2007 – PERDAS E RETROCESSO…

Foi mais um ano de perdas e acentuado retrocesso, numa sucessão de erros, tanto administrativos, como técnico-táticos, sem precedentes na história do nosso basquete. E não só no basquete, como também na educação de nosso povo, em todos os níveis de escolaridade, deixando-o à mercê da manipulação política disfarçadamente envolta em planos e bolsas de todos os tipos e matizes, mas desqualificando com salários vis aqueles únicos que poderiam reverter tão trágico quadro, os professores. È um plano diabólico e muito bem orquestrado, por todos aqueles que não irão permitir a existência de um povo educado e culturalmente rico, fatores que inviabilizariam seus planos de domínio político-econômico absoluto. E o esporte tem muito a ver com toda essa colocação, pois capitaliza o interesse da juventude brasileira, que por conta dessa disposição natural se vê afastada de sua prática nas escolas, local ideal e natural para seu completo desenvolvimento.

E o basquetebol não poderia ser diferente, em sua luta desigual e penosa em busca de um soerguimento cada vez mais longínquo, pela absoluta falta de projetos e planejamentos feitos e organizados por gente capaz e estudiosa, afastada do foco das decisões por uma administração central absolutamente incapaz e profundamente incompetente, encastelada no poder decisório à custa de eleições regateadas e loteadas entre os votos federativos, mas tendo como respaldo o processo democrático do voto em assembléias, mesmo caracterizado por forte e ciclópico corporativismo, ações estas fragmentadas e inócuas no frágil campo oposicionista, se é que ele existe de verdade.

Por estas e outras razões de somenos importância, é que destaco alguns pontos que tornaram esse ano que chega ao fim, como um ano de perdas e acentuado retrocesso, senão vejamos:

Desde muitos anos tenho lutado pela existência de cursos de mestrado e doutorado no âmbito da Educação Física, tendo cursado o primeiro organizado pela EEF/USP em 1976. Anos mais tarde fui concretizar meu doutoramento na UTL/FMH em Lisboa em 1992. Em ambos propugnei por temas e linhas de pesquisa voltadas ao desporto prático, ao movimento e ação desportiva, em busca de uma didática voltada ao gestual, às técnicas fundamentais, ao movimento e desenvolvimento tático, e a busca e criação de equipamentos de baixo custo que viabilizassem aquelas linhas de pesquisa. Foi exatamente esse o plano de estudos que apresentei ao curso de mestrado da UERJ, sendo rejeitado, em nome de filosofias, fisiologias, psicologias e históricos, assuntos muito mais palatáveis do que pesquisas experimentais. E vieram os cursos da Gama Filho e da Castelo Branco, todos voltados às linhas de pesquisas similares àquela, não fossem muitos dos professores comuns a todas. Com a falência do mestrado da UFRJ, ficou o Rio de Janeiro atrelado a uma repetição acadêmica beirando à unanimidade, sem um estudo experimental no campo prático desportivo sequer. Na semana que passou, o mestrado e doutorado da Castelo Branco foi fechado pelo MEC, com o seguinte diagnóstico- Numa escala de 1 a 7 – Nota 1, com linhas de pesquisa e estrutura curricular fracas e caso documentado de dois plágios em dissertações envolvendo professores e alunos do mestrado em ciência da motricidade humana ( O Globo, pag.9 de 22/12/2007 ). O CEG da UFRJ já autorizou o novo mestrado da EEFD para 2009, e adivinhem qual a linha mestra de pesquisas? Isso mesmo, fisiologia ! Como poderemos melhorar nossos quadros técnicos desportivos com tais linhas? Basquetebol então, nem pensar…

Tive a honra de ser convidado pelo editor do blog Rebote, o Rodrigo Alves, para votar na personalidade do ano no basquetebol. Repeti o voto do ano passado, com a seguinte justificativa :

Por transcender a grandeza do jogo. Por se situar acima de qualquer analise e julgamento crítico. Pela imagem e presença infalível e quase dogmática. Pela reinvenção sistemática e longeva de si e de seus acólitos, sob a proteção da incapacidade de seus oponentes e até detratores, de se unirem em torno de um projeto que o substitua, reelejo, sem um pingo de dúvida, o grego melhor que um presente como o destaque desse, dos passados e futuros anos, até que uma brisa oscule e afaste a sem-vergonhice de nossas caras, assistentes privilegiadas e inermes de sua absurda presença.

E a procissão helênica prossegue sua via magnífica, agora na companhia de um catalão salvador. Bem os merecemos…

Finalmente, e para fechar envergonhado tão triste ano, recomendo o artigo From Brasilia, que tantos comentários suscitou, pois representa em toda sua grandeza, o estágio falimentar e obscuro em que se encontra o grande jogo entre nós, outrora magnífico e orgulhoso de suas conquistas e posição de ponta no mundo, apontado pela FIBA como a quarta força mundial no século XX.

No entanto, estou convicto de que podemos reverter tão triste quadro, bastando que acreditemos na força do trabalho conjunto de todo aquele desportista que ama verdadeiramente o basquetebol, que deve a ele muito de sua formação cidadã e desportiva, e que em seu estagio e influencia pessoal atual em muito poderá ajudá-lo em seu soerguimento, bastando jogar em equipe, como aprenderam no passado, dentro da quadra, lutando, vencendo e perdendo, mas nunca se entregando, e muito menos desistindo.



4 comentários

  1. Gil 30.12.2007

    Soy Gil.
    Escribo para desearles a los lectores y participantes de esta pagina ,un feliz y venturoso 2008.
    El basquetbol es de todos nosotros ( arbitros, jugadores , prensa , dirijentes, aficionados etc. ), los entrenadores somos un grupo que busca mejorar cada dia ,intercambiando ideas con los demas colegas y cada quien entrenando de acuerdo a nuestras conclusiones, filosofias o personalidades.
    Les invito a que en el 2008 continuemos con nuestro amigable intercambio basquetbolistico.
    Att.
    Gil Ovidio Guadron Herrera

  2. Anonymous 31.12.2007

    Fantástica esta última reportagem professor.

    Gostei mesmo foi de rever os amigos Alcir, Ary Vidal e Pedro Rodrigues,que foi meu técnico de basquete, durante um curto espaço de tempo que estudei em Brasília, em 1965.

    Desejo-lhe muita saúde, força e paciência para acompanhar este triste e desunido basquete de nosso país.

    Um abraço

    Reny Simão – Uberlândia – MG

  3. Basquete Brasil 31.12.2007

    Querido amigo Gil,sem dúvida nenhuma continuaremos os Debates,que têm tido tão positiva receptividade,pois essa é a nossa missão,a de divulgar, na medida de nossas possibilidades econhecimentos,as técnicas do nosso amado basquetebol.Que você tenha um Feliz Ano Novo,junto à sua querida família e nos reencontraremos em breve.Um abração do amigo de sempre,
    Paulo Murilo.

  4. Basquete Brasil 31.12.2007

    Prezado Reny,obrigado pelas amáveis palavras,e pode contar sempre com essa trincheira de luta e perseverança.Dias melhores virão,é a nossa inabalável certeza.Feliz Ano Novo para você e sua familia.Um abraço,Paulo Murilo.

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