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Nos jogos em Franca e Assis, para gáudio do narrador da ESPN Brasil, três dos técnicos envolvidos nas partidas permitiram que microfones de lapela fossem fixados, para que os telespectadores tivessem em suas casas, além da imagem, os discursos técnico –táticos, como se estivessem dentro da quadra junto aos mesmos. E ai começaram as emoções anunciadas freneticamente pelo narrador, e acredito, pela ausência de comentários, com a não concordância do espetáculo lastimável apresentado, por parte do comentarista, que sendo um respeitável professor, ex-técnico e jogador brilhante, não poderia estar de acordo com tão constrangedora situação.

Foram dois jogos, nos quais esses três técnicos abusaram dos palavrões (alguns deles jocosamente mencionados pelo narrador, como se engraçados fossem…), das pressões absurdas nas arbitragens, nos esgares atônitos, no palavreado chulo e na maioria das vezes irônicos, inclusive com seus próprios jogadores, nas chamadas bruscas e sem sentido quanto ao comportamento técnico das equipes, em instruções ininteligíveis e muitas vezes dignas de um Champolion, e o pior, muito pior, as coreografias grotescas, ridículas e pretensiosas ao lado, e muitas vezes dentro da quadra de jogo, numa demonstração da mais absoluta falta de um sentido real e equilibrado de comando, interagindo mais como um animador de colônia de férias, do que um técnico na acepção da palavra.

E de repente, um clímax se faz presente num dos festivos e nada amigáveis pedidos de tempo, quando no meio de uma peroração raivosa um de nossos técnico-artistas, já que em cadeia nacional, ao vivo e à cores, esbraveja por sua prancheta- Quero a prancheta !! – E a dita, quando lhe é entregue é brindada com um simplório X grafado com energia, e nada mais, um enigmático X, aposto por quem nada tinha a falar naquele momento, principalmente através sua preciosa e mágica prancheta. E seus jogadores retornam à quadra sob a égide de um simples X em suas mentes. Claro que o desenrolar da jogada subseqüente teve a mesma transparência do X proposto, ou seja, nada.

E como premio maior da segunda noite, os agora bem informados e atuantes telespectadores, testemunhas participativas de um jogo dito e anunciado como basquetebol, foram agraciados com um retumbante P.Q.P. enunciado sílaba após sílaba, tal qual um tenor operístico trovejando da ribalta, através o técnico que à partir de fevereiro importará 50 jovens de diversos estados do país, para intronizá-los nos segredos do grande jogo, como se fosse o único ungido com os conhecimentos que deveriam ser de todos aqueles técnicos responsáveis pelos mesmos, mas que infelizmente vêem peneirados seus jogadores com o beneplácito da CBB, P.Q.P. à parte.

E nesses momentos, introspecto meus pensamentos, minhas convicções, algumas verdades que apreendi com o passar do tempo, inexorável, mas verdadeiro, validando alguns conceitos, vivências, e invalidando outros tantos, passando a limpo a arte de viver e conviver. Ainda me vejo sentado no banco, apreciando o resultado de uma boa preparação, vendo os jovens jogadores evoluírem em acertos e alguns desacertos , dando aos mesmos um tempo para se reencontrarem, para fazerem jus ao preparo criterioso que tiveram nos exaustivos e esclarecedores treinamentos, nos quais aprenderam a ler o jogo, a encontrarem soluções compatíveis aos seus níveis evolutivos, ao uso da inteligência, da perspicácia, do livre arbítrio, dos pedidos de tempo olho no olho, e não grafando Xis em uma absurda prancheta, assim como ainda me vejo, para espanto incrédulo de muitos assistentes nada falar em pedidos de tempo de adversários, mantendo-me afastado daquele momento em que nada poderia acrescentar do que havíamos treinado, propiciando aos jogadores um momento único e privado, o momento em que a introspecção se faz presente, mesmo no seio de um grupo.

Mas isto parecerá absurdo a esse novo modelo de técnico, performático, estrelado, paparicado por uma mídia embevecida pelo nada, pelo espetáculo perpetrado à margem de nossas quadras, como se eles fossem as estrelas do espetáculo, e não seus jogadores atuando de escadas para suas performances ridículas e constrangedoras, emolduradas por um sonoro e bombástico P.Q.P.!!!!

Que os deuses ajudem nossos jovens, nosso basquetebol.

Amém.



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