A HOMENAGEM…

Não pude lá estar, acompanhei pela televisão a grande homenagem que os desportistas e o governo de Brasília prestou aos campeões mundiais de 59 no Chile, um merecido preito na passagem do cinqüentenário daquela formidável conquista. Mas me emocionei na visão daquele mar de cabelos brancos, daquelas rugas marcando rostos risonhos e felizes pela lembrança cívica, pelas furtivas lagrimas derramadas com emoção, e pelo exemplo de suas vidas dedicadas ao esporte e ao trabalho honrado. Alguns já se foram, mas aqueles que lá estiveram representaram com honra e dignidade suas sentidas ausências.

Queria eu abraçar o Waldir Bocardo, contemporâneo de quadras no ensino e direção de muitos jovens aspirantes a jogadores, sempre orientados ao estudo e à dedicação aos treinamentos, no Flamengo, na Escola Americana e no seu amado e vanguardista Colégio Estadual Andre Maurois. Assim como relembrar alguns jogos em que o dirigi na equipe principal do Flamengo quando das míticas suspensões do grande Kanela, que sempre me escalava para substituí-lo. E lá ia eu, na flor de meus 26 anos dirigir uma equipe de campeões, que respeitosa e humildemente acatavam minhas instruções e orientações. Foram tempos inesquecíveis aqueles, e que gostaria de relembrar junto ao grande Waldir, agradecendo a honra de sua amizade.

Foi uma festa que nem mesmo a velada vaia dirigida ao grego melhor que um presente, numa significativa negação à sua presença na homenagem, que obrigatoriamente deveria ter partido da entidade que dirige, e não se imiscuir onde nada lhe dizia respeito, manchou o ambiente de paz e reconhecimento aos campeões, fato maior e determinante que o colocou perante sua pequenez como desportista e administrador, repetindo o ocorrido na entrega das medalhas do torneio feminino do Pan, onde foi preterido pelo COB numa solenidade da modalidade em que é o dirigente máximo no país.

Logo a seguir tivemos a continuação do jogo entre Brasília e Bauru, que havia sido interrompido aos cinco minutos para que as homenagens fossem feitas. E a exemplo do jogo de ontem entre Flamengo e Pinheiros, nada de novo ou especial foi apresentado no aspecto técnico tático, o que parece ser uma tendência que se avolumará no transcorrer do campeonato, onde inovar torna-se irrelevante perante o acordo unanimemente aceito por todos de manter o sistema único de jogo como garantia de uma continuidade cujos riscos se tornam administráveis e previsíveis.

Torno a repetir que a LNB poderá levar seu NBB a bom termo no aspecto administrativo, dada às condições de patrocínio e controle total das chaves do cofre, mas que pecará seriamente pela ausência de inovações técnico táticas, a não ser que seu conselho e associação de quinze técnicos resolvam por as fichas na mesa, e passarem a discutir em profundidade o futuro técnico de nosso basquete, que clama por mudanças estruturais, principalmente no preparo e aperfeiçoamento de nossos técnicos de uma maneira geral, novos e veteranos, e na decisiva estratégia visando o preparo de nossas futuras gerações de jogadores e jogadoras, todos na busca de uma identidade perdida nos últimos e tenebrosos vinte anos, frutos de uma colonização exógena desenfreada e suicida.

Mas que não sejam somente aqueles quinze magníficos os responsáveis por tais mudanças, também e conjuntamente a enorme plêiade de ótimos profissionais que vagueiam incomunicáveis por este enorme país, plenos de experiências regionais e amor pelo que fazem e ensinam, pois somente desta forma abrangente poderemos resgatar o que ainda resta de valido e promissor do grande jogo entre nós.

E ainda emocionado pela visão dos grandes campeões, torço do fundo de minha alma pelo soerguimento possível do nosso amado basquetebol.

Amém.



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