DÉJÀ VUE…

“Vamos combinar o seguinte, ninguém marca para valer, porque ninguém é de ferro, e quem fizer a última vence o jogo, combinado?”.

E assim foi, principalmente fora do perímetro, onde uma enxurrada de arremessos de três fez estremecer o acanhado ginásio do Pinheiros, que com a má colocação das câmeras sugeria um local despovoado, já que uma das laterais é limitada por um enorme paredão. Patrocinador precisa de muita gente na promoção de seu produto, mas que no caso da Eletrobrás e da Rede Globo não muito, já que solidamente estabelecidas.

E sequer vamos nos repetir ante o imenso e inadmissível número de erros de fundamentos, em se tratando de equipes de elite, mas que nos chocava principalmente pela fragilidade dos armadores da equipe paulista, indecisos entre olhar a bola ou seus companheiros quando driblavam, e os do Flamengo que ao se revezarem na quadra, já que os jogadores de seleção tem de ser “efetivos”, ainda mais com a nova contratação que deve levar mais da metade do orçamento da modalidade, se viam isolados e sem apoio dos pseudo armadores escalados, num retrocesso tático que pode vir a causar sérios estragos em jogos futuros, ou seja, o abandono “forçado pelas circunstâncias contratuais de alguns” da bem sucedida dupla armação da temporada passada.

Isso sem contar as sutis, porém elucidativas evidencias que já começam a se manifestar nos pedidos de tempo, quando a estrela maior não esconde sua insatisfação ao ouvir instruções, se retirando do banco antes que o técnico termine suas observações e o autorize e aos demais jogadores a voltarem para o campo de jogo, isso mesmo caros jogadores, serem autorizados a voltarem pelo responsável e líder técnico. Numa primeira rodada de um longo campeonato é um fato preocupante, ainda mais quando existem antecedentes mais graves ocorridos no último pré olímpico.

Venceu o Flamengo, como poderia ter perdido, num jogo técnico e taticamente idêntico aos dos campeonatos passados, com os mesmos personagens, os mesmos vícios e as mesmas perspectivas futuras.

A NLB e seu NBB, cujo logotipo nos induz às enterradas, que absolutamente não pode ser considerado um dos básicos fundamentos do jogo ( vide a NBA e a Liga Européia que o traduz através o drible), sugerindo aos jovens ser este o ápice performático do jogo, o que o afasta subliminarmente do arremesso clássico, um dos pontos fracos em nossas equipes, que o prostitui numa orgia de arremessos despropositados e desequilibrados de três pontos, que é uma arte para muito poucos, pode e deve se reestruturar à partir da fundamentação técnica e pela procura de novas soluções táticas, tendo para isso a já fundada e divulgada associação de quinze técnicos, cujos altos e reconhecidos padrões de excelência e formação profissional, os capacitam na busca de tão ansiadas conquistas.

Mas não aquelas declaradas por um de seus membros em um programa de televisão, do qual é sócio remido, escalando toda a seleção brasileira calcada nas estrelas européias e da NBA, posição por posição, e afirmando que se fosse escalado iria até Denver, para em dois dias convencer o grande Delfin a defender o sonho de milhões de brasileiros no desejo incontido de vê-lo vestindo a gloriosa camisa nacional, esquecendo no entanto, que o interesse dele é mais voltado a outros milhões, o de dólares. Acredito que esse desejo é muito mais cristalino nele, o técnico, que o de milhões de patrícios, principalmente se for ele a ostentar o cargo que tão zelosamente persegue, numa romaria de fazer inveja aos seguidores de Padim Ciço.

O Novo Basquete Brasil para fazer jus ao nome necessita urgentemente fazer funcionar sua seleta e premiada associação de técnicos, cujas capacitações meritórias são de uma realidade incontestável, para movimentar os demais, desatualizados e esforçados técnicos tupiniquins numa campanha de alto nível, visando a formulação de uma séria escola de técnicos, de uma divulgação virtual do que de mais moderno e avançado possam contabilizar, criar e pesquisar, que venha a reprojetar o atual semi falido basquete brasileiro nos cenários municipais, estaduais, nacional e mais adiante internacional, dentro de parâmetros accessíveis e não envolto em sonhos de afirmações pessoais em torno de nomes muito mais compromissados com suas novas vidas e seus irreais, para a nossa realidade, salários.

Com o controle e a organização dos clubes envolvidos, um bom patrocínio e grande dose de bom senso, a NLB pode e deve levar a bom termo um campeonato que a CBB jamais soube gerir nessa administração, com interesses basicamente políticos e muito pouco técnicos, que é o ponto fulcral do declínio de nossas seleções, pois muito além das hecatombes administrativas, esse fator se deveu em muito ao retrocesso e fracasso no preparo de nossos jovens e na formulação de sistemas técnico táticos nem um pouco compatibilizados às características dos mesmos, ao adotarmos interesseira e pusilanimemente o sistema único de jogo, o prét a porter que nos empurraram goela abaixo nos últimos vinte anos, e que ainda teimam em empurrar mesmo no fechamento ( ou não…) desse triste e abjeto ciclo helênico, que no apagar das luzes inaugura projetos Basquete do Futuro 2009 ( porque não 2010, 11,etc.) em estados do norte e nordeste e mais o atrelado e outrora independente RJ, garantindo seis preciosos votos na eleição de maio vindouro, que seja qual for o resultado em nada mudará o status quo vigente, não fosse a mesma uma autêntica ação entre compadres.

Torço para que a NLB traga um pouco de alento e esperança, e só sinto não ter saído de seus quadros uma quarta via que viesse confrontar o trio candidato, no que seria, em troca da difusão de sub ligas nas cinco regiões do país, uma poderosa plataforma eleitoral de interesse da maioria das federações, donas do produto mais precioso, os votos.

Vida que segue.

Amém.



6 comentários

  1. Suzana 30.01.2009

    Oi Paulo

    Eu achei o jogo pobre. parei de ver depois do segundo quarto.

    abraço!

  2. Basquete Brasil 31.01.2009

    E não perdeu grande coisa prezada Suzana.Infelizmente,por força das analises que me obrigo a fazer aqui no blog,fui até o final, que como afirmei teve o gosto amargo da previsibilidade e obviedade técnica. Um abraço para você também, Paulo Murilo.

  3. Basquete Brasil 02.02.2009

    Idevan Gonçalves | idevan@gmail.com | IP: 200.218.208.14

    Caro, professor, há tempos não deixo um comentário, mas continuo acompanhando.

    Magistral seu registro sobre o jogo inaugural. Vou me ater a apenas um ponto: ao perceber que o Flamengo não reagia, o técnico tirou o pivô pesado (supostamente a grande contratação da temporada) e passou a jogar com dois pivôs extremamente ágeis, o time não só virou o marcador, como abriu vantagem. Posteriormente, o pivô retorna a quadra e o time paulista retoma a liderança da partida. Nos últimos minutos, o técnico carioca volta com a dupla de pivôs ágeis e, enfim, vence a partida. Seria mera coincidência?

    Não é Spam — jan 30, 11:50 AM (3 days ago) —

  4. Basquete Brasil 02.02.2009

    Dirigir estrelas dá nisso caro Idevan, ficam alguns técnicos atrelados a clausulas contratuais de minutos a serem jogados.Este é um dos motivos que não me fazem presente na direção de determinadas equipes, pois comigo jogariam que eu determinasse, e não clausulas contratuais.Mas há gosto para tudo, inclusive submissão. Um abraço,
    Paulo Murilo.

  5. Do sul 04.02.2009

    Tu é chato hein Professor. Só sabe falar na tal de dupla armação. Baby fazendo 28 contra o minas e tu metendo o pau e dizendo que o grande negócio é jogar com dois armadores. De que adianta dois armadores se a maioria dos times não conseguem ter um que cumpra seu papel com louvor.Veja os armadores do pinheiros,veja o armador americano do bauro… Em certos momentos parece que o senhor que acabar com a posição número 5.Não é esse o caminho

  6. Basquete Brasil 04.02.2009

    Prezado Do Sul,no artigo de hoje tomei a liberdade de utilizar esse seu comentariop como tema a ser discutido. Obrigado pela critica. Um abraço, Paulo Murilo.

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