DOS 15 AOS 19 ANOS…

Padronizaram o sistema técnico tático das seleções de base, dos 15 aos 19 anos no masculino e no feminino.

Padronizaram a preparação física, os testes de aptidão e performance das seleções de base, dos 15 aos 19 anos.

Estabeleceram que a prioridade nos treinamentos é a assimilação dos sistemas de ataque e de defesa, dos 15 aos 19 anos.

E por decorrência, relegaram a pratica dos fundamentos a um segundo plano, dos 15 aos 19 anos.

Proclamam que muito em breve tais padronizações alcançarão o status de referência para todo o território nacional.

E que tais referências servirão de base didático pedagógica da futura Escola de Treinadores.

E com a continuidade deste nefasto projeto, iniciado na administração do grego melhor que um presente, aceito e incentivado pela administração recém eleita, clínicas serão multiplicadas, onde o conceito de padronização será estendido, dos novos técnicos às gerações indefesas de jovens, dos 12 aos 19 anos, pois tais influências ampliarão as faixas etárias pelo exemplo, num engolfamento asfixiante e criminoso.

E os resultados da crescente derrocada também se ampliarão, pois se ontem e hoje já nos colocamos como terceiros colocados no continente, vislumbramos um amanhã decadente, se não reagirmos veementemente contra essa corriola de pseudos supervisores e técnicos, todos irmanados no principio absolutista de suas pretensas e capciosas lideranças e discutíveis conhecimentos, frutos de indicações políticas e escambos de interesses federativos, arrasando com sua frieza e incompetência aqueles infelizes jovens, dos 12 aos 19 anos.

E o mais absurdo dessa tragédia, é a constatação de que tal padronização sequer é discutida pelos quinze luminares que compõem a associação de técnicos da LNB, cuja auto estabelecida liderança classista, sequer manifesta, por mais tênue que seja, um movimento de unidade congregando os técnicos de todo o país, relegando-os a simples assistentes de suas magnânimas decisões.

Mas páginas e páginas da mídia tradicional e virtual aí estão para transcrever desculpas de maus perdedores, mas de formidáveis marqueteiros que são, todos de olho nas seleções adultas, aquelas a partir dos 19 anos, já padronizadas e pasteurizadas com seus sistemas coreográficos e pranchetados, iguaiszinhos ao imaginário colonizado vindo do norte, sonho de consumo de todos eles.

Esquecem, ou sequer pouco sabem, ou mesmo não se interessam, pelas reais bases que fazem de americanos, europeus, argentinos, e agora uruguaios superiores aos nossos jovens dos 15 aos 19 anos, o pleno domínio dos fundamentos, que por ser uma atividade didático pedagógica complexa, e por tanto ligada intrinsecamente aos muitos anos de experiência, estudo e pesquisa de seus professores e técnicos, e onde o mérito jamais poderá ser suplantado pela política do Q.I, como algo, que por ser trabalhoso e demorado, deve ser postergado e preterido pelos sistemas avidamente padronizados.

Numa nação que tem a dimensão de um continente, com suas diversas influências de um gentio diversificado cultural, étnica e economicamente, padronizar hábitos, comportamentos e atitudes torna-se um exercício inverossímil e de acentuada ignorância. E no esporte, devemos realçar tais circunstâncias que inviabilizam padrões comportamentais e técnicos, dando lugar a uma rica diversificação e vastos horizontes, propiciando descobertas que levarão nossos jovens dos 15 aos 19 anos a amar, pelo conhecimento e domínio de suas técnicas fundamentais e básicas, o grande jogo de suas vidas.

Que os deuses, magnânimos e justos, os protejam.

Amém.



10 comentários

  1. ALEXANDRE MIRANDA 03.06.2009

    Como se voltássemos aos tempos de cartilha “Caminho Suave”. Ignorando os diferentes aspectos do Brasil. Tempos atrás tentei colocar em prática um conteúdo na aula de iniciação ao basquetebol que ministro, exigiria disciplina mental e muita concentração, bem como atitudes propicias.. me frustei quando exigi de todos a mesma disciplina e concentração. Trabalho com crianças de diferente classes sociais e diferentes educações familiares, crianças não estimuladas para o desempenho que estipulei. Se continuasse haveria uma debandada de alunos. Então resolvi fazer algumas pesquisas e avaliações, enfim tratei de mudar a metodologia do trabalho e tentar estimular os “aspectos” do meu conteúdo antes de cobrar o “próprio”. Caso haja uma padronização dos sistemas corre-se o risco de deixar de fora muitos individuos imaturos para o sistema e perder talvez atletas importantes – para aqueles que tenham a profissionalização como fim, e cidadão plenos no seu desenvolvimento – para aquele que cunham ao esporte o valor educacional merecido!

    Professor continue sua luta.. Aguardamos novos temas técnicos-táticos no blog..
    Abraços..

  2. Basquete Brasil 03.06.2009

    (…)enfim tratei de mudar a metodologia do trabalho e tentar estimular os “aspectos” do meu conteúdo antes de cobrar o “próprio”. Isso mesmo prezado Alexandre, exatamente isso.Será que compreenderão tal posicionamento? Creio que não, já que se consideram a última e verdadeira palavra. Vida que segue, e pode aguardar para a semana novos enfoques técnico táticos, prometo. Um abraço,Paulo Murilo.

  3. coach carter 07.06.2009

    Padronização tática foi feita nas categorias de base das seleções argentinas e não foi a toa que eles chegaram onde chegaram. Me pergunto professor, o motivo que faz o professor acreditar que uma padronização tática irá necessariamente deixar de lado a importancia do trabalho de fundamento nos jovens atletas. Uma coisa não necessariamente anula a outra.
    Tenho visto no blog do professor como sempre 99% de críticas a tudo e a todos e apenas 1% de elegios só para variar.

  4. Basquete Brasil 07.06.2009

    Que beleza, um comentário do Coach Carter! Pena que um heteronimo de alguém do meio que não tem peito de assinar o que escreve, o que aliás é corriqueiro nos muitos blogs de basquete na grande rede.Não publico, nem respondo tais mensagens, mas faço hoje uma exceção,
    talvez motivado pela lembrança do Carter, e pela oportunidade de responder, por mais uma vez, o quanto de ignorância campea no seio da modalidade.
    Para começar,os argentinos realmente padronizaram seu basquete desde as divisões de base, mas única e exclusivamente no ensino dos fundamentos indivuduais e coletivos, e divulgação maciça do grande jogo junto à juventude do país,baseado no modelo espanhol de grande sucesso.Muitos “entendidos” confundem os fundamentos coletivos com sistemas de jogo, numa prova contundente de equivoco e desconhecimento frente à realidade do jogo.
    Por aqui, instituiu-se o ensino de um sistema de jogo,calcado na NBA, como base de aprendizado,claro, por ser mais fácil ensinar “chaves” do que fundamentos, pois estes,exigem um grande e profundo conhecimento técnico e comportamental,ao contrario de um sistema somente factível na cabeça de uma geração de técnicos descompromissados com detalhes menores, como os fundamentos, dai apelarem para as peneiras e a busca pela direção de equipes adultas,aproveitando-se do trabalho de formação de outros, que foram sendo relegados a um segundo escalão, e que tendem cada vez mais à extinção.
    Quanto a afirmação de que “uma coisa não necessariamente anula a outra”, cabe-me lembrar que no caso especifico dos jogos coletivos,o sistema de jogo,seja lá qual for somente se torna operacional se esmbasado solidadmente nos fundamentos, sejam individuais ou coletivos,e que mesmo na ausência de um sistema, torna qualquer equipe apta a jogar somente com os mesmos,os fundamentos, fato impossivel, técnicamente falando,na opção contraria.
    Finalmente,1% de elogios é mais do que suficiente pela realidade do nosso basquete, que enquanto contar com técnicos que emitem opiniões apócrifas e ocultados por heteronimos, não passará jamais pelo crivo ético e responsavel daqueles que não temem, de cara limpa,expor e assinar o que escrevem. Paulo Murilo.

  5. Basquete Brasil 09.06.2009

    Acabo de excluir dois comentarios apócrifos do heteronimo Coach Carter, e o farei quantas vezes forem necessárias, pois somente aceito comentarios responsavelmente assinados, e não covardemente anônimos. Me penitencio por ter respondido ao comentario inicial numa exceção indesculpável, mas prometo não voltar a incorrer no erro, em respeito absoluto a todos aqueles que aqui se manifestam democraticamente e que respeitam minhas colocações, mesmo que divergindo ocasionalmemente, mas sempre assinando suas opiniões, como toda pessoa educada e responsavel deve agir.Paulo Murilo.

  6. Fernando Manoel 14.06.2009

    Acompanho a alguns anos as categorias de base.
    Não a nenhuma padronização nem dentro de clubes como, Paulistano, Pinheiros, Esperia, Circulo Militar, Palmeiras,Franca e outro clubes fortes de São Paulo,e não se percebe nenhuma padronização em nenhuma equipe ou federação de basquetebol no Brasil.
    A padronização e apenas, por enquanto, um ¨sonho¨de algumas cabeças que perceberam que deu certo na europa e Argentina.
    Não ha porque se criticar algo que ainda não foi tentado, e se colocar em duvida uma esperiencia que não foi realizada.
    Parabens pela forma elegante e bonita como escreve, mais ha que se estudar e pesquisar mais antes da critica.
    Tecnicos de base, tem como função analisar cada atleta, de forma a valorizar suas qualidades etrabalhar suas deficiências, fazelos conhecer e gostar do basquete, ajudalos no desenvolvimento como atleta e cidadão.

  7. Basquete Brasil 14.06.2009

    Prezado Fernando, a padronização a que me refiro é a técnico tática,aquela forma de jogar e de se comportar espelhada na NBA,com sua formação padronizada em jogador 1(armador), 2(ala armador), 3(ala), 4(ala pivô) e 5(pivô), que é a tônica em todo territorio nacional, da base ao adulto, seleções inclusive.Com as mesmas jogadas,os mesmos sinais,as mesmas setorizações especializadas, o mesmo pragmatismo tático. E como decorrência, o esquecimento dos fundamentos comuns a todos os jogadores, em função de outros específicos, limitando nos jovens o dominio de todos os movimentos básicos, e priorizando aqueles pseudamente orientados às posições.A padronização europeia e argentina foi aplicada e sedimentada nos fundamentos do jogo, em todas as suas nuances e especificidades, e não nos sistemas, ou no sistema único, que é o que viemos fazendo nos últimos vinte anos.E essa realidade prezado Fernando,a qual divulgo e critico, é fruto sim, de muito estudo e pesquisa, principalmente no âmago da formação de todos os jogadores e equipes que formei e dirigi, assim como junto aos professores e técnicos que orientei e ainda oriento,em cursos,palestras,estagios,grupos de estudo, disciplinas universitárias,e artigos aqui nesse humilde blog.Infelizmente as “cabeças sonhadoras”que você menciona estão atreladas à padronização de sistemas, e não a dos fundamentos, como as nações apontadas por você priorizaram, já que ensinar e divulgar sistemas padronizados é tarefa bem mais fácil e acessivel do que ir fundo, muito fundo nos fundamentos do grande jogo. Um abraço, Paulo Murilo.

  8. Fernando Manoel 16.06.2009

    Agradeço a elucidação, como sempre o Prof. Paulo me abre novos meios de ver o basquete.
    Quando coloquei cabeças sonhadoras, e porque não concordo com elas, e acho que até o momento não demostraram conseguir nem o que sonham.
    Obrigado, continuarei lendo e aprendendo com o senhor.

  9. Basquete Brasil 17.06.2009

    Fico feliz com a sua companhia prezado Fernando. Um abraço,
    Paulo Murilo.

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