MICHAEL NO OPHRA WINFREY SHOW

Foi uma entrevista gravada em 25 de outubro de 2005, reprisada hoje no canal People+Arts.
Junto ao Jordan o grande e polêmico jogador Charles Barkley, que produziram um excelente programa, não só sobre basquetebol, mas, e principalmente, sobre o ambiente em que viveram intensamente por muitos e gloriosos anos. Num momento do programa, a entrevistadora Ophra
pergunta sobre os filhos do Jordan, ambos jogadores de basquete, e que influências e obstáculos enfrentam pelo sobrenome famoso e mítico. Jordan, objetivo e pragmático, confessa estarem os mesmos sendo avaliados pelo potencial que possam desenvolver nos próximos 4-5 anos, critério já muito empregado por diversos patrocinadores e investidores junto a jogadores cada vez mais jovens, o que, em sua opinião é um grave erro, pois jogadores devem ser avaliados pelo trabalho desenvolvido através os anos, com sacrificios e talento, e apresentado no devido momento, no que classifica como a “ética do trabalho”. No momento ajuda seus filhos ensinando aos mesmos os fundamentos do jogo, incentivando-os ao trabalho árduo e ao prazer de jogar. Deseja que os mesmos sejam julgados pelo trabalho, e não pelo potencial que ostentam. Trata-se de uma posição de extraordinária importância, principalmente no desenvolvimento das categorias de base, na formação de futuros bons jogadores. Infelizmente, vai se tornando corriqueiro entre nós
a promoção de jovens atletas em sites e blogs personalizados, superestimando seus potenciais valores técnicos e atléticos, numa idade em que o importante é absorção maciça dos básicos fundamentos do jogo, e como afirmou o Jordan, a verdadeira alegria e prazer de jogar. E mais,
definiu o grande jogador, correm o perigo de se deixarem envolver pela notoriedade precoce, em vez de se dedicarem ao trabalho, cujo resultado é que deve se constituir em parâmetro de julgamento e avaliação. Pelo trabalho chegou ao estrelato, e é pelo trabalho que quer ser lembrado, como exemplo a ser seguido. Mirins, Infantís, Infanto-Juvenís e Juvenís devem ser incentivados ao trabalho árduo na conquista e aprendizado dos fundamentos, no desenvolvimento sadio dos principios competitivos, no bom aproveitamento escolar, no preenchimento culturalmente positivo de seus tempos vagos, no aprimoramento de seus potenciais valores, para, e de acôrdo com seus esforços e intenso trabalho, serem avaliados e encaminhados às divisões superiores.Nem sempre o investimento em um potencial valor atinge o objetivo esperado. Mas o resultado de um trabalho a longo prazo poderá atingí-lo.E é no longo prazo que as grandes nações investem seus recursos e bons projetos de formação. Investir em potencial não se coaduna com trabalho, pois permite que o jovem afrouxe sua disposição em enfrentá-lo, como deveria fazê-lo.São palavras do grande Michael Jordan. Alguma dúvida?



2 comentários

  1. Renato Padovani Tognolo 04.10.2006

    Nenhuma dúvida, mas o pessoal não aprende. Como exemplos temos dois episódios envolvendo o próprio Michael Jordan, que foi apenas o terceiro escolhido, após Hakeem Olajuwon (compreensível) e Sam Bowie. Sam Bowie?! Sim, Sam Bowie, porque era pivô, alto, forte e, segundo os americanos “you can’t teach size”.

    Além disso, o Portland Trail Blazers, que escolheu Sam Bowie em vez de Michael Jordan, já tinha Clyde Drexler na posição “dois”, e Deus nos livre de tentar combinar bons jogadores em quadra, não é mesmo? Melhor ficar com um craque só, quem precisa de dois? Um “dois” é um “dois”, só se pode ter um na quadra! Imagina só a heresia, dois “dois”?

    E já se passaram 22 anos desde então, e a lição não foi aprendida. Nem o próprio Michael aprendeu.

    Quando atuava como executivo do Washington Wizards, Michael Jordan se viu na posição de fazer a primeira escolha do draft. Ao exercê-la, escolhei Kwame Brown, um jovem jogador alto, forte, vindo diretamente do High School, sem passar pela escola de fundamentos que é (ou costumava ser) o basquetebol universitário.

    O resultado foi que o jovem Kwame Brown tinha um enorme potencial, tamanho, algum talento, mas sua falta de maturidade e falta de “ética de trabalho” o transformaram em um jogador apenas coadjuvante na liga, e não a estrela que o “potencial” parecia indicar.

    Talvez os episódios tenham servido para ensinar alguma coisa a Michael Jordan.

  2. Basquete Brasil 05.10.2006

    E sem dúvida nenhuma ensinou.A prova foi sua entrevista,que me pareceu honesta
    e sincera,prezado Renato.Uma boa lição de vida.Um abraço,Paulo Murilo

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