INEFÁVEL RAPOSA…

“O que for para somar, sempre vai ser bom. Nunca vamos perder a nossa característica do basquete brasileiro, de velocidade, de transição e arremessos de três pontos. Mas temos de aprender a dominar mais a bola e a defender melhor” – afirmou o grego melhor que um presente antevendo a possibilidade de contratação de um técnico estrangeiro, de preferência da escola eslava.

Formidável, senão trágico. Um técnico eslavo,ou similar, deverá ser contratado para ensinar fundamentos aos jogadores da seleção, já que mantidas as características do basquete brasileiro, de velocidade…etc.etc. E os ingênuos de plantão propugnando uma reformulação técnico-tática nos moldes do basquete europeu! Tenho repetidamente aqui enfatizado que sistemas de jogo, sejam os que forem escolhidos e empregados, somente se manterão dentro de uma desempenho aceitável, se profundamente lastreados nos conhecimentos e pleno domínio dos fundamentos do jogo, por parte de todos os jogadores envolvidos no processo, e que de nada adiantarão sistemas sofisticados sem o suporte dos princípios fundamentais. Em síntese, somente países que adotam o ensino e a pratica constante dos fundamentos, desde as divisões iniciantes, até as seleções, é que alcançam a excelência técnico-tática, já que atendidos os pré-requisitos básicos da modalidade. Contratar técnicos eslavos, chechenos ou marcianos para treinar fundamentos para jogadores da seleção é uma ofensa ao bom senso, já que se tratando de um conhecimento padrão e universal, inclusive para os técnicos e professores brasileiros. O óbice, este sim, absurdamente jamais é enfrentado, é a não criação de condições mínimas de planejamento e execução de um plano que abrangesse e divulgasse o ensino dos fundamentos, como exigência básica, em todas as latitudes do país, alocando verbas para tal, que existem, mas somente vem ao conhecimento público em seus valores, quando a possibilidade de exposição política e partidária se faz presente, ante a possibilidade de mega eventos, como a tentativa de trazer para o Rio o próximo e decisivo Pré-Olímpico do ano que vem.

E a famigerada forma de jogar européia, como fica? Resposta óbvia : Fica com os europeus, e os argentinos que vêm se preparando a duas décadas para adotá-la com sucesso, estruturada sob as bases de uma forte associação nacional de técnicos, de uma liga em três vias de acesso e de uma forma coerente de desenvolver o basquetebol através o ensino massivo dos fundamentos .

Por outro, e fundamental caminho, pois é o responsável pela manutenção da realidade política da CBB, sinalizou o grego melhor que um presente, para a possibilidade do aproveitamento do componente da comissão técnica ora deserdada, que se desligou da mesma para dirigir a seleção sub-19 no Campeonato Mundial, onde alcançou a quarta colocação, como um provável candidato ao posto, angariando por este posicionamento as boas e determinantes graças da FPB, cujo voto e influência junto a outras federações, são a garantia de continuísmo nas eleições cebebianas em 2009.

Por fim, caros e ingênuos postulantes à urgente e transcendental necessidade de um “eslavo” entre nós, acreditem, que se eu fosse um deles, dos mais graduados e reverenciados, jamais aceitaria entrar numa fria como esta, ao consultar, antes de referendar o contrato, as tabulações estatísticas dos jogadores brasileiros durante o torneio pré-olímpico, no qual, as mais contundentes falhas estavam enumeradas nas perdas de bola, nas infrações, e nas sistemáticas falhas nos arremessos, sem contar a absoluta ausência de conhecimento de como se marcar um adversário, com ou sem a posse de bola, fatores estes que inviabilizariam toda e qualquer tentativa de desenvolver um efetivo sistema de jogo, principalmente ante as exigências técnicas necessárias a um bom, ou até razoável, padrão europeu.

Mas como no mundo atual em que vivemos, tudo pode se tornar exeqüível, na medida do tamanho e teor da conta bancária, nada impede que por aqui aporte um vistoso e imponente “eslavo”, portando uma prancheta mágica, uma entourage de assessores , para, repetindo e confirmando nossa proverbial subserviência colonial, embasbacar a outra entourage, a tupiniquim, para a qual, o que presta realmente é “aprender a dominar mais a bola e defender melhor”, argumentos decisivos de quem detém a chave do cofre, a inimitável e fulgurante raposa mestre, o grego melhor que um presente, que para concluir sua enexcedível capacidade de burilar as verdades sempre a seu favor, fuzila os ingênuos de plantão afirmando :”Nunca tivemos um ambiente tão bom. O problema foi com os treinamentos (duração)”. Para bom entendedor, sua plena palavra basta…

Amém.



5 comentários

  1. Idevan G. 11.09.2007

    Caro professor, não é raro o colunista Juca Kfouri tratar de basquete em seu blog. Impressionante é que o artigo de hoje (11/09) caminha de mãos dadas com este seu artigo do dia 09/09.

  2. Idevan G. 11.09.2007

    Retificando: o artigo publicado em seu blog (do Juca Kfouri), não necessariamente assinado por ele.

  3. Henrique 11.09.2007

    Professor Parabens por mais um belo trabalho.

    Queria agora questionar o senhor,
    se existem nomes no basquete brasileiro que poderiam assumir a seleção nacional ?

    E mais do que isso, qual a ajuda que nomes como Wlamir Marques, Emanuel Bonfim e o senhor, com a experiencia de cada um poderiam acrescentar à Confederação ?

    E por ultimo, há esperança que o pleito de 2009 mude algo na CBB ?

    Abraçao para o senhor !

  4. Basquete Brasil 12.09.2007

    Prezado Idevan,como você mesmo atesta,quando a realidade se torna óbvia, muitas mãos são dadas,
    desinportando quem as estende primeiro.Um abração,Paulo Murilo.

  5. Basquete Brasil 12.09.2007

    Prezado Henrique,creio que suas questões estarão respondidas no artigo que publico hoje.Um abração,
    Paulo Murilo.

Deixe seu comentário