TRÁGICA TEIMOSIA…

“Fizemos um excelente primeiro tempo, mas não conseguimos repetir o mesmo desempenho na etapa final. A derrota foi ruim só que não temos tempo para ficar lamentando. Além disso, o time mostrou que tem qualidade e condições de jogar de igual para igual contra Venezuela e Uruguai e brigar por uma vaga na Copa América. Exceto o Peru, as outras quatro seleções estão no mesmo nível.A Venezuela tem um grupo alto e habilidoso e conta com o apoio da torcida. Vamos com tudo para buscar a vitória”, disse o técnico César Guidetti.

Resultado final- Argentina 64 x Brasil 44. Só 20 pontos!

“Apesar das derrotas para Argentina e Venezuela, o grupo está muito confiante para vencer o Uruguai e garantir a vaga na Copa América. Para isso precisamos melhorar o aproveitamento no ataque e manter a regularidade na defesa. Contra a Venezuela fizemos um primeiro tempo regular e um bom terceiro período, quando terminamos cinco pontos atrás (51 a 46). Infelizmente, mais uma vez, pecamos nas finalizações no último quarto e deixamos a vitória escapar”, comentou o técnico César Guidetti.

Resultado final- Venezuela 68 x Brasil 52. Só 16 pontos!

Não foram publicadas novas declarações do técnico sobre a vitória contra o Uruguai, num apertadíssimo resultado de 65 a 62, conseguindo a classificação por escassos 3 pontos! ( Matérias publicadas no Databasket).

Como vemos, mais uma vez as derrotas são creditadas às falhas dos jogadores, principalmente nas finalizações ofensivas e postura defensiva, que são fundamentos básicos do jogo, cujo treinamento e preparo dos mesmos foi preterido na fase inicial(de um total de três) pela “assimilação dos sistemas de jogo que seriam empregues pela equipe no campeonato”, que são os mesmos padronizados para todas as seleções de base e adultas da CBB, impostos por uma comissão técnica, que via de regra descarrega nos jogadores os erros pelas derrotas, omitindo capciosamente as babaridades técnico-táticas implantadas nos últimos 20 anos, numa atitude unilateral, covarde e criminosa, daqueles que se acham donos da verdade absoluta sobre conceitos de jogo e estratégias no preparo das seleções nacionais. Não se vê um único comentário crítico sobre tais sistemas, como se os mesmos fossem imunes e intocáveis, senhores absolutos das verdades do grande jogo.

Pois aqui os contesto, veementemente, frontalmente, fundamentado pela extensa experiência no preparo de jogadores e de equipes, testemunhando e avalizando os grandes mestres com quem tive a honra de conviver, aprender, apreender, dialogar e duelar no dia a dia das quadras, buscando sempre o inusitado, o novo, o abrangente, o incerto, porém corajoso limite das possibilidades, e jamais copiando por preguiça ou incapacidade criativa sistema alienígenas, jamais traindo a ética, jamais negando ajuda aos que se iniciavam, jamais negando os princípios sagrados do magistério e da técnica, buscando-os onde estivessem, a qualquer preço, sob qualquer sacrifício, e nunca, em tempo e em hipótese alguma, vendendo a honra e a dignidade, mesmo às custas do esquecimento e da marginalização profissional, motivos estes, todos estes, que me impuseram em três momentos distintos da vida a criação e fundação participativa de associações de técnicos, as primeiras no país, dentre todas as modalidades, no intuito de unir professores e técnicos, independente de que escola técnica pertencessem, de que estados fossem originários, se amigos ou adversários e rivais, mas unidos no sonho alcançável de um basquete genuíno e destacado no cenário mundial, e não pasteurizado e previsível como o dos tempos atuais, advogado, empregado e defendido por esta casta de pseudo-técnicos de prancheta que via de regra, tem condenado nossos jovens às humilhantes e repetidas derrotas ante nossos vizinhos, outrora superados por nossa técnica diferenciada e vencedora.

O grande fracasso do nosso basquete não é devido somente à administração de um grego melhor que um presente e seus eleitores federativos, mas também, e em grande parte, a uma plêiade de técnicos comungados e irmanados pela mais devastadora forma de colonialismo cultural, aquele que os fazem escravos incontestes de uma outra cultura, hegemônica, castradora e avassaladora pelo poder econômico, que os fazem sonhar o sonho impossível de alcançar tal plenitude, fazendo-os esquecer, como num torpor coletivo, suas origens terceiro-mundistas, de pobreza crônica e de educação e cultura deficientes e profundamente limitadoras. Uma outra forma de pensar e jogar o grande jogo seria um bom e transformador começo, ou recomeço, pois num passado não tão distante assim conseguimos, apesar de todos os obstáculos acima mencionados, atingir a elite mundial, graças também e além de excepcionais jogadores e jogadoras, a técnicos compromissados com a criatividade, à técnicas audaciosas e ao domínio brilhante no ensino dos fundamentos, que foi, é, e sempre será a base de tudo concernente ao basquetebol. Pena que essa equivocada geração de técnicos negue e desconheça tão claras e transparentes verdades, para infelicidade de nossos jovens jogadores, sempre responsabilizados pelos erros cometidos por quem os deviam ensinar, orientar e liderar pela vida afora. É realmente penoso o testemunho dessa trágica teimosia.

Amém.



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