casa cheia, quadra bem iluminada, bancadas paralelas à mesma, oferecendo bons referenciais aos atletas, bola uniformemente laranja, três árbitros, um americano e dois chineses (por que não um brasileiro, já que se tratava de um amistoso?) e, duas constatações inéditas para nossos padrões, chicletes mascados por nossos técnicos, e um imponderável lapitopi sobraçado por um deles, e levado de lá para cá na ânsia de mostrar dados a quem estivesse pela frente. E aí me ocorreu uma lembrança, a de que a única modalidade esportiva que realmente possa ser auxiliada por um computador na quadra é o voleibol, isso porque trata-se de um desporto posicional, no qual cada atleta cumpre um ritual repetitivo em sua performance, e que,pela ausência de contato físico, podem ser cadastradas as ações coletivas. O que poderia um lapitopi determinar de fundamental além das faltas pessoais e pedidos de tempo, que um pedaçinho de papel e uma bic não pudessem registrar? Mas que impressiona,
impressiona. Só que poderia ser menor, um palm, por exemplo. Mas o lapitopi confere uma importância,que cá pra nós, não tem nenhuma. O taipe sim, é que se torna fundamental, mas para obtê-lo o tal membro do quarteto teria de estar fora da quadra, e como apareceria?
Vaidade é isso aí. Mas voltando ao jogo, vimos um 3ºquarto vibrante, quase bem defendido( os americanos decididamente não sabem atacar a zona como o fazem na individual), pois ainda teimamos em defender os pivôs por trás, obrigando nossos homens altos a faltas evitáveis. Outrossim, os americanos afrouxaram um pouco a marcação aos nossos armadores(?), permitindo os arremessos em maior liberdade. Tiramos a diferença, também graças à velocidade e flexibilidade de nossos pivôs nos rebotes, e nos contra-ataques bem ao nosso gosto.
Continuávamos utilizando um armador puro fazendo dupla com um ala, que teimosamente se dizem, ou se acham armadores. E ai veio o quarto final, a marcação aos armadores(?) se intensificou, os espaços diminuiram, e aí, justamente aí, e por mais uma vez, constatamos quão frágeis são os fundamentos dos que se “acham” armadores. Pela enésima vez perdemos de forma medíocre a bola num drible que visava unicamente o próprio arremesso, e não a preparação competente para tal. Por falta de um completo dominio dos fundamentos, principalmente o drible, transcedental naquelas circunstâncias erros crassos foram cometidos, e a energia represada e não controlada explodiu em atitudes nervosas e extemporâneas, que nos levou a faltas técnicas e desequilíbrios emocionais, passaportes diretos para a derrota. E nessa hora o que estaria apontando o lapitopi , que em momento algum anotou em suas frias e virtuais memórias, que aqueles momentos, e muitos outros que o antecederam eram território inalienável dos verdadeiros armadores? Por que não as duplas Leandro e Huertas, ou Leandro e Nezinho, ou mesmo Nezinho e Huertas não estavam em quadra nos momentos decisivos em que a posse efetiva da bola se transformava em elemento básico à vitória? Não, o elemento cardinalício ainda se mantém irremovível, pois daqui deste lado do mundo teimarei sempre em dizer,afirmar,gritar e me indignar pela evidência primária e irrefutável de que Alex,Marcelo e Guilherme não têm habilidade ambidestra para liderar na armação essa boa equipe brasileira, evidência essa que se torna refém de mascadores de chicletes e de um imponderável lapitopi caipira. Com um taipe bem analisado não acredito que os americanos, e outros adversários nossos percam a oportunidade de por à prova as habilidades entregatícias de nossos habilidosos
alas. Espero que não se repita o desastre do futebol, pois até agora vem vigorando o nefasto princípio de que antiguidade é posto. Competência sim, é o que sempre achei e propugnei. Que os deuses nos ajudem e fiat lux.



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