PRECISAMOS TANTO…

Foi um duelo sem muitos atrativos, por ser desigual. De um lado a equipe do Flamengo atuando no mais puro e indestrutível sistema de um armador, dois alas lançadores e dois pivôs de pouca mobilidade e sempre situados do lado da bola. No outro, a equipe de Franca, com um desenho tático semelhante ao da equipe rubro-negra, mas atuando com três armadores nas posições fora do perímetro e dois pivôs em permanente movimentação dentro do mesmo, exceto em alguns momentos do pivô Estevan, que numa noite pouco produtiva teimava nos embates 1 x 1, deixando o restante da equipe em compasso de espera, quebrando sua principal característica, a movimentação frenética nos passes, nas fintas e nas penetrações. Nesses momentos, a equipe da casa conseguia se aproximar no placar, mas não o suficiente para uma virada decisiva. Como em todas as suas partidas após a ciranda sul-americana e do campeonato paulista, deslanchou no quarto final, quando manteve em quadra sua formação básica, aquela descrita no inicio desse artigo. Em determinado momento desse quarto decisivo, o comentarista do SPORTV mencionou o fato do técnico do Flamengo não ter colocado em quadra mais um armador para ajudar o excelente Fred, tanto na armação como na defesa, contrabalançando os dois armadores de Franca. Acontece que ele teria de lançar dois, já que Franca contava com três em quadra. Nossos comentaristas ainda teimam em considerar uma temeridade jogar com dois armadores, presos que estão ao modelo estratificado entre nós e que se tem mantido, inclusive, sob os auspícios e aprovações dos mesmos. O técnico de Franca não inovou esse enraizado sistema de jogo, basta se constatar sua armação em quadra, mas sim, dinamizou-o com a utilização de jogadores mais aptos nos fundamentos, seus habilidosos armadores, mantendo somente um ala, o veterano Rogério que muito melhorou suas prestações nos fundamentos, mas que ainda muito poderia melhorá-los. As demais equipes, ainda se apegam aos alas tradicionais, bons arremessadores, mas incapazes de se rivalizarem nos passes, dribles e fintas com a ótima safra de armadores que se desenvolvem entre nós. No momento que forem preparados convenientemente nos fundamentos, teremos boas probabilidades de nos soerguermos no plano internacional.

Quanto aos pivôs, na medida em que mudemos nossa forma de jogar, privilegiando a velocidade nos deslocamentos junto à cesta, num rodízio que desloque permanentemente os defensores, propiciando recepções de passes em movimento, ações estas que só poderiam ser exercidas por jogadores ágeis e atléticos, antíteses das massas lentas e disformes que alguns ainda teimam em utilizar, poderemos afirmar que estaremos no limiar de uma nova e vencedora fase do nosso basquetebol. Até lá, teremos de nos contentar com a mediocridade reinante, mas torcendo que nossos técnicos se rebelem do ferrolho a que estão presos, e comecem, como o técnico de Franca a ensaiarem novas concepções de jogo, mesmo que sejam, inicialmente, adaptações do que vêm professando nos últimos vinte anos. Inteligentemente ele declara que para cada jogo estuda e desenvolve uma estratégia condizente ao adversário que irá enfrentar, mas na hora do vamos ver, geralmente no quarto final, são seus três armadores que definem as partidas, fator que por si só já estabelece uma auspiciosa e evolutiva posição ante o marasmo, a mesmice e a chatice que nos tem esmagado em todos os planos.

Precisamos estudar, trabalhar duro, pesquisar, para fazer evoluir o grande jogo entre nós, afinal de contas temos de nos preparar para Londres 2012. Oxalá consigamos. Amém.



4 comentários

  1. Idevan G. 11.06.2007

    Caro Professor, o seu relato é extremamente preciso. Acho que o Flamengo involuiu após o título carioca, já que ganhou o mesmo se utilizando de 2 armadores em quadra e agora retornou ao “padrão nacional”. Até acho o Paulo Chupeta um bom técnico, mas pra ser bom de verdade não pode se tornar refém desse jeito de jogar.

  2. Basquete Brasil 11.06.2007

    Caro Idevan,o técnico do Flamengo,como a grande maioria dos demais técnicos brasileiros se tornam reféns de suas próprias convicções,e pela constituição de suas equipes,onde posições são como feudos,propriedades,influências e apadrinhamentos,tendo que jogar para justificar suas escolhas,mesmo com salários atrasados e muitas vezes não pagos.Dessa forma,a manutenção do padrão tradicional gera menos problemas,tanto técnicos
    como de relacionamento.A adoção de um novo sistema de jogo implicaria em mudanças,reformas profundas,principalmente na escolha de jogadores adequados às mesmas.E essa não,é uma posição aceita ,nem pelos atuais jogadores e nem pela grande maioria dos técnicos.A política é deixar como está,para ver como é que fica.Um abraço,
    Paulo Murilo.

  3. iris bom 31.07.2008

    tudo o que presisamos nesse site nao foi a soluçao thaul

  4. Basquete Brasil 01.08.2008

    Prezada Iris,confesso não enteder o significado de thaul…
    Um abraço, Paulo Murilo.

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